quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Hoje é Natal!



Hoje é Natal! Dia de celebrar a esperança, de festejar o amor, Momento oportuno para refletir sobre esta história criada por Liev Tolstoi, sobre a origem do Natal. Não pelo seu brilho oportuno decorativo e troca de presentes, nem para agradar a cristãos e pagãos, mas pela simplicidade do acolhimento, atitude nobre em qualquer época do ano, independente da importância de quem será recebido em seu lar, sobretudo, pela grandeza de estar compartilhando o amor.

Conta Tolstoi, um modesto aldeão havia tido um sonho de que Jesus Cristo iria visitá-lo naquele dia. Para esperá-lo preparou uma saborosa sopa a base de repolho que tanto gostava. Inesperadamente naquele dia tão importante de sua vida, caiu uma violenta tempestade de granizo e neve.

Vendo as condições ambientais do momento, enquanto preparava a sopa, seguidamente ia até a janela verificar se Jesus estava chegando para abraçá-lo em sinal de boas-vindas, aquecê-lo com o alimento que preparava com tanta dedicação e regozijo.

Considerando sua preocupação pelas condições climáticas e a certeza da chegada de Jesus, através da janela avistou ao longe, na estrada, um pobre vendedor ambulante, que conduzia às costas um fardo bastante pesado. Recebeu-o, alimentou-o e o aqueceu, só permitindo sua partida depois de constatado suficientemente forte para seguir sua jornada.

Passado algum tempo, avistou uma mulher na estrada coberta de neve. Sem perda de tempo a levou para dentro de sua cabana, fez com que se sentasse próximo à lareira. Com atencioso carinho, alimentou-a e a fez se embrulhar em sua própria capa.

Já desanimado com a chegada do tão esperado encontro com Jesus, de longe, percebeu uma criança que se encontrava perdida, quase congelada pelo frio. Com a mesma dedicação que acolheu os outros dois moribundos, também prestou a mesma atenção à criança.

Cansado e desolado, o aldeão sentou-se e acabou por adormecer junto à lareira. De repente, uma luz radiante, cujo brilho não vinha da lareira, iluminou todo o ambiente. Quando surgiu diante de si, sorrindo o Senhor, envolto em uma túnica branca.

– Ah, Senhor! Esperei-O, o dia todo e não aparecestes, lamentou-se o aldeão. Jesus lhe respondeu:  Hoje por três vezes, visitei tua cabana. O vendedor ambulante que socorrestes, aquecestes e deste de comer, era Eu! A pobre mulher, a quem deste a capa, era Eu! E a criança que salvaste da tempestade, também era Eu. O bem que a cada um deles fizestes, a mim mesmo o fizestes!

Portanto, O verdadeiro significado do Natal é a celebração do amor. Ajudar as pessoas que necessitam, prestando-lhes o auxílio necessário, mesmo que seja com um simples sorriso. É estar em paz consigo, mantendo viva a presença de Jesus Cristo em nosso coração, em nosso lar. É estar sempre fazendo o bem. Saber reconhecer aqueles que de fato precisam da nossa ajuda, acolhendo-os com simpatia e o sorriso farto.

Um desafio que devemos abraçar sem o critério de seleção. É sermos fieis aos nossos amigos sinceros que caminham conosco e até dividem o peso da nossa cruz, para nos aliviar os ombros a fim de que, recobremos nossas forças. Reconhecer e pedir perdão a alguém que por algum motivo tenhamos nos desentendido, magoado ou ferido.

Vamos preencher nossa vida com atos de amor, tornando as outras pessoas felizes. Fazer deste Natal um momento inesquecível e permanente em nosso coração. É hora de estendermos as mãos, de perdoar, de abraçar. Conhecer com maior interesse e dedicação Aquele que deu origem ao Natal. Aquele que dá amor e alegria a milhões de seres carentes de afeto e atenção.

O texto mensagem “Sabedoria”, que você irá se maravilhar, não tem o mesmo sabor da sopa do aldeão russo, mas com certeza, o significado não se distancia. Contém nas suas entrelinhas, exemplos que se considerarmos observando nossas limitações, nos fará sentir que em algum momento estaremos diante de uma encruzilhada, na qual temos que decidir qual caminho seguir. Para estarmos cientes do quanto é importante compreendermos as vicissitudes da vida seja elas quais forem, mesmo nos encontrando diante de uma situação considerada insolúvel, de um devastador tsunami pessoal ou de uma tragédia grega existencial. Nada é impossível tendo Jesus Cristo ao nosso lado.

Aproveito para desejar a ti e sua família um Natal com muito amor e, a presença constante de Jesus Cristo vivo na sua vida e no seu coração; nos seus atos e caminhadas; na digital do seu sorriso cordial e renovador. O Ano Novo. Ah, o Ano Novo! Que seja abençoado e feliz!

Caso achar conveniente, seu comentário será muito bem-vindo. Abraço fraterno, e vamos que vamos... Feliz Nataaaaaaaaal!!!


Sabedoria



Conta-se que num país longínquo, há muitos séculos, um rei se sentiu intrigado com algumas questões. Desejando respostas para tais preocupações, resolveu estabelecer um concurso, no qual todas as pessoas do reino poderiam participar.

O prêmio seria uma enorme quantia em ouro, pedras preciosas, além de títulos de nobreza.

Seria premiado quem conseguisse responder a três questões: Qual é o lugar mais importante do mundo? Qual é a tarefa mais importante do mundo? Quem é o homem mais importante do mundo?

Sábios e ignorantes, ricos e pobres, crianças, jovens e adultos se apresentaram, tentando responder às três perguntas.

