Sidney
Sheldon morre aos 89 anos
"Nada pode impedi-lo quando você estabelece um objetivo. Ninguém pode
impedi-lo, a não ser você mesmo. Eu acredito assim." Este pensamento é de
Sidney Sheldon. Provavelmente quando construiu esse conceito sobre o vitorioso,
já era um escritor consagrado. Contudo, esse raciocínio justifica sua prática,
pelo fato de sermos nós mesmos os responsáveis pelo nosso futuro. Mahatma
Gandhi também contribuiu com essa lógica, quando disse: "O futuro
dependerá daquilo que fazemos no presente”.
Sheldon iniciou sua bem sucedida carreira escrevendo música na sua cidade natal
ainda na adolescência. Em 1937, conseguiu seu primeiro emprego como leitor de
roteiros. Dedicado e visionário para o progresso e com o olhar atento para o
seu crescimento profissional, em pouco tempo passou a escrever argumentos para
os estúdios de cinema sem muito sucesso. Sem deixar-se abater diante das dificuldades,
passou a criar "livretos" para musicais da Broadway. Já em 1969,
depois de ter conquistado o prestígio como roteirista em Hollywood, lançou seu
primeiro romance: A Outra Face, tornando-se a partir desse ponta pé inicial, na
maior celebridade literária dos Estados Unidos e em um dos maiores escritores
de "best-sellers" de
todos os tempos.
O
escritor Sidney Sheldon vendeu mais de 300 milhões de livros em 180 países,
traduzidos para 51 idiomas e conquistou o recorde do Guiness como o autor mais traduzido do mundo. Sheldon
além do sucesso em vendagens e admiração dos leitores recebeu quatro dos mais
festejados prêmios da industrial cultural norte-americana: o Oscar do cinema; o
Tony, máximo do teatro; o Emmy em reconhecimento pelo seu talento nas criações
para televisão; e o Edgar da literatura.
Sheldon
morreu nos Estados Unidos em 31 de janeiro de 2007, aos 89 anos, por motivos de
complicações causados por uma pneumonia.
O
artigo e entrevista com Sidney Sheldon, resultado desta publicação, é do
jornalista Mario Mendes para a revista Isto É Senhor de 5 de dezembro de 1990,
páginas 72 e 73. Boa leitura.
Obs.:
Durante a leitura você vai deparar com informações contendo números
contraditórios entre os autores, tanto da reportagem e entrevista, quanto ao
link sobre Sidney Sheldon da Enciclopédia virtual, Wikipedia com reconhecimento
internacional pela excelência do seu banco de dados. Você ainda poderá acessar
os links de Jeannie é um Gênio e Casal 20, filmetos permitidos pelo YouTube.
Ressaca
Lembranças da
Meia-Noite traz o escritor
fora de forma
Quando
brigava com os censores no auge da ditadura militar. Chico Buarque proclamou:
"Você não gosta de mim, mas sua filha gosta." Com Sidney Sheldon, o
consagrado escritor norte-americano de best-sellers, ocorre o mesmo fenômeno.
Você pode não gostar, mas sua secretária, sua mulher, sua sogra, e, quem sabe,
até seu analista e seu melhor amigo, gostam. Ou melhor, adoram. Desde que
estreou nas letras em 1968, com A Outra Face, um thrillercom pinceladas psicológicas, o autor nunca mais deixou de
frequentar a lista dos mais vendidos em todos os países onde é publicado. No
dia 20 de novembro de 2010, Mr Sheldon desembarcou em Porto Alegre e em seguida
esteve em São Paulo, Rio e Bahia para lançar seu mais recente
escrito, Lembranças da Meia-Noite. Trata-se do décimo romance saído do
mágico processador de palavras do autor, e da continuação de O Outro Lado da
Meia-Noite.
Naquela
história, escassa de valores literários, mas transbordante de paixão, sexo,
volúpia, perigo e vingança. Sheldon contava a trajetória da bela e trágica,
Noelle Page. Por causa de um louco amor, a heroína e seu amado sucumbem diante
de um pelotão de fuzilamento. Mas sua rival, Catherine Douglas, sobrevive,
sozinha e desmemoriada, em um convento carmelita na ilha grega de Loanina. No
epílogo surpreendente de O Outro Lado da Meia-Noite, Sheldon dava a
entender que Catherine havia encontrado um protetor na figura do magnata grego
Constantin Demiris.
