domingo, 13 de março de 2011

Burt Lancaster conquista a eternidade,

Burt Lancaster conquista a eternidade

É provável que as gerações pós anos 80 não se lembram, ou não conhecem Burt Lancaster e tampouco seus memoráveis filmes mesmo estando disponíveis nas melhores locadoras. Bússola Literária está feliz de poder contar um pouco de sua rica trajetória tanto no cinema, quanto na vida real.

De orígem simples, tornou-se num dos astros mais concorridos pelos melhores diretores do cinema norte-americano e europeu, participando de dezenas de filmes dos anos 40 a 80, o que lhe rendeu um Oscar de melhor ator em l960, pela sua atuação no filme "Entre Deus e o Pecado", interpretando um caixeiro-viajante e ex-estudante de teologia.

Segundo a Wikipédia, enciclopédia livre da Internet, Burt Lancaster alcançou sua popularidade a partir dos anos 50, conquistando sua primeira indicação ao Oscar como melhor ator em l953, pela sua atuação no filme "A Um Passo da Eternidade". Em seguida receberia mais três indicações: em l960 pelo filme "Entre Deus e o Pecado"; em l962 por "O Homem de Alcatraz" e em l980 por "Atlantic City". Além das interpretações dramáticas, Burt Lancaster brilhou em vários outros filmes nos quais podia exibir sua excelente forma atlética, como o drama "Trapézio" em l956. Como produtor ganhou outro Oscar pelo filme "Marty" em l955, sucesso também em Cannes.

O artigo que ora Bússola Literária apresenta, foi extraído da coluna Datas da revista Isto É de 26 de outubro de l994, página 110. A autoria não é mencionada, porém com destaque por merecimento, deste inesquecível ator e por ter sido publicado seis dias após sua morte. Esperamos que goste. Ah! Não deixe de verificar os links contidos no artigo.
O leopardo dá adeus a Hollywood


O ator americano Burt Lancaster, um dos maiores nomes do cinema dos anos 60, morreu na quinta-feira (20 de outubro de 1994) de ataque cardíaco, aos 80 anos, em Los Angeles. Embora nunca tenha feito um só curso de interpretação Lancaster trabalhou em mais de 70 filmes e ficou conhecido como símbolo sexual de uma geração. Trapezista de circo na juventude, vindo de uma família pobre do bairro do Harlem, em Nova York, ele foi "descoberto" como os modelos costumam ser nos dias de hoje: dentro de um elevador de um edifício comercial. O caça-talentos o levou para o teatro, que somente desta vez teve o galã em uma peça sem relevância.

A partir daí, Lancaster começou a atuar freneticamente no cinema, impondo cada vez mais sua figura viril e atlética. Os assassinos (1946), baseado em obra de Ernest Hemingway, foi o seu primeiro trabalho. Logo seguiram-se filmes onde encarnou gângsteres, prisioneiros, xerifes, piratas e bandidos. Personagens que esculpia com a força de quem teve no picadeiro do circo a sua verdadeira escola de arte dramática. Nesta fase, uma cena que ficou antológica foi a do beijo com a atriz Deborah Kerr, em A Um Passo da Eternidade. Abraçados nas areias de uma praia do Havaí, Lancaster e Kerr, que interpretava a mulher de um capitão do Exército, realizaram uma sequência de carga erótica insuperável, ainda que vestidos com maiô e short comportados.

O único Oscar da vida de Lancaster veio em 1960, com filme Entre Deus e o pecado. A consagração, contudo, só chegou três anos depois, através de O leopardo (1963), do cineasta italiano Luchino Visconti. Na pele do príncipe Fabrizio, Lancaster construiu um personagem forte e sensível. Foi bastante criticado pela imprensa européia, que o achava um "tanto vulgar" para protagonizar um filme do renomado mestre. Mas o seu carisma e sensualidade atraíram o diretor italiano ainda mais uma vez: em 1975, um Lancaster maduro e requintado protagonizou Violência e paixão. Visconti não escondia a admiração pelo ator. "Burt Lancaster é um homem às vezes despótico, rude e impetuoso, outras vezes romântico, bom e compreensivo, até mesmo estúpido, mas, sobretudo, misterioso", declarou certa vez. Seu ar de homem do campo, afeito ao sexo e ao trabalho braçal, irritava, de uma certa forma, a elite do cinema europeu. Mas não o impediu de chamar a atenção de alguns diretores, como o francês Louis Malle, que o dirigiu no comovente Atlantic City, em 1981, e a italiana Liliana Cavani (de A pele, no mesmo ano). Com Bernardo Bertolucci sua participação foi sui generis, já que concordou em trabalha de graça (no filme 1900) apenas porque caiu de amores pelo roteiro.

Na década passada (anos 80), Burt Lancaster chegou a contracenar com um dos seus melhores amigos da adolescência, Kirk Douglas, com quem formou uma dupla de velhinhos safados em Os últimos durões. Pelo ator guardava uma amizade sincera. "Kirk é o homem mais difícil e colérico que conheço, fora eu mesmo", reconheceu. "Ele briga com sua mulher, com seus filhos, com a empregada. E só Deus sabe como ele brigou comigo."

Mas Burt não ficava atrás em matéria de explosões emocionais. Sua segunda mulher, a ex-atriz Norma Anderson, com quem teve cinco filhos, costumava dizer que era impossível ficar o tempo todo perto do marido. A primeira, a trapezista June Emst, não chegou a se cansar do musculoso de Hollywood, pois o casamento durou seis meses.

Na vida real, Lancaster reafirmava a imagem que o projetou para as telas. "Acho que sou o sujeito que sempre vai para a cama com a garota da história - nem que seja depois de o filme terminar", afirmou aos 73 anos, na ocasião de seu casamento com Susan Scherer, sua secretária, 40 anos mais nova do que ele. Há tempo que sua saúde inspirava cuidado. Em 1983, ele teve um ataque cardíaco; em 1985, submeteu-se a uma cirurgia no abdômen que o impediu de protagonizar o filme O beijo da mulher aranha, de Hector Babenco. O papel acabou ficando para William Hurt. Cinco anos depois, foi hospitalizado em função de um derrame. Fraco e alquebrado, Burt Lancaster morreu nos braços de Suzy, a última garota de sua última história.


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