Para desconsolo do rei, nenhum deles deu uma resposta que considerasse satisfeito.

Em todo o território, um único homem não se apresentou para tentar responder os questionamentos. Era alguém considerado sábio, mas a quem não importava fortunas, nem as honrarias da Terra.

O rei convocou esse homem para vir à sua presença e tentar responder suas indagações. E o velho sábio respondeu a todas:

O lugar mais importante do mundo é aquele onde você está. O lugar onde você mora, vive, cresce, trabalha e atua. Esse é o lugar mais importante do mundo. É ali que você deve ser útil, prestativo e amigo, porque esse é o seu verdadeiro lugar.
  
A tarefa mais importante do mundo, não é aquela que você desejaria executar, mas aquela que você deve fazer.

Por isso, pode ser que o seu trabalho não seja o mais agradável e bem remunerado do mundo, mas é aquele que lhe permite o seu próprio sustento e o da sua família.

É aquele que lhe permite desenvolver as potencialidades que existem dentro de você. É aquele que lhe permite exercitar a paciência, a compreensão e a fraternidade.

Se você não tem o que ama, importante que ame o que tem. A mínima tarefa é importante. Se você falhar, se omitir, ninguém a executará em seu lugar, exatamente da forma e da maneira que você o faria.

E, finalmente, o homem mais importante do mundo é aquele que precisa de você, porque é ele que lhe possibilita a mais bela das virtudes, a caridade.

A caridade é uma escada de luz. E o auxílio fraternal, é a oportunidade iluminativa. É a mais alta conquista que o homem poderá desejar.

O rei, ouvindo as respostas tão ponderadas e bem fundamentadas, o aplaudiu agradecido.

Para sua própria felicidade, descobrira um sentido para a sua vida, uma razão de ser para os seus últimos anos sobre a Terra.

Conclusão: muitas vezes pensamos em como seria bom se tivéssemos nascido em um país com menos inflação, com menos miséria, sem taxas tão altas de desemprego, gozando de melhores oportunidades.

Outras vezes nos queixamos do trabalho que executamos todos os dias, das tarefas que temos, por achá-las muito ínfimas, sem importância.

Desejamos que determinadas pessoas, importantes, de evidência social ou financeira pudessem estar ao nosso lado para nos abrir caminhos.

Contudo, tenhamos certeza: estamos no lugar certo, na época correta, com as melhores oportunidades, com as pessoas que necessitamos para nossa evolução.

Pense nisso. Pense agora!

Texto mensagem do Momento Espírita: “Sabedoria”, de autoria ignorada, publicado no mensário espírita O sol nascente, de setembro/2001, nº 390, ano XXXII e no verbete  “Sabedoria”, do livro “Repositório de sabedoria”, v. 2, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. Em 13.2.2013.


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Imagens ilustrativas: Banco de Imagem e internet


terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Mel da Tâmara


Caminhando pelo Saara de sua subsistência, um beduíno errante, conhecido em toda dimensão do deserto por Sharif, resolve entregar-se ao descanso dos deuses. Merecidamente, afinal naquele dia já havia viajado por horas sob o sol causticante na sua seara de amor, lutas e conquista. Seu corpo carecia de repouso e seria ali, debaixo da tamareira o lugar ideal para repor energias. Assim, no oásis de seus encantos, sob a sombra fresca da tamareira, na solidão do pastoreio, cogitou instalar-se ali, expectante que o céu azul turquesa do momento, mostrasse no horizonte dos seus olhos reluzentes, o pôr-do-sol cheio de presságios bondosos, uma visão poética do sol se escondendo atrás das dunas, as quais ele se negava a não contemplar.

Cobrindo sua cabeleira, um turbante nácar expunha sua genialidade e sua elegância. Com o pensamento flutuando no universo das recordações, vagou por épocas belíssimas remetendo-se à sua infância junto à família, aos primeiros aprendizados e lições recebidas. Acessou fragmentos de sua jovialidade e, num estalar de dedos, surgiu na sua mente requintes de um acontecimento que marcou sua vida, suas ações, seu respeito à natureza e de quem dela abastece as necessidades do corpo: o sabor adocicado da tâmara, feito a essência de mel suave. Sua boca salivou sentindo o prazer do seu sabor. Nesse momento, já no acalanto da noite, olhou para o céu todo iluminado por uma constelação de luzes proféticas, agradeceu ao Divino as bênçãos concedidas e se entregou à meditação.

Oh, como é perfeita a obra do Criador! Sonorizou num estufar do peito e deliciou-se com o momento. Só ele e uns poucos conheciam a felicidade de sentir aquele sabor inenarrável, e dormir sentindo o aconchego de uma tamareira bem no abstrato mundo das ilusões, dos sonhos e da esperança. Abriu preguiçosamente os braços, bocejou calmamente, cerrou os olhos, com a alma vigilante descansou o corpo dolorido pelas viagens da sua vida.

Durante o sono, transmutou-se para outra realidade, alvissareira e enigmática. Atraído pelos devaneios da mente, encontrou-se com Malba Tahan. Pela fluidez dos sentidos, tornou-se impossível não divisar-se frente a frente com o homem que calculava: Beremiz Samir, o gênio dos cálculos. Beremiz exercitava com tanta determinação sua capacidade de fazer cálculos que, aproveitando dessa sua faculdade tão extraordinária, resolveu ajudar o seu patrão nos negócios com as tâmaras. Passou então, a contar todos os frutos dos cachos das tamareiras pelos oásis sob o seu domínio. Sua habilidade com a matemática era tão fascinante, que já o havia permitido contar os pássaros em bando no céu; folhas das árvores durante o trajeto de sua viagem à Bagdá do Século XIII; e todas as abelhas de um enxame.