Centrando
a ação nestes dois sobreviventes, Sidney Sheldon quer que Lembranças da
Meia-Noite seja mais do que uma simples sequência. Essa é a principal
falha do livro. Afirmando que se trata de uma história independente, o autor
tenta agradar tanto quem leu o livro anterior quanto quem nunca ouviu falar
dele. Daí que a trama tem início com um flash-back muito mal alinhavado dos acontecimentos que levaram
Catherine à total perda da memória e Demiris a uma improvável sede de vingança.
Em O Outro Lado da Meia-Noite, Sheldon pode ter sido frívolo e superficial, mas
os bem traçados perfis das duas heroínas, Noelle e Catherine, mostravam um
vigoroso contador de história, um hábil manipulador das emoções dos leitores.
Nessas Lembranças da Meia-Noite, resta apenas a superficialidade.
Lembranças devem
decepcionar, sobretudo, os fãs de O Outro Lado da Meia-Noite -
transformado em filme, estrelado por Marie-France Pisier e Susan Sarandon e
muito reprisado em nossa tevê. Para que a trama seja convincente e o leitor se
apaixone pelas personagens centrais, o autor lança mão de um expediente dos
mais frouxos. Submete Catherine e Demiris a um tratamento de beleza logo no
primeiro capítulo. Ela que era apresentada no livro anterior como uma mulher
apenas corajosa e simpática, que finalmente se entrega ao alcoolismo e à
decadência física, depois de uma temporada sob os cuidados das freiras
carmelitas, reaparece esguia, glamorosa, elegante e irresistível. Uma ideia infalível para ser usada em um comercial de "Spa". Quanto a Demiris, antigamente um senhor idoso e atraente apenas pelos milhões que tem no banco - no livro ele é a terceira maior fortuna do mundo -, agora é um homem de charme avassalador.
Outras personagens são jogadas no livro como objetos dispostos em um cenário, apenas forma e nada de conteúdo. Destinadas simplesmente a ocupar espaço. Como a bela - todas as mulheres nos livros de Sheldon são incrivelmente belas, não importa por que tormentos ou acidentes tenham passado - Melina, infeliz mulher do frio e calculista, Demiris. O melhor do livro é que o ritmo sempre vertiginoso da escrita do autor dessa vez encontra um enredo tão fraco que pode ser lido em apenas uma tarde. Não toma tempo. Não atrapalha. Melhor esperar pelo Sheldon safra 91, The Doom's Day Conspiracy, que ele promete para quando setembro vier.
Outras personagens são jogadas no livro como objetos dispostos em um cenário, apenas forma e nada de conteúdo. Destinadas simplesmente a ocupar espaço. Como a bela - todas as mulheres nos livros de Sheldon são incrivelmente belas, não importa por que tormentos ou acidentes tenham passado - Melina, infeliz mulher do frio e calculista, Demiris. O melhor do livro é que o ritmo sempre vertiginoso da escrita do autor dessa vez encontra um enredo tão fraco que pode ser lido em apenas uma tarde. Não toma tempo. Não atrapalha. Melhor esperar pelo Sheldon safra 91, The Doom's Day Conspiracy, que ele promete para quando setembro vier.
"Sou
escritor por acidente"
Sheldon e a
receita para criar best-sellers
Aos
73 anos (época da entrevista, 1990) Sidney Sheldon é autor de dez best-sellers, 30 roteiros para
Hollywood, 350 scripts para a tevê, ter dirigido um filme e seus livros
traduzido em 54 idiomas em mais de 100 países. Cifras que ele graciosamente
informa com a tranquilidade de um profissional experiente em conceder
entrevista. Todas essas quantias, é claro, significam milhões de exemplares
vendidos em todo o mundo e outros tantos, em sua polpuda conta bancária.
Recompensa mais que justa e previsível para um homem que se define como
"um escritor que entretém seus leitores”.
P
- O que o Sr está escrevendo no momento?
R
- Estou terminando um livro que será lançado em setembro de 91 nos Estados
Unidos: The Doom's Day Conspiracy. Ele será transformado em um filme pela
Warner Brothers.
P
- Sua carreira começou como roteirista em Hollywood, certo?
R
- Escrevi 30 roteiros para Hollywood (ganhou um Oscar em 47, por O Solteirão
Cobiçado), dirigi um filme (O Palhaço que Não Ri), produzi alguns outros e
escrevi cerca de 350 scripts para episódios de séries para a televisão que eu
criei, como Jeannie é um Gênio e Casal20. Por isso acho que tenho uma certa experiência no negócio.
