terça-feira, 28 de janeiro de 2014

24 Clássicos da Literatura Infantil Brasileira


Para chegar aos resultados que estamos apresentando, demandou-se várias pesquisas. Felizmente encontramos no site Educar e Aprender da Editora Abril, este magnífico estudo que, por certo, exigiu muita dedicação da escritora Tatiana Belinky, consultora responsável por este valioso trabalho.

Não é novidade pra nenhum leitor brasileiro, sua preferência pela leitura estar quase que na ordem de 80 por cento, por publicações vindas de fora. Os estrangeiros encontram mais espaço na nossa “pátria amada” do que talvez, encontraria no seu próprio lar de origem.

No Brasil, principalmente os jovens, pouco se interessam pelos nossos Clássicos da Literatura. A procura é mais evidente pelos livros que estão com mais destaque nos meios de comunicação, independente se são ou não são bons. O que importa, é estar na roda de amigos, na escola, ou nos shoppings discutindo o que está lendo ou que acabou de ler naquele momento, um determinado livro de autor estrangeiro.

Quase na sua maioria, apontam autores internacionais como provedores de livros interessantes. Seria uma questão de modismo? Ou é falta de informação, principalmente advindas das próprias escola que frequentam? Se assim for, onde está a importância do professor de literatura e os seus conhecimentos da própria cultura? Eis a questão!

Pensando na nossa história literária, que é riquíssima; nas crianças que precisam ter conhecimento disto e, estarem conscientes de que o melhor caminho para o saber e para uma jornada venturosa profissional e de intercâmbio, é a cultura, o estudo, a literatura e boas orientações.

Bússola Literária, depois de permitir  espaço para 22 livros bons, 26 considerados ruins e 22 filmes excelentes, agora, escancara suas portas para receber com orgulho 24 Clássicos da Literatura Infantil Brasileira. É fantástica esta viagem pelo universo infantil e as iluminadas orientações do timoneiro que sabe como ninguém guiar a nau da sabedoria em direção a recantos carentes de uma boa leitura. Principalmente da nossa. Bem brasileira!
Se achar conveniente, seu comentário será bem-vindo. Boa pesquisa de constatação... E vamos que vamos...!


24 Clássicos da Literatura Infantil Brasileira


Para comemorar o Dia Nacional do Livro Infantil, que também é o Dia de Monteiro Lobato, o site Educar para Aprender, da Editora Abril, apresentou uma lista com os grandes Clássicos que fizeram a história da Literatura Infantil brasileira, sob a consultoria da renomada escritora infantil Tatiana Belinky. São 24 títulos que vêm emocionando, divertindo e inspirando várias gerações de leitores. Todos receberam prêmios importantes e são reconhecidos pela crítica especializada.

Para os adultos essa é uma oportunidade de reviver momentos felizes da infância. Para as crianças é a chance de entrar em contato com obras fascinantes e encantadoras, escritas por estrelas da nossa literatura como Ana Maria Machado, Camila Cerqueira Cesar, Eva Furnari, Fernanda Lopes de Almeida, Lygia Bojunga, Maria Heloísa Penteado, Maria Clara Machado, Ruth Rocha, Ziraldo, entre tantos outros ótimos autores.

Vale ressaltar que essa não é uma lista definitiva... Até porque, apesar de selecionarmos apenas um livro por autor, todos os escritores mencionados produziram mais de um título que merece ser conferido. Esse é só um ponto de partida. Afinal, no mundo dos livros, a aventura está sempre começando.


Xisto no Espaço, de Lúcia Machado de Almeida

Xisto tem 17 anos e é um verdadeiro herói. Ela já salvou o planeta Terra do Homem Planta, do Senhor do Tempo e do “Que vê sem ser visto”. Neste livro, sua missão é bem mais complicada. Ele deverá fazer uma viagem espacial até o planeta Minos, onde irá enfrentar Rutus, aquele que não tem sangue. Caso contrário, os alienígenas irão atacar nosso planeta.

Publicado pela primeira vez no final da década de 1960, o livro conquistou e formou muitos leitores, que guardam com carinho uma boa lembrança da obra. Mistério, ficção científica e aventura são alguns dos elementos-chave que fisgam a atenção do público juvenil. Quem revisitar a história vai notar que a linguagem envelheceu, mas ainda assim é uma ótima leitura. Mais valiosa ainda se puder ser desfruta em família. Por isso, se for possível, leia junto com seu filho.