Sharif, nômade por ideal e origem, conhecia muitas histórias e lendas sobre as tamareiras e o seu fruto. Na sua maioria, contadas por diferentes etnias, pesquisadores e andantes do árido deserto. Orgulhava-se de narrar aos viajantes menos esclarecidos às vantagens, curiosidades, e as crenças religiosas que elas representam para os povos da imensidão desértica.

Não era um estudioso, tampouco conhecia de botânica, muito menos havia sentado num banco escolar tradicional. Sua sabedoria vinha de uma mente prodigiosa, adicionada as experiências da vida adquiridas nas suas andanças pelo deserto escaldante e, de ter aproveitado as oportunidades como ouvinte se informar de assuntos diversos travados entre os inúmeros desconhecidos que encontrara pelo caminho. Com esse estranhos, embora mestres por experiências vividas, pode absorver cada detalhe das suas histórias contadas, tendo como cenário o deserto e suas inóspitas surpresas. 

Mesmo na sua maneira simples de expressar, Sharif dava “show” de conhecimentos e se envaidecia com o prazer de poder compartilhar o seu saber, abordando os fatos com maestria e singularidade. Atitude digna de uma pessoa que realmente fazia justiça à sua personalidade de incansável desbravador de conteúdos. Focava com desenvoltura os temas relativos ao deserto, desde o “b a bá” até as mais notáveis histórias de outras civilizações.

Ao se despertar-se do sono reparador, surpreendeu-se diante de si, uma pequena comitiva de mestres e alunos em viagem de estudos, desenvolvendo os seus primeiros trabalhos “in loco”, com a finalidade de absorver experiências além dos livros. Assim que o viram deitado na tranquilidade que lhe era permitido, sorvendo a embriagante aragem da manhã, aproximaram-se cordiais, na tentativa de manter segura aquela oportunidade rara: estarem frente a frente com o homem símbolo daquele território. Apresentaram-se, em seguida indagaram se ele estava disposto para conversar e revelar algo relevante dos seus conhecimentos a respeito do Saara, sobre o qual tão bem conhecia. 

Com muita disposição se prontificou a colaborar. Para ele era um prazer fazer aquele obséquio. Ao começar os seus relatos, coincidência ou não, com o sonho que acabara de vivenciar, escolheu como tema a tamareira. Sua importância na vida dos povos do deserto, outro mundo exclusivo dos bravos e destemidos de raça e fé. Seria uma forma de agradecer as tantas vezes que aquela majestosa palmeira, havia lhe dado o alimento tão necessário, conforto e o bem estar de sua sombra.          

Lembrou-se providencialmente da página de uma revista americana, guardada com muito cuidado nos seus alforjes, sobre a qual um sábio viajante a traduziu para ele. Pegou o papel já amarelado, mostrou a cada um, para que não houvesse dúvida quanto a veracidade dos fatos, contou o seu conteúdo, que dizia entre outras informações, uma que considerou muito importante: “Segundo a FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação - os países asiáticos e africanos, principalmente Egito, República Islâmica do Irã, Arábia Saudita, Paquistão, Iraque e os países vizinhos juntos, produzem aproximadamente 98% das tâmaras do mundo. Estados Unidos, Espanha e México produzem o restante”.

Acrescenta a metéria, que as tâmaras são um cultivo de subsistência de extrema importância em quase todas as regiões desérticas. Para milhões de pessoas constituem um importante alimento nutricional, vindo a contribuir de forma significativa com a cultura alimentar e a agrobiodiversidade da população.     

A partir daí, o assunto foi fluindo naturalmente, deixando evidente o seu vasto conhecimento. Esclarece ainda o simpático beduíno, que a tamareira é uma espécie de palmeira, que nasce nas alturas, símbolo de retidão e vitória. Crescem para cima e para baixo, suas raízes descem as mais profundas camadas, até encontrar solo rochoso onde se abraçam nas rochas, adquirindo força para suportar os fortes ventos e tempestades do deserto, mantendo-se sempre de pé.

Fazendo-se valer dos seus conhecimentos científicos, adquiridos através do convívio com intelectuais do deserto, e pela sua sede pelo saber, continuou dizendo que a tamareira ou datileira – Phoenix dactylifera – é uma planta de quinze a vinte metros de altura, surgindo às vezes em touças, com vários troncos partilhando o mesmo sistema radicular, ainda que, não pertencendo a mesma touceira, mas de forma isolada. As folhas são frondes pinadas, com até três metros de comprimento, pecíolo espinhoso e cerca de 150 folíolos. Cada folíolo tem por volta de trinta centímetros de comprimento e dois centímetros de largura. Quando terminou, todos se entreolharam incrédulos com o que acabaram de ouvir, principalmente por ter partido de um simples homem do deserto.

Concluído sua explanação, por meio da manifestação dos gestos de suas mãos, apontou para todas as tamareiras que se exibiam elegantes no oásis em que se encontravam. Insatisfeito com o seu argumento, resolveu não dar por terminada sua fala. Então, disse a todos, que alguém o havia informado certa vez, sobre um pesquisador brasileiro, doutor em melhoramento de vegetais de nome Manoel Abílio de Queiroz, membro do Centro de Pesquisas Agropecuárias do Trópico Semi-Árido e o Centro Nacional de recursos Genéticos, órgãos de estudos da Embrapa, no Estado de Pernambuco, o qual havia dito que: “Uma boa  surpresa foi à adaptação da planta no sertão. Começou a dar frutos com quatro anos depois de plantada. No Oriente Médio, isso acontece aos oito anos”. Acrescentou ainda que, além do fator econômico, a tamareira também oferece vantagens ambientais. Elas fertilizam o solo, suavizam a temperatura e interrompem a progressão das zonas em processo de desertificação.