P
- Por que o Sr decidiu escrever romances?
R
- Foi um acidente. Escrevi um roteiro que era difícil transformar em filme ou
programa de televisão. Era sobre um psiquiatra tentando investigar um crime.
Tudo se passa na mente desse psiquiatra e não há como fazer isso sem ser em um
livro, onde você pode expor ao leitor o que a personagem está pensando. Foi meu
primeiro romance: A Outra Face.
P
- Isso foi em 68. E desde então o Sr. passou a não gostar dos críticos?
R
- (exaltado) Eu gosto de críticos honestos. Não dos idiotas que dizem que um livro, só por ser um best-seller, não presta. Como eles ousam dizer que tudo que é um sucesso não tem qualidade?
P - Por que as principais personagens de seus romances são mulheres?
P - Por que as principais personagens de seus romances são mulheres?
R
- Porque eu amo as mulheres. Elas são muito mais interessantes e complexas do
que os homens. E muito mais vulneráveis. Meus editores fizeram uma pesquisa e
descobriram que 60 por cento dos meus leitores são mulheres. Ao mesmo tempo,
ter 40 por cento de leitores homens também é uma façanha. E isso porque meus
livros são excitantes, cheios de aventura e é isso que os homens buscam em
um livro.
P
- O Sr tem uma fórmula para contar uma história?
R
- O que eu faço é o seguinte: procuro escrever o que me excita, o que provoca
minha imaginação e minha emoção. Sou traduzido em 54 idiomas para mais 100
países. Levo cerca de dois anos e meio escrevendo uma história.
P
- Por que tanto tempo?
R
- Eu poderia muito bem escrever dois livros a cada ano, se ditasse cerca de 50
páginas por dia. Mas prefiro aproveitar mais o meu tempo, tornando um livro tão
bom quanto eu sei fazer.
P
- Dos seus livros, qual o seu preferido?
R
- O próximo.
P
- Qual o seu autor favorito?
R
- George Bernard Shaw.
P
- Quais seus autores best-sellers favoritos?
R
- Gosto de E. L. Docotorow, Tom Wolfe e Tom Harris.
P
- O Sr gosta de suas rivais Judith Krantz e Jackie Collins?
R
- Não tenho muito tempo para ler quando estou envolvido com um de meus
livros. Prefiro ficar em meu próprio mundo do que entrar no mundo de outros autores.
P - Das suas heroínas, qual a sua favorita?
livros. Prefiro ficar em meu próprio mundo do que entrar no mundo de outros autores.
P - Das suas heroínas, qual a sua favorita?
R
- Tracey Whitney, de Se houver Amanhã. Quando escrevi O Outro Lado da
Meia-Noite criei a personagem de Catherine achando que as mulheres se
identificariam mais com ela. Ironicamente as mulheres me escrevem dizendo que
adoram Noelle Page, que de certo modo é a vilã da história.
P
- O que faz de um livro um best-seller?
R
- Principalmente boas personagens. O importante é o leitor gostar da
personagem, não importa se ela é boa ou má. Você tem de ter boas personagens e
colocá-las em situações interessantes.
P
- O Sr sabia que é o autor favorito da primeira-dama brasileira Rosane Collor
de Mello?
R
- Não, mas estou lisonjeado.
P
- O Sr se define como um escritor ou um entertainer?
R
- Sou um escritor que entretém seus leitores.
Nota:
Esta publicação já esteve disponível aqui mesmo no Bússola Literária, desde 31
de janeiro de 2011. Agora resolvemos dar uma repaginada e, trazer à tona, quem
sabe até para um fórum de debates, essa máxima da literatura global: Shidney
Sheldon. Sempre é bom relembrar perfis de autores consagrados, ainda mais, em
se tratando de um Sheldon. Espero que possa reviver às suas histórias criadas
com todos os ingredientes de um talentoso escritor. E também, evidenciar a
morte deste mega contador de aventuras bem calibradas.
A propósito, você já acessou a fan page do meu livro infantil Juju Descobrindo Outro Mundo? Não imagina o que está perdendo. Acesse: www.fecebook.com/jujudescobrindooutromundo.
E o site da Juju Descobrindo Outro Mundo, já o acessou? Se eu fosse você iria conferir imediatamente. Acesse: www.admiraveljuju.com.br
Imagens:
Google Imagens