O Gênio do Crime, de João Carlos Marinho. Ilustração de Maurício Negro

Nesta aventura policial, um grupo de amigos, a Turma do Gordo, tenta desvendar o mistério de uma figurinha rara. As investigações acabam levando os amigos a descobrir uma fábrica clandestina, comandada por um gênio do crime.

Lançado na década de 1970, este livro figura entre os preferidos de muitas gerações. Até hoje, mais de um milhão de exemplares foram vendidos. Humor, suspense e diversão fisgam o leitor e é difícil interromper a leitura.

                   






A Arca de Noé, de Vinicius de Moraes. Ilustração de Laura Beatriz

Este foi o único livro infantil de Vinicius de Moraes. Ele reúne 32 poemas, muitos deles bem conhecidos por adultos e crianças. Quer conferir? Ao ler: “Era uma casa, muito engraçada...”, você, certamente, há de se lembrar dos versos seguintes deste poema.

Além do famoso A Casa, o leitor vai se divertir com O Pato (“Lá vem o pato; Pata aqui, pata acolá...”), O Leão (“Leão! Leão! Leão! És o rei da criação...”), A Foca (“Quer ver a foca feliz? É por uma bola no seu nariz...”), entre outros.

Alguns poemas foram musicados pelo próprio Vinicius e se tornaram canções famosas nas vozes de intérpretes ilustres como Chico Buarque, Milton Nascimento, Toquinho, Marina Lima e Ney Matogrosso.


O Vovô Fugiu de Casa, de Sérgio Caparelli

Este livro descreve a forte ligação entre um garoto e seu avô. Quando descobre que um de seus filhos está decidido a interná-lo no asilo, um dia depois do seu aniversário de 80 anos, o avô propõe uma fuga ao neto que, prontamente, embarca na aventura. Na fuga, o avô deseja voltar à Itália, seu país de origem, e conta com o apoio do garoto, que defende a realização dos sonhos. Ao desenvolver a narrativa, o autor revela seu talento em mesclar realismo e fantasia. Além disso, aborda assuntos profundos como a amizade verdadeira, a velhice, os sonhos da alma e a proximidade da morte. Destaca-se também o intenso lirismo presente em toda a trama.






Pluft, o Fantasminha, de Maria Clara Machado

Foi escrito inicialmente para o teatro em 1955, pela extraordinária Maria Clara Machado. Alguns anos depois é que o leitor de histórias infantis, pode se privilegiar com a obra sob o formato impresso. Que vai muito bem obrigado! É evidente que com a mudança da escrita própria para a interpretação utilizando-se a falada, para a escrita narrativa, existe diferença. No entanto, a autora soube dosar na medida correta e exemplar esta mudança, que só veio movimentar mais o apreço pelo trabalho e obra de Maria Clara Machado. 
         
Como todo fantasminha, Pluft tem medo de gente. Mas cria coragem e vira um herói em defesa da menina Maribel, neta do Capitão Bonança Arco-Íris, ameaçada por um marinheiro de aparência asquerosa: o Pirata da Perna de Pau. No meio da confusão, quem não perde a calma é Mamãe Fantasma, antiga fantasma da ópera, que vive na cozinha fazendo pastéis de vento.

Já outro membro da família de fantasmas, o tio Gerúndio, ao saber dos perigos que corre Maribel, chama os velhos fantasmas de navio para ajudar. Afinal, tudo se resolve com o auxílio de três bons marujos, revoltados com a malvadez do pirata da Perna de Pau. Pluft está entre as obras mais premiadas da autora.


Bisa Bia Bisa Bel, de Ana Maria Machado. Ilustração de Mariana Newlands

Ao descobrir um retrato de sua bisavó, ainda criança, Bel fica encantada e começa a imaginar um relacionamento entre as duas. Logo, Bisa Bia vira uma grande amiga e confidente da garota. O diálogo fica ainda mais rico e divertido quando a imaginação de Bel a conduz para o futuro e ela se vê como Bisa Bel, a bisavó da neta Beta, que fala de muitas mudanças que ainda estão por vir.

Com habilidade, a autora mescla o real e o imaginário, construindo uma narrativa em que três tempos se cruzam e se completam em uma só pessoa, a narradora Bel. Difícil não se envolver com essa história que emociona e faz pensar.

Em mais de 40 anos de carreira, Ana Maria Machado conquistou vários prêmios, entre eles o Hans Christian Andersen, o mais importante prêmio de literatura infantil. Em 2003, ela se tornou a primeira autora de livros infantis a fazer parte da Academia Brasileira de Letras.  