Demonstrando serenidade, atitude comum nos contadores de histórias, Sharif disse que a tamareira é uma planta bastante cultivada há milênios pelos seus frutos comestíveis. Sua área natural de distribuição é desconhecida, mas supõe-se sua origem ter surgida nos oásis do deserto  da região norte africana.

Há controvérsias, algumas pessoas, acreditam sua origem é do Sudeste da Ásia. Talvez por terem servido de alimento e abrigo aos egípcios, babilônios e assírios. Há também aqueles fervorosos nas suas crenças religiosas, que afirmam ter Moisés se servido do seu fruto na sua saga de encontrar a Terra Prometida. Aos seguidores do islamismo e sua fé a Allah, acreditam que o profeta Maomé na sua cruzada pelo deserto, teve nas tâmaras o seu principal alimento.

Mesmo depois de ter prestado ricas informações, ainda não satisfeito, Sharif resolveu enveredar-se mais uma vez no conhecimento científico, ao dizer que a planta se trata de uma espécie dioica, apresentando na sua genética, flores masculinas e femininas responsáveis pelo nascimento de palmeiras diferentes. Sendo que, só as fêmeas produzem frutos, polemizados pelo pólen fornecido pelos machos.

Continuou seu relato já em estado de exaltação. Estar ali, conversando com pessoas tão ilustres, ressaltando suas experiências, disse sem se hesitar: “Segundo informações provenientes de alguns comerciantes brasileiros e de um livro que mantenho entre os meus guardados, traduzido para o idioma árabe pela Universidade do Cairo. As primeiras plantas da tamareira foi introduzida no Brasil, há muitos anos. Porém estudos sistemáticos realizados com o sua utilização para o cultivo, revela que, o primeiro registro de sua introdução data de 1928, quando algumas fontes reprodutivas chegaram a São Paulo. Na época, alguns estudos foram realizados na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, onde foram originadas algumas variedades”. De forma instintiva, Sharif, imediatamente de posse do livro, abriu na página desejada, comprovou o seu relato.  

Depois de uma breve pausa e uma boa respirada, Sharif quis certificar-se se seus atenciosos ouvintes tinham alguma dúvida, ou se estavam satisfeitos com cada detalhe abordado. De repente começou a sorrir provocando a curiosidade de todos. Misturando palavras desconexas com o seu riso, passou a contar a história de um laociano de nome Sansunnang Vaiollang, vindo da região de Luang Prabang no Laos, justamente o local considerado pela UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade.

Conta Sharif que o "laociano Sansunnang, de posse de uma foto em que, se estampava várias tamareiras de sua terra, olhou para as nossas palmeiras aqui do deserto, começou a dar gargalhadas sem explicação. Depois de muito tempo, foi que entendeu o motivo de tanta graça. Simplesmente porque as tamareiras de sua terra eram anãs. Ele brincou com a situação dizendo que as da sua região eram muito jovens, mas que um dia seriam tão grandes quanto as nossas. De repente mudou sua jeito divertido, para uma aparência demonstrando seriedade, começou a me contar como se fosse realmente um grande entendido no assunto. Disse ele, que a tamareira anã – Phoenix Rebelenni O’Brien – é uma pequena palmeira originária da sua região na Ásia. Ela é largamente cultivada como planta ornamental nos trópicos e nas regiões subtropicais e temperadas. Possui estipe de dois a quatro metros de altura e cerca de dez centímetros de diâmetro", conta.

Acrescenta: "As plantas femininas ocorrem geralmente agrupadas em grandes touceiras. Seus frutos alongados, com aproximadamente um centímetro e meio de comprimento, são numerosos e de coloração variando de vinho a preto quando maduros." Terminou sua exposição mostrando-se uma pessoa além do senso de humor à flor da pele, um grande caráter, completa Sharif.

Além das lendas e histórias de conteúdos mágicos, o atencioso beduíno, contou aos curiosos que a tamareira é considerada árvore sagrada e mágica há milhares de anos. No Egito era uma espécie sagrada, a folha símbolo do deus Heh, que representa a eternidade. Mais tarde, passou a ser símbolo de fecundidade, fertilidade e vitória.

As tâmaras também são usadas como doces ou como quitutes afrodisíacos. Os egípcios as comiam antes de fazer sexo. E ainda, tem como lenda a relacionada ao desterro da Virgem Santíssima no Egito, em que, Maria havia procurado abrigo e descanso sob a sombra de uma tamareira, a qual se inclinou para que as tâmaras ficassem ao alcance de suas mãos.

Sharif sem perder o ritmo sempre atencioso com os seus ouvintes, mestres e estudantes que deixaram sua Universidade em busca de conhecimentos fora dos padrões de ensino desenvolvido dentro do próprio Campus Universitário. Pelo que demonstravam, pareciam estar em estado de graça com suas maneira de contar sobre a palmeira e seu fruto, quando mencionou a importância dos Paleontólogos, os quais também deram sua contribuição na rica história das tâmaras.

Segundo esses pesquisadores incansáveis, uma semente com cerca de dois mil anos, foi encontrada nas escavações realizada em 1963, no deserto da Judeia. Esta preciosa descoberta foi plantada por cientistas israelenses e germinou, segundo artigo publicado na revista especializada Science. A região é a mesma da antiga fortaleza do rei Herodes, em Masada, perto do Mar Morto.

