Bússola Literária mais uma vez abre suas páginas para mais um talento literário. Desta vez é para o poeta goiano de Pires do Rio, Ubirajara Galli e sua Antologia poética de poesia falada: Concurso de Poesia Falada José Mendonça Teles, em homenagem ao amigo também poeta e escritor, pelos seus quarenta anos de literatura, completados em 2010. Ubirajara Galli é membro da Academia Goiana de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, entre outras entidades culturais.
Bússola Literária mais uma vez abre suas páginas para mais um talento literário. Desta vez é para o poeta goiano de Pires do Rio, Ubirajara Galli e sua Antologia poética de poesia falada: Concurso de Poesia Falada José Mendonça Teles, em homenagem ao amigo também poeta e escritor, pelos seus quarenta anos de literatura, completados em 2010. Ubirajara Galli é membro da Academia Goiana de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, entre outras entidades culturais.
Cronista, contista, ensaísta, historiador e poeta, José Mendonça Teles na sua vitoriosa carreira de intelectual, ocupou vários cargos importantes na esfera pública relacionados à cultura no estado de Goiás, e em várias outras relevantes instituições culturais em outros estados da Federação. Dentre suas marcantes conquistas no universo cultural, está a autoria do Hino do Cinquentenário de Goiânia e do Hino de Goiás; foi presidente da Academia Goiana de Letras durante dez anos e presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás por outros doze anos, além de ter colaborado com o Projeto Resgate da Documentação Histórica das Capitanias de Goiás e Piauí, existentes em Portugal. Todos os documentos são relativos ao período de 1731 a 1822. Esta iniciativa teve por objetivo resgatar e manter vivos os vestígios evidenciados nos áureos desta época e contribuir como objeto de pesquisa. Os documentos foram microfilmados e trazido para estes Estados.
Velho Engenho
Autor e intérprete: Baltazar Mariano (Tazinho) - Petrolina-GO
Seu moço venha cá.
Eu quero contigo falar
Um pouco do meu viver
Me desculpe lhe importunar
Preciso desabafar
E quem está perto é você.
Eis ali uma baixada
Onde com a companheirada
Trabalhava com prazer
Quantas vezes de madrugada
Buscava a cana orvalhada
Pra naquele engenho moer.
Hoje pobre coitado
Quase todo desmanchado
Pra vê-lo de longe eu venho,
Seu moço, se o senhor me ver chorando
É revolta contra os anos
Que acabou com nosso engenho.
Aqui desta taperinha
Me lembro da mamãezinha
Estas palavras dizer:
Pega esta cuia e vai
No engenho e diga a seu pai
Que hoje eu quero manuê.
Daqui mudaram meus pais
Deixando tudo pra trás
Pra ver os filhos estudar
Lá minha mãe faleceu
Meu pai de desgosto morreu
Bem longe deste lugar.
Hoje aqui de volta estou
Conversando com o senhor
Naquele tempo que foi.
Sou de fato um diplomado
Mas tenho na mente gravado
Este engenho e quatro bois.
Obrigado meu amigo
Por ter parado e ouvido
Eu falar do meu passado
Se um dia precisar
Tu podes me procurar
Sou um modesto advogado.
Parece que estou sonhando.
Estou vendo trabalhando
Aquelas moendas perdidas
Vou embora, estou delirando
Vou continuar passando
Pelas moendas da vida.
A Gente e o Tempo
Autora e intérprete: Natália Marques - Goiânia-GO
Será falta de tempo
as inesplicadas correrias,
as vagas buscas em meio ao vão?
Será falta de tempo se correm tanto?
Ainda falta tempo para sorrir,
para ouvir, para olhar no olho.
Dizem que o tempo é curto.
Encurtam o tempo na ganância.
Encurtam o tempo nos ponteiros do relógio,
cronometram a vida, marcam dia para a felicidade,
amanhã, mês que vem, quando construir...
Amanhã é incerteza e não pertence a ninguém.
Será que o tempo é o culpado por ansiedades
ancoradas na alma do ser humano?
O ter é marca registrada na trajetória
onde são perdidas as histórias,
são perdidas as culturas, a moral
e só é permitido correr mais e mais.
Se o tempo é curto, também é rápido.
O tempo não espera os que dormem mais,
os que esquentam rede.
O tempo não espera os expectadores,
os especuladores, os que só querem flores,
os que só permanecem na platéia.
Essa é a lei do tempo.
E o culpado ainda é o tempo?
Mesmo o tempo sendo cronometrado
ainda é permitido sorrir e abraçar,
visitar, abraçar e acolher. É permitido colher flores,
escolher cores, saborear todos os sabores
e principalmente enganar dores.
Quem faz o tempo é você.
Existe o tempo para plantar e o tempo para colher,
o tempo para chorar e o tempo para sorrir
e principalmente com hora marcada ou por acaso
existe o momento para amar e ser amado.
Existe o tempo para se viver: agora neste instante.
Goiânia
Autora e intérprete: Sandra Fayad - Brasília-DF
Não sou goiana por acaso.
Sou poeta.
Sou da terra de Bernardo Élis
Sou da terra de Mendonça Teles.
Vim lá de Atenas de Goiás, vim do brejo,
Da beira do Rio São Marcos,
Que põe na algibeira o Tejo.
Cardei sob a jabuticabeira
Mais formosa de Hidrolândia;
Tomei dois dedos de pinga,
E a pluma fui fiar na represa
do "corgo" Pirapitinga.
Não sou goiana por acaso.
Sou poeta.
Sou da terra de Coelho Vaz.
Sou da terra de Mendonça Teles.
Nasci no "Santuário da Serra Dourada".
Sou "pungente".
Dou "uma galinha para não entrar numa briga"
e "um nelore para" dela não sair.
Mas não gosto de intriga,
Nem conto vantagem.
Fui cordata com Minas Gerais,
Generosa com Tocantins;
Com Brasília, foi dadivosa.
Não sou goiana por acaso.
Sou poeta.
Sou da terra de Bira Galli.
Sou da terra de Mendonça Teles.
Sou das margens do Tocantins.
Sou das margens do Araguaia,
Onde sento na areia da praia
E penso em como a vida era
Nos tempos de Anhanguera.
Não sou goiana por acaso.
Sou poeta.
Sou da terra de José de Aquino.
Sou da terra de Mendonça Teles,
Que orgulhoso ergue nossa bandeira
E versa em elegante caçoado
Do "passopreto" à "botina ringedeira,"
Da metrópole ao povoado,
Com parada em "Colibris"
De João Felício, o profeta.
Não sou goiana por acaso.
Sou poeta.
Sou da terra de Maria do Rosário.
Sou da terra dos Mendonça Teles.
Carrego "uma tristeza telúrica
num coração aberto de sorrisos."
"Quero te amar mas"...
Confesso meus medos.
"Tenho sentimentos
espetados nos dedos."
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Imagens: Google Imagens