                    
Reinações de Narizinho – Volumes 1 e 2, de Monteiro Lobato. Ilustração de Paulo Borges

Ao todo são 11 histórias com começo, meio e fim. Elas apresentam a turma do Sítio do Pica-pau Amarelo em suas primeiras aventuras. É a chance de o leitor “conviver” com Emília, a boneca de pano tagarela e sabida, Tia Nastácia, famosa por seus apetitosos bolinhos, Dona Benta, a avó de 60 anos que é muito especial e a neta Lúcia, a menina do nariz arrebitado, mais conhecida como Narizinho.

Nesta obra, o leitor confere a chegada de Pedrinho ao sítio, a transformação de uma espiga de milho no inteligente Visconde de Sabugosa e descobre como a boneca Emília começou a falar e nunca mais fechou a “torneirinha de asneiras”, entre muitas outras descobertas deliciosas.

Grande clássico da literatura infantil brasileira, este livro é uma incrível viagem pelo mundo da fantasia. O jeito especial de Monteiro Lobato contar histórias e sua imaginação privilegiada conduz o jovem leitor a uma jornada de prazer e diversão, pelo universo das palavras.


A Bruxinha Atrapalhada, de Eva Furnari. Ilustração da mesma autora

Neste livro sem palavras, a bruxinha que dá título à obra se envolve nas situações mais curiosas e inusitadas. São dez histórias curtas, construídas em tiras grandes e espaços vazios. A ideia é que o pequeno leitor construa significados durante a leitura e crie os próprios diálogos.

Com sua varinha e seu jeito atrapalhado, a bruxinha nem sempre tem sucesso com suas mágicas. Ainda assim, o bom humor está sempre presente e é divertido conferir as confusões vividas pela protagonista. Entre as maluquices gostosas, que fazem sucesso entre as crianças, o elefante vira canhão, o pássaro se transforma em tesoura e a torneira vira guarda-chuva. Tudo é um grande convite para o mundo da imaginação e do faz de conta.




A Fada Que Tinha Ideias, de Fernanda Lopes de Almeida. Ilustração de Edu

Clara Luz é uma fada que não gosta de seguir as lições do Livro das Fadas. Seu prazer é inventar suas próprias mágicas. Assim, um bule vira passarinho, as nuvens se transformam em animais galopantes e a chuva cai colorida. Para ela, “quando alguém inventa alguma coisa, o mundo anda”.

O problema é que, segundo a tradição, ela deveria seguir apenas as regras do Livro das Fadas. Só que Clara Luz não saiu da primeira lição. A mãe dela vive preocupada, pois teme a ira da rainha, já que inventar novos truques é proibido!

O texto de Fernanda Lopes de Almeida é uma delícia: fluente, poético e inspirador. Por meio das ações da protagonista, instiga o leitor a questionar as verdades preestabelecidas e a procurar novos ângulos e pontos de vistas.


Marcelo, Marmelo, Martelo, de Ruth Rocha. Ilustração de Mariana Massarani

Este clássico da literatura infantil trás três histórias: a que dá título ao livro, Terezinha, Gabriela e Os donos da bola. Em cada uma delas, o pequeno leitor confere situações comuns do universo infantil. Marcelo é um garoto curioso que quer entender porque as coisas são como são e de onde vêm os nomes que as coisas têm.

Já Gabriela é uma garota levada que começa a sentir ciúme de Terezinha uma menina toda arrumadinha... Gabriela não gosta da outra, mas quer ser parecida com ela. Na terceira história, Caloca é o dono da bola e de vários brinquedos legais, mas não tem amigos porque briga com todo mundo e não deixa ninguém tocas nas suas coisas.

Embora a linguagem e os desenhos remetam a uma outra época, a narrativa de Ruth Rocha tem tanta qualidade, que esses detalhes acabam conferindo mais charme e graça à obra, Marcelo, Marmelo, Martelo é o livro mais conhecido da autora e já vendeu mais de 1 milhão de exemplares.


A Vida Íntima de Laura, de Clarice Lispector. Ilustração de Mariana Massarani

Esta é a história de uma galinha meio ruiva e meio marrom, que tem um pescoço muito feio e é bastante burra, embora tenha “pensamentozinhos e sentimentozinhos”, como explica Clarice Lispector. Mas ela também é a galinha mais simpática e mais bonita por dentro que a escritora conheceu e, por isso, no início do livro a autora pede um favor ao leitor: que goste logo de Laura.