Na ocasião, os cientistas encontraram um grupo de sementes, que as mantiveram em uma sala com temperatura ambiente adequada, na intenção de estudá-las mais a fundo. O lugar era famoso por suas tâmaras com propriedades medicinais e principal produto de exportação da região hoje ocupada por Israel.

O simpático beduíno Sharif observou atentamente a todos, depois olhou para o alto e notou quão tinha passado o tempo. O sol já estava no auge de seu posicionamento no céu, foi quando teve noção de que a conversa que seria para poucos minutos, já se passara pelo menos um quarto do dia.

Embora os mestres e estudantes estivessem satisfeitos e impressionados com os requintes dos esclarecimentos, fez questão de encerrar sua fala com algo lúdico, contando que Ali Babá e os Quarenta Ladrões também se beneficiaram tanto da doçura do fruto quanto do repouso de sua sombra nas imediações da caverna encantada de Sésamo.

Agora sob os encantos de Mil e Uma Noites de imagens e conteúdo. De ter falado pra uma turma de elevados padrões culturais, aquele seria o momento ideal para colocar-se a caminho de sua jornada. Não sabia quanto tempo duraria, mas tudo bem, já havia descansado por sete sois e sete luas. Assim o dever o aconselhava cumprir sua missão e seguir adiante.

Este relato bem que poderia ter sido apresentado por um dos alunos presentes naquele dia de memorável aprendizado e, servido de subsídio para sua tese na Universidade, sobre vegetais do árido e semi-árido.

No entanto, se algum dia encontrar um beduíno com as características de Sharif procure-se aproximar dele. Se não for o próprio Sharif, não maldiga falta de sorte. Todos os povos do deserto têm lindas histórias pra contar. Verá que existe doçura no olhar e nas atitudes dos pacíficos de alma, bondade cultural da sua raça e no mel da tâmara.



Nota: Esta crônica Mel da Tâmara já esteve disponível aqui mesmo no Bússola Literária, desde 26 de setembro de 2009. Agora resolvemos dar uma repaginada e, revivê-la com várias modificações no seu texto original. Quem sabe também, seja o momento para que sirva como objeto de discussão num fórum de debates, abrangendo não só o seu conteúdo sob forma de pesquisa, mas literário e ortográfico.


Imagens exclusivas por Neli Vieira: ilustradora, artista plástica, escritora e poetisa.

Texto baseado de excertos compilados na internet.



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domingo, 8 de novembro de 2015

O fabuloso encontro com os gnomos



Já era noitinha, a chuva caía implacável. Ventos fortes balançavam com violência os galhos das árvores; trovões ecoavam semelhantes a tambores de alguma comunidade primitiva e os relâmpagos riscavam o céu desenhando o medo e a apreensão entre os habitantes de Natal, pequeno lugarejo situado num país chamado Felicidade. Toda a iluminação elétrica havia acabado, e a escuridão dominava acentuando ainda mais a sensação de terror. 

O ano é 2007, João Vitor, garoto de 08 anos, além de muito ativo e inteligente para sua idade, tinha seus improváveis sonhos, provindos da sua mente prodigiosa e o gosto pela leitura. Contos de Fadas eram suas histórias preferidas. E os gnomos seus heróis. Difícil explicar sua predileção por esses seres distantes da realidade de onde nascera e muito mais distante da possibilidade de um dia poder estar frente a frente com essas pequenas criaturas da ficção infantil.

Naquele momento torrencial não se podia fazer nada, senão aguardar o temporal passar. Enquanto isto, seus pais Guilherme e Jordana, com muita calma e insistência conseguiram levá-lo à sua cama e com paciência fazê-lo dormir. Depois de muito revirar de um lado a outro sobre o lençol já desfeito pela sua inquietação, adormeceu. Mesmo convivendo com um sono atribulado, sonhou caminhando pelos cômodos de sua casa.

No seu sonho, à medida que passeava pelos cômodos, olhava os móveis sem nenhuma novidade aparente, exceto um detalhe. Quando aproximou-se da porta que permitia a saída para o quintal, assim que a abriu, deparou-se diante de si, uma surpresa inexplicável e encantadora. Uma linda e colorida estrada divisou-se à sua frente. Em suas margens flores diversas davam o tom da beleza distribuindo encanto e cores. No céu azulado algumas nuvens e vários pássaros se exibiam enobrecendo aquele cenário mágico.

Todo aquele esplendor expressava a dimensão da sua admiração. Seu corpo permanecia estático, feito a uma estátua de bronze. Entretanto algo inexplicável o impedia de seguir adiante. Atraído pela chama da sua curiosidade incendiando o seu desejo de poder tocar, pisar e caminhar por aquela estrada colorida, até aonde sua vista alcançasse, não resistiu.

Por um impulso incontido, começou a caminhar, caminhar e caminhar... Depois de algum tempo, ao longe avistou a silhueta, semelhante uma miragem de um bosque. Pela distância não permitia uma definição clara, nítida. Contudo, sem desanimar continuou a andar. Precisava constatar aquela visão incompreendida. Quando estava bem próximo, pode verificar que realmente tratava-se de um majestoso bosque.

Enfim, chegou. Com os sentidos apurados de uma criança, deliciou-se com o aroma e as variadas tonalidades de verde, as quais tornavam aquele lugar um enigma a ser desvendado, a ser explorado e registrado como sendo uma bela descoberta. Uma nova história geográfica estaria ali intacta e instigante, pronta para ser explorada.

Nesse instante, de sobressalto, acordou. Mesmo assim, o sonho continuava ali, na sua mente. No entanto, uma lembrança havia ficado registrada e martelando-se insistente em sua cabeça: a estrada colorida, o bosque e os seus mistérios. Levantou-se, fez sua higiene pessoal e sua alimentação matinal. Em seguida caminhou até a porta, a mesma porta de antes, agora aberta para o seu mundo real. A presença soberana de luz e esplendor do sol transpirava alegria e as aves respondiam agradecidas.

Olhou atentamente o quintal e sentiu o desejo de caminhar para verificar cada detalhe daquele ambiente que tanto conhecia. E a estrada colorida? E o bosque? Os pássaros estavam ali, cantando e voando de árvore em árvore, porém nada de diferente, nada de extraordinário. Sua inquietação não tinha limites, precisava desvendar o porquê do sonho. Seria ele apenas uma imagem sem importância retratada num sonho ou um enigma a ser interpretado? Estas questões ansiavam por resposta.

Depois de ter percorrido toda a área, de repente começou a sentir o vento de mansinho tocar o seu corpo, o qual foi se intensificando gradativamente até se tornar forte e austero. Em seguida uma deslumbrante imagem colorida foi se materializando à sua frente, transformando-se na bela estrada e o vento, antes severo, foi se declinando perante aquela beleza indecifrável. Permitindo apenas que a estrada tivesse espaço à magia expressiva de sua visão, que mais parecia um portal sugerindo passagem para outro universo, para um novo paraíso que se modelava diante de si.

Como no sonho que tivera, João Vitor impulsionado pelo poder de sua curiosidade e da oportunidade de conhecer outra realidade, começou a andar sobre aquele deslumbrante caminho que iria levá-lo sabe-se lá onde. Assim, sem medo, caminhou sem se preocupar com a família, e até em que circunstância sua ausência poderia causar aos pais.

Novamente estava ele diante de uma realidade envolvida em mistérios. Diante de um lugar com exuberante beleza, totalmente diferente de qualquer outro que jamais imaginara. Até onde suas vistas alcançavam brilhava um novo horizonte indescritível. A paisagem se assemelhava aos Contos de Fadas e as várias espécies vivas da magia das fábulas estavam ali diante de si.

Extasiado com o que presenciava, procurou um lugar seguro para se sentar. Precisava colocar a mente para funcionar com lucidez, precisava entender o que estava lhe acontecendo. Por um longo tempo ficou somente contemplando o que podia ver e a imaginar o que viria em seguida. Após tranquilizar sua emoção momentânea, levantou-se lentamente e continuou a seguir o seu destino.

O tempo foi passando e a sua caminhada seguia com a determinação de quem não pretendia desistir nunca. Já cansado, avistou do alto de uma colina um fio de água que a princípio parecia uma cascata, todavia não tinha certeza, precisava se aproximar mais. A alegria não tardou a se fazer presente, manifestada na sua face suada e queimada pelo sol que insistia a manter-se forte. Era de fato não apenas uma modesta cascata, mas uma cachoeira. Uma enorme cachoeira. Nesse momento o seu instinto de curiosidade falou mais alto, e começou a correr em direção daquela magnífica queda d’água, localizada num lugar de inesgotável beleza.

Ao se aproximar primeiro sorveu daquela transparente e deliciosa dádiva de Deus. Como uma autoridade do lugar mergulhou e se esbaldou com a temperatura daquele presente abençoado, daquele elixir da vida. Admirou por um bom tempo a cachoeira que ao despencar das alturas, transformava num spray de água, pulverizando gentilmente as plantas próximas, até arrebentar-se nas pedras e no poço que indicava ser profundo.

Permaneceu por ali algum tempo gozando do seu descanso merecido e alimentando-se das saborosas frutas nativas encontradas naquele aconchegante ambiente que a natureza cuidou com esmero. Assim que se sentiu refeito do cansaço, colocou-se novamente a caminhar rumo ao seu ignorado destino, embora sabendo que o levaria a algum lugar. E foi isto que de fato aconteceu. De repente sentiu um arrepio percorrer o seu dorso, parecendo um aviso vindo de forma vibratória, enviado pelo seu anjo da guarda.

Estava o menino sonhador agora sendo espiado e acompanhado por olhos curiosos encobertos pelas folhagens. Mesmo não sendo possível identificá-los, sabia estarem ali à espreita e algo inevitável iria acontecer a qualquer momento. Evitando transparecer medo, continuou caminhando determinado, ainda que, o coração denunciava não estar tão seguro e confiante como pretendia.

Alguns metros percorridos, eis que a surpresa mostra sua cara. Estava completamente cercado por pequenas criaturas vestidas com roupas coloridas, destacando mais o verde musgo, o vermelho e o amarelo. Usavam chapéus tipo cone também em cores variadas na cabeça, cinto largo à cintura que minimizava o tamanho da barriga. O mais curioso é que, não portavam armas convencionais de defesa, como faca, arco e flecha, borduna, lança. Enfim, estavam aparentemente indefesos.

A primeira impressão foi que, além da coragem demonstrada, como pretendiam se comportar caso tentasse sair correndo, que seria o mais provável? E se por acaso os enfrentasse em busca de liberdade? Entretanto, a astúcia rápida do menino sonhador fez com que, aguardasse o desvendar dos acontecimentos.

 Havia medo, mas também, existia a curiosidade que o prendia aquele povo somente conhecido nas suas leituras, sobre os quais, já havia até imaginado tratar-se dos gnomos. Criaturas pacíficas, porém hábeis em poderes sobrenaturais.