Em tom coloquial, Clarice Lispector expõe todo o seu talento como contadora de história, criando uma cumplicidade especial com o leitor. O texto é agradabilíssimo e aborda temas como o meda da morte, discriminação racial e qualidade de valores humanos, de forma humorada e divertida. Coisa de mestre.

Considera um dos maiores nomes da literatura brasileira, Clarice Lispector era apaixonada por crianças e animais, e criou mais três livros para o público infantil, além de escrever uma versão de doze lendas brasileiras, chamada Como nasceram às estrelas.


O Fantástico Mistério da Feiurinha, de Pedro Bandeira. Ilustração de Avelino Guedes

Neste livro, Pedro Bandeira explora o que acontece nos contos de fada depois que a história termina com o famoso “e foram felizes para sempre”. Na trama, Branca de Neve, já grávida do sétimo filho, reúne várias princesas do mundo do faz de conta porque há um mistério no ar. Há tempos a princesa Feiurinha está desaparecida.

Preocupada com o sumiço da amiga, que ameaça a garanti de felicidade eterna dada a elas, Branca decide enviar um mensageiro ao Escritor para que ele possa solucionar o caso.

O Escritor também fica intrigado com a situação, ainda mais porque nunca ouviu falar da tal princesa. Até que compreende: Feiurinha sumiu porque sua história nunca foi escrita!

Com diálogos bem humorados e inspirados, a aventura de Pedro Bandeira fisga o leitor e é difícil abandonar a leitura. Escrita na década de 1980, a obra é considerada um clássico da literatura infantil brasileira. Já foi encenada várias vezes e foi adaptada para o cinema.


Ou Isto ou Aquilo, de Cecília Meireles. Ilustração de Thais Linhares

Esta obra é, certamente, um dos mais importantes livros de poemas para crianças. O texto é de 1964 continua atual e tão bom, que vem passando de geração em geração. Cecília Meireles tinha o dom de brincar com as palavras e suas possibilidades sonoras, entrelaçando os fatos com rimas e transformando o dia a dia em poesia.

Os poemas falam de sonhos, fantasias, jogos, brincadeira e natureza, entre outros assuntos que, vistos sob a ótica iluminada da poetisa, ganham graça, musicalidade e magia.

A habilidade da Cecília em combinar palavras e extrair delas novas possibilidades é um deleite para o leitor. Às vezes, ela escolhe palavras que rimam, mas que combinam tanto, que faz todo o sentido estarem ali juntas. Ou então, faz uma união improvável de palavras para expressar uma ideia, como é o caso de “Procissão de Pelúcia”.


Lúcia Já-Vou-Indo, de Maria Heloisa Penteado. Ilustração da própria autora

Esta é a história da lesma Lúcia que, como tal, não conseguia fazer nada depressa. Andava devagar, falava devagar, chorava e ria devagarinho e pensava mais devagar ainda. Depois de perder vários eventos, porque nunca conseguia chegar a tempo, Lúcia decide que não vai mais perder de jeito nenhum a festa de Chispa-Foguinho, a libélula. Por isso, decide sair de casa com bastante antecedência.

O problema é que, para cada ação ou providência que tem de tomar, lá se vão muitas horas... A narrativa de Maria Heloisa Penteado flui prazerosamente e o leitor fica curioso para saber como a história termina. A boa surpresa é que o final do livro não é óbvio: surpreende e diverte!


A Bolsa Amarela, de Lygia Bojunga. Ilustração de Marie Louise Nery

Em uma velha bolsa amarela a garota Raquel esconde três grandes vontades: a de crescer, a de ser garoto e a de se tornar escritora. Entre episódios reais, do dia a dia de Raquel, e fantasias provenientes de sua imaginação fértil, o jovem leitor é levado, por um texto fluente e convidativo, a uma aventura espiritual fascinante.

Além das três grandes vontades, a bolsa abriga dois galos, um guarda-chuva mulher, um alfinete de segurança e, claro, muitos pensamentos e diversas histórias inventadas pela narradora. Quando as vontades engordam, a bolsa fica mais pesada. Quando emagrecem, ela fica mais leve.

Lygia foi a primeira brasileira a ganhar a medalha Hans Christian Andersen, concedida pelo IBBY (International Board on Books for Young People), instituição mais importante da literatura infantil mundial. O prêmio veio em 1982, pelo conjunto de sua obra.