– Quem são vocês? – Quis saber João Vitor, demonstrando aparente tranquilidade.

De repente as pequenas criaturas começaram a falar ao mesmo tempo, numa linguagem que o garoto não conhecia.

Insistiu novamente João Vitor: – Quem são vocês?  

Houve um silencio geral... Até que, um dentre eles, fez-se sobressair e respondeu no seu idioma, sendo possível entendê-lo: – Somos os moradores deste lugar.

João Vitor, sem demonstrar qualquer reação, sentiu-se aliviado. Poderia conversar no seu idioma e ainda questionar dúvidas quanto à origem daqueles seres, que no seu simples conhecimento, tratava-se dos gnomos.

– Como foi que eu vim parar em suas terras? – Indaga João Vitor.

Respondeu o atencioso gnomo que havia se prontificado ao diálogo: – Estivemos em seu sonho. Sabemos que gosta de nós, e nos tem como heróis. Então fizemos uma reunião e resolvemos trazê-lo para nos conhecer. Esperamos que a partir deste momento, possa além de gostar e ter nos honrado com o título de herói, nos entender, nos conhecer bem de perto, olho no olho.

– Ah! Então o meu sonho desta noite foi com vocês? Mas não vi a presença de ninguém a não ser a estrada que segui hoje. – Explica João Vitor. 

O sonho foi um convite, a estrada mágica é a maneira mais fácil de nos encontrar. Sabíamos que não desistiria, portanto, achamos que valeria o sacrifício percorrer esta longa e cansativa caminhada. – Esclarece o gnomo. 

– Posso saber o seu nome? Você é o líder ou chefe destes outros? – Quis se informar João Vitor.

– Eu me chamo Vitorychy. Não sou o chefe. Temos um rei que se chama Davyrychy. No momento oportuno vai conhecê-lo. – Diz o gnomo.

– Como sabe o meu idioma? – Questiona João Vitor.

– Conhecemos todos os idiomas. Basta um primeiro contato. Temos facilidade de ler à mente de todos os seres vivos, como os animais, os pássaros, as águas, as plantas, o vento, o homem. Também podemos conversar com os seres inanimados, como a terra, as pedras, as montanhas. Enfim, podemos conversar com toda a criação de Deus. – Explica o gnomo Vitorychy.

Estas explicações aguçaram ainda mais a curiosidade do menino sonhador: – Faz tempo que vocês estão me observando? Sabem até as minhas preferências... 

– Faz tempo sim. Desde que você nasceu pra ser mais claro. Em todos esses anos estivemos te protegendo, te ensinando, melhorando o seu caráter e sua personalidade em cada detalhe. Portanto, tem mostrado para nosso orgulho, ser o que gostaríamos que fossem as demais pessoas de sua espécie. – Disse Vitorychy demonstrando satisfação.

Vitorychy aproveitando a oportunidade, uma vez terem feito entendidos, propôs: – Com sua permissão, gostaríamos de dar um “Ôbaaa!” de boas-vindas pela sua visita à nossa comunidade, à nossa terra.

– Mas claro! Será um grande prazer. – Respondeu o menino sonhador, sorrindo.

– Vamos todos de uma só vez – bradou os demais gnomos: “Seja bem-vindo nosso amiguinho João Vitor!!!” 

O menino sonhador diante daquela recepção emocionante aplaudiu em grande gargalhada.

– Bem...! Agora que já se tornou conhecimento da nossa existência, ser querido e admirado por todos nós, vamos ao encontro de nossa gente, conhecer o restante da nossa família. – Convida Vitorychy.

Juntos saíram em direção ao novo e expectante encontro. Pouco tempo foi o suficiente para chegarem à minúscula cidade dos gnomos, localizada no sopé de uma grande montanha protegida por uma mata muito densa.

– Desculpe João Vitor, mas precisamos torná-lo pequeno como nós para conviver em nossa comunidade, enquanto estiver nos visitando. – Disse Vitorychy.

...E num simples movimento das mãos, milhares de estrelinhas luminosas e esvoaçantes se fizeram notar e João Vitor imediatamente torna-se igual a eles, só não vestia como tal, pois até suas roupas haviam encolhido.

A sensação que João Vitor sentia, era inexplicável. A alegria era transmitida a todos como uma magia que fazia os sentimentos mais puros transbordar.

– Nossa! Agora sou igual a vocês. Como fez isto Vitorychy? – Quis saber João Vitor extasiado.

– Você saberá quando for chagado o momento certo. Mas o que viu não é novidade para nenhum de nós. 
– Vamos ao que importa: – Você está feliz como nós estamos em tê-lo no nosso lar? – Manifestou Vitorychy.

– Muito... Muito feliz mesmo! É a maior alegria que poderia acontecer comigo. Vocês são muito melhores e queridos que eu imaginara. Estou muito felizzzzzzzzzzzzzzzz! – Disse entusiasmado João Vitor.

Logo o menino sonhador e os gnomos já haviam percorrido toda a cidade chamada Felycidy Montainrychyt. Já havia conversado com cada um dos habitantes: homens, mulheres, crianças, jovens e adultos. A simpatia expressada de forma espontânea por João Vitor conquistou a todos.

João Vitor não sabia a quem atendia primeiro. Convites para festejar em cada residência que visitava tornaram-se uma constante. Sempre educadamente agradecia demonstrando simpatia. Só restava conhecer a autoridade máxima dos amigos gnomos.

Enfim, chegara o momento de visitar o rei Davyrychy. Assim que chegou ao castelo real, toda a corte o esperava com música e brincadeiras circenses. Equilibristas, malabaristas, contorcionistas e muitas outras atrações eram oferecidas ao ilustre visitante.