O Menino Maluquinho de Ziraldo. Ilustração do próprio autor

Este é um caso clássico de personagem que, de tão bem construído, ganhou vida própria. Há mais de 30 anos, o Menino Maluquinho faz sucesso e continua conquistando leitores. Já virou filme, peça de teatro, história em quadrinhos, ópera infantil e videogame.

Na história, o protagonista é um garoto curioso e esperto que vive aprontando. Ele também é a alegria da casa, o amigo querido, sempre aguardado pela turma. Bom aluno, ele pode tirar dez em todas as matérias, mas é nota zero em comportamento!

O texto enxuto e as ilustrações cheias de humo de Ziraldo formam uma dupla imbatível. Impossível desassociar uma coisa da outra. O Menino Maluquinho já vendeu mais de 2,5 milhões de exemplares.


Uni Duni Tê, de Angela-Lago. Ilustração da própria autora

Nesta divertida história policial, o grande mistério a ser investigado é o sumiço de um salame e de um sorvete colorido, que estavam na geladeira do senhor Cravo. Em meio a surpresas e reviravoltas, participam da história a viúva do Xica, seu gato inseparável, a esperta Terezinha de Jesus e o delegado Samba Lelê.

E, assim, mesclando personagens de cantigas conhecidas do repertório popular, a escritora e ilustradora Angela-Lago constroi uma narrativa de mistério, em que se destacam o tom de humor e de nonsense. Sua receita de texto produz um efeito curioso e surpreendente.

Para completar, suas ilustrações têm uma participação especial. Além de dialogar com o texto e enriquecê-lo, elas fornecem pistas ao leitor em relação ao mistério proposto na história. Por isso, vale a pena prestar bastante atenção aos detalhes dos desenhos.


Chapeuzinho Amarelo, de Chico Buarque. Ilustração de Ziraldo

A habilidade de Chico Buarque de lidar com as palavras fica, mais uma vez, evidente nesta obra que é considerada um clássico da literatura infantil brasileira.

No poema, Chapeuzinho tem um problema paralisante: ela tem muito medo de tudo. Seu medo é tão intenso que ela chega até a sentir medo do medo! Seu maior medo, no entanto, é do terrível e desconhecido lobo. O vilão povoa tanto seus pensamentos, que um dia ela se depara com ele bem na sua frente.

Ao encarar o seu maior desafio, a personagem acaba vencendo os seus medos e descobre a alegria de viver. Bela combinação de ideias e palavras fazem deste livro uma joia, para ser lido e relido muitas vezes.


O Menino Mágico, de Rachel de Queiroz. Ilustração de Laura Beatriz

Com um jeito envolvente de narrar, Rachel de Queiroz conta a história de Daniel, um menino de seis anos que, certo dia, se descobre mágico. Seu primeiro número foi dormir no quarto dele e amanhecer em outra cama, em outro quarto.

Graças à imaginação fértil e aos poderes mágicos, o garoto consegue viajar para os lugares mais incríveis e fazer coisas com que um menino normal nem sonharia! O melhor amigo de Daniel é o seu primo Jorge, que é muito inteligente. Juntos, os dois vivem incríveis aventuras e vão até parar em um programa de televisão.

Segundo Rachel de Queiroz, a inspiração para esta obra dinâmica e divertida foi o sobrinho, Daniel, que tinha sete anos na época em que o livro foi escrito. O Menino Mágico foi premiado pela Unesco como um dos melhores, da literatura infantil.


A Vaca Proibida, de Edy Lima. Ilustração de Michele Lacocca

A família do garoto Lalau, narrador desta história, está muito longe de ser comum. Ela é composta por tia Maricotinha, que adora cozinhar, tia Quinquinha, que transforma coisas em ouro e Gumercindo, que era noivo da irmã das tias. A noiva acabou morrendo de rir quando foi pedida em casamento e, desde então, o cunhado solitário passou a viver com o tio. Ah! E tem a vaca, que dá título ao livro, e é o bicho de estimação da família.

Nesta divertida e amalucada história, o desafio da família é impedir que a vaca querida seja levada pela Sociedade Amigos dos Bichos do Bairro. Andam desconfiando que o animal sofra maus tratos dos donos, porque já foi visto voando pelas redondezas!

Graças ao talento e a grande habilidade de Edy Lima, o leitor é surpreendido com um enredo cheio de magia e situações surrealistas que divertem, provocam risos e, de que quebra, questionam a realidade vigente e fazem pensar.