Não tardou, ouviu-se o toque das trombetas e o repicar dos tambores anunciando a chegada do soberano Davyrychy. João Vitor à frente acompanhado dos companheiros Vitorychy e seus amigos se curvaram perante o rei, numa reverência digna de um filme de Contos de Fadas.

O menino sonhador foi recebido com um simpático sorriso do rei e todas as honrarias reais apresentadas, dignas de um príncipe de algum reinado distante. Recebeu condecoração, foi presenteado com o chapéu símbolo dos gnomos, pedras preciosas e a distinção de autoridade máxima visitante.

Em seguida, todos os súditos presentes, entoaram em uníssono: – “Ôbaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa! O João Vitor é nosso irmão, nosso amigo, nosso companheiro...”. A saudação veio seguida do aplauso geral.
João Vitor permaneceu em Felycycidy Montainrychyt, algumas semanas. Nesse período teve a oportunidade de conviver com os novos amigos. Com eles aprendeu seus usos e costumes, inclusive o idioma, enriquecendo-se com esta providencial experiência.

Nesse ínterim também já havia falado sobre sua família e sua cidade. Principalmente sobre o que achava necessário para os seus habitantes, os quais não dispunham do suficiente e necessário, para que tivessem uma vida digna e bem assistida, como hospitais modernos para atender a população; ensino fundamental, universitário e biblioteca com farta e diversificada quantidade de livros; lazer, empregos, moradias, pavimentação urbana, infraestrutura básica, conforto para os idosos, telecomunicação de ponta... Enfim, tudo que uma cidade que se predispõe a se desenvolver e oferecer ao seu povo, o que há de melhor em modernidade do bem-estar coletivo.

No dia de sua partida de retorno ao seu lar, João Vitor, além de todos os presentes que iria levar consigo, levava também o carinho de todos os amigos gnomos. Sua alegria não se continha e o sorriso parecia permanente. Estava maravilhado, no auge da empolgação e paz interior.

Para evitar que o menino sonhador fizesse todo o percurso de volta a pé, Vitorychy chamou por meio de vibrações sonoras – resultado da magia de sua aura iluminada – a águia Destemyrychy, para levá-lo nas suas costas, atenta a todos os procedimentos preparados com antecedência, para serem executados antes que pousassem nas proximidades da casa do amigo. 

E assim se fez. João Vitor retornou confortavelmente nas costas da águia Destemyrychy. No momento em que sobrevoavam a cidade Felicidade, a poderosa ave provocou uma rápida ventania com suas fortes asas, para facilitar sua missão de espalhar o pó mágico que os gnomos haviam preparado, o qual, ela o carregava num pequeno saquinho de linho no seu bico. Este pó milagroso que deveria ser jogado sobre a cidade, imediatamente foi espalhado com a contribuição do vento provocado pelas asas da imponente ave. Cumprindo assim, as determinações dos sábios gnomos, como presente especial em atenção aos desejos do amiguinho sonhador.

Uma vez cumprido todas as determinações a que lhe foi atribuída, Destemyrychy pousou suave perto da casa do menino sonhador. Assim que João Vitor saltou de suas costas, num piscar de olhos voltou ao seu tamanho natural. Despediu-se da majestosa águia e correu acelerado em direção do seu lar. Chegou ofegante, preocupado pela suposta demora e a ter que dar muitas explicações.

Sua mãe Jordana, vendo-o em disparada, preocupou-se, achando que algo estranho o perseguia.

– O que está acontecendo meu filho?! Aconteceu alguma coisa que o assustou?! – Pergunta Jordana preocupada.

– Não aconteceu nada mamãe, está tudo bem! Eu é que estou com saudade da senhora e de nossa casa! – explica-se rápido, seguido de um beijo carinhoso na face da mãe.

O menino sonhador havia se tranquilizado. O período em que ficou fora, não havia alterado o horário no seu tempo. Não sabia explicar o significado para aquele fenômeno, mas foi exatamente o que aconteceu. Mais que depressa correu em direção a cidade para ver as transformações causadas pela magia dos amigos gnomos.

Ao perceber o barulho dos carros o zunido das máquinas nas construções, aquietou-se, não tinha mais tanta pressa. O momento requeria apenas admirar, se encantar com o que via. Tudo estava diferente, novo. A cidade estava maravilhosa, linda demais! O povo parecia não ter notado as mudanças, as conquistas, a fantástica transformação concedida pelos amigos gnomos.

O poder mágico foi tão extraordinário que a população embora não esquecendo o passado, parecia que tudo à sua volta era apenas resultado do progresso que eles mesmos tomaram parte e foram os responsáveis pelo desenvolvimento que desfrutavam.

João Vitor continuou mantendo contatos constantes, por meio da telecinética orbitacional telepática com os amigos gnomos até aos 12 anos de idade, enquanto era criança. Hoje só restam memórias e o aprendizado que carrega consigo por toda a eternidade.

Homenagem ao meu querido sobrinho João Vitor, suas convicções e estripulias. E aos seus pais Guilherme e Jordana.

O nosso personagem, João Vitor, ainda não está com a idade narrada nesta história. Na verdade sua idade hoje, é de apenas 3 aninhos, mas quem sabe o que acontecerá com ele, até alcançar os 8 anos. Idade vivida nesta fabulosa experiência com as pequenas criaturas do bem, que o ajudou a ser merecedor de tanta alegria e aprendizado. Quem sabe até o sonho com os gnomos venha se concretizar...


Imagens: arquivo pessoal e internet




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