A Vaca Mimosa e a Mosca Zenilda, de Sylvia Orthof. Ilustração de Gê Orthof

Voltado para o público mais novo, este livro de Sylvia Orthof explora a sonoridade das palavras para contar a divertida história de um encontro entre uma vaca e uma mosca.

Mimosa é tão linda que dá gosto de olhar. Ela é tão bela que Zenilda deseja ficar perto da vaca para ver se fica bonita também. Mas uma mosca por perto incomoda. Zune perto da orelha, faz coceguinha quando pousa no corpo e deixa Mimosa vesga ao parar bem no nariz dela! Com muito humor e graça, a escritora fala do relacionamento entre esses dois animais, brincando com as palavras e criando situações que costumam provocar o riso nos pequenos.


A Operação do Tio Onofre, de Tatiana Belinky. Ilustração de Alcy

Nesta divertida história policial, a protagonista é Talita, uma garota que tem a mania de inventar nomes que rimam com os objetos da casa. Assim, o armário vira Doutor Armário. A poltrona é chamada de Vó Gordona e a mesa Dona Teresa.

Como a família da menina é muito bem humorada todos participam da brincadeira. E isso acaba sendo muito útil quando dois assaltantes invadem a casa de Talita.

Durante o roubo, o telefone toca e, para não levantar suspeitas, a menina atende a ligação. Do outro lado linha está o seu pai. Talita, então fala sobre a operação do “tio Onofre”, alertando-o de que a família está em apuros.

Se você aí ainda não percebeu, pense um pouco e descubra que palavra rima com Onofre. Por meio da habilidade genial de Tatiana Belinky, o leitor embarca em uma bela história que mistura suspense, humor e criatividade.

Publicado em 1985, este foi o primeiro livro publicado por Tatiana. A autora ganhou o Prêmio Jabuti como Personalidade Literária do ano, em 1989. Atualmente, são mais de 270 livros publicados pela escritora, entre traduções, adaptações e inéditos.


Uma Ideia Toda Azul, de Marina Colasanti. Ilustração da própria autora

O título do livro é um dos dez contos que compõem esta obra premiada de Marina Colasanti. Como a própria autora explica na introdução, a temática escolhida são os contos de fadas. Por isso, as histórias se passam em castelos, bosques e reinos distantes e, entre os personagens, estão reis, princesas, unicórnios e gnomos.

Embora tais protagonistas façam parte do universo da fantasia, a escritora deixa claro para o leitor que sonhos, medos e desejos fazem parte da condição humana e sempre irão encontrar ressonância.

No conto Uma Ideia Toda Azul, o rei fica tão feliz com uma ideia que acabara de ter, que teme perdê-la. Por isso, não a conta pra ninguém. Já em Além do Bastidor, uma menina vai pra dentro do bordado que ela mesma faz todos os dias. A sonoridade poética da linguagem, um traço característico da autora, também está presente neste livro e é um destaque.


Tonzeca, O Calhambeque, de Camila Cerqueira Cesar. Ilustração de Maria Heloisa Penteado

O grande destaque deste livro é o narrador. Quem conta sua própria história é o calhambeque Tonzeca. A partir de seu ponto de vista, o velho “forde-de-bigode” narra sua trajetória de vida e sua amizade especial com o dono Nhotom.

Quando é comprado por Nhotom, o calhambeque já é um modelo ultrapassado, mas isso não é problema para o motorista, que trata o veículo com muito carinho e respeito. Tonzeca, por sua vez, retribui o tratamento oferecendo seu melhor desempenho e, entre os dois, surge um relacionamento de parceria e cumplicidade.

A autora Camila Cerqueira Cesar tece uma narrativa saborosa e fluente. E a construção dos personagens é tão bem feita, que o fato de um calhambeque ser o narrador não causa estranheza ou soa forçado. Pelo contrário: é extremamente verossímil. A prosa de Tonzeca, inclusive, é deliciosa! O leitor é fisgado desde o começo e deslancha na leitura.


A propósito, você já acessou a fan page do meu livro infantil Juju Descobrindo Outro Mundo? Não imagina o que está perdendo. Acesse: www.fecebook.com/jujudescobrindooutromundo.

E o site da Juju Descobrindo Outro Mundo, já o acessou? Se eu fosse você iria conferir imediatamente. Acesse: www.admiraveljuju.com.br 



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