Uuuaaaaauuuu!
A primeira impressão foi de que não havia lido nenhum dos livros selecionados
por Euler de França Belém – sugestões enviadas pela Revista Bula de dezembro
passado. De repente comecei a me sentir decepcionado comigo mesmo. Um leve
sorriso deu mostras de que não estou assim tão desinformado quanto parecia.
Eis
que surge Sagarana de Guimarães Rosa que havia lido há muito tempo. Agora ressurgindo
como um diamante da literatura brasileira. Preciso lê-lo novamente e relembrar
os acontecimentos e o conteúdo rico em situações que somente Guimarães soube
transferir para suas obras. E nas suas incursões pelo universo mineiro,
acentuando os costumes e as práticas comuns dos habitantes nos pequenos povoados.
Sagarana
é a primeira obra de Guimarães Rosa, publicada em 1946, contendo nove Contos de
notável riqueza literária. Outras obras também mereceram aplausos, sendo Grande
Sertão: Veredas de 1956 o seu livro mais popular e que o destacou pela sua
incrível facilidade de expressar ocasiões em que o sertão mineiro foi palco de
fantásticas aventuras envolvendo vaqueiros e jagunços.
Dentre
os nove contos de Sagarana, gostei mais de: A volta do marido pródigo, Duelo,
Conversa de bois e São Marcos, sem desmerecer os demais, é claro.
-
Memorial de Aires foi a última obra de Machado de Assis, publicada em 1908, ano da sua morte.
Lamento, mas não o li, embora ele faça parte
do acervo da minha pequena biblioteca. Consta no III Volume de uma coleção tipo
capa dura, editada pela LEL – Linográfica Editora Ltda de São Paulo. Não deixa
identificada a data de sua publicação, mas deduz-se ser bem antiga, pelo tipo de
papel e as folhas já amareladas.
Todavia,
pude perceber que foi escrito sob o formato de um diário. Veremos mais detalhes
assim que o ler, iniciativa que prometo não tardar em torná-la realidade.
-
São Bernardo foi o segundo livro de maior popularidade para Graciliano Ramos, publicado
em 1936. Vidas Secas de 1938 foi sem dúvida a sua mais expressiva obra.
Em
São Bernardo, narra-se a história de Paulo Honório - que se transcorre no
interior alagoano -, desde sua infância pobre, suas aventuras e desventuras. Sem
deixar de lado o seu principal objetivo: ganhar muito dinheiro e adquirir a
fazenda São Bernardo que significava muito para ele, por se tratar do lugar
onde trabalhara.
Para
tanto, utiliza-se de métodos nada éticos. Favorecendo-se de atitudes indignas,
manda matar seu vizinho de propriedade, que resulta na ampliação de sua fazenda
São Bernardo.
-
Poesia 1930–1962 do escritor mineiro, Carlos Drummond de Andrade, também é
outro livro que não o li. Mas pelo que fui informado, foi escrito no auge de
sua forma literária. Segundo analistas no assunto, por se tratar de uma edição
com escritos selecionados de forma criteriosa, porém, disponíveis em
publicações anteriores, passou por modificações atualizadas.
Em
Poesia 1930–1962, Drummond, preocupou-se com a fácil assimilação do conteúdo,
buscando expressões exatas na composição de suas ideias, por meio de pesquisas
realizadas a partir de diversos arquivos e bibliotecas. Contém também um artigo
de Júlio Castañon, descrevendo sobre as pesquisas que ocorreram, além de textos
críticos da época.
22 livros que são diamantes para o cérebro
Por: Euler de França Belém - Revista Bula
Livros,
bons livros, são verdadeiros diamantes para o cérebro ou, se quiser, para a
alma. Aliás, até maus livros, se bem lidos, se tornam pelo menos uma vistosa
bijuteria. Nesta lista, idiossincrática como qualquer outra, menciono livros
que, em geral, foram editados no Brasil há alguns anos. Mas poucos estão fora
de catálogo. Os que estão podem ser encontrados em sebos – caso da obra-prima “Paradiso”,
romance do Lezama Lima. Quando Fidel Castro for um rodapé na história de Cuba,
daqui a 55 anos, Lezamo Lima permanecerá sendo lido.
Os Anos de Aprendizado de Wilhelm Meister, de
Goethe
O
livro de Johann Wolfgang Von Goethe “criou”, segundo Marcus Vinicius Mazzari, “o
gênero que mais tarde foi chamado de “romance de formação” (Bildungsroman), a
mais importante contribuição alemã à história do romance ocidental. (...)
Goethe empreendeu a primeira grande tentativa de retratar e discutir a
sociedade de seu tempo de maneira global, colocando no centro do romance a
questão da formação do indivíduo, do desenvolvimento de suas potencialidades
sob condições históricas concretas”. (Editora 34, tradução de Nicolino Simone
Neto.)
A Consciência de Zeno, de Italo Svevo
Svevo
às vezes é mais citado como “o” amigo italiano de James Joyce. O irlandês foi
seu professor de inglês. Poucas vezes um burguês foi retratado com tanta
felicidade quanto neste romance. Zeno, um fumante inveterado – nada politicamente
correto -, submete-se à psicanálise e, em seguida, desiste, porque deixa de
acreditar na “ciência” de Freud. O livro é de 1923. Zeno, grande personagem,
faz um mergulho poderoso na sua própria vida. Otto Maria Carpeaux qualificou o
romance de “genial”. (Tradução de Ivo Barroso. Editora Nova Fronteira.)
Folhas de Relva, de Walt Whitman
Walt
Whitman não é “um” e sim “o” poeta norte-americano. Segundo Otto Maria
Carpeaux, é um “poeta para poetas”. Dado o uso intensivo do verso livre, que
ele “criou” como um método – então novo e rebelde em relação à poesia
metrificada -, o poema longo de Whitman deveria ser de fácil acesso. Se fosse
russo, seria cantão nas ruas, como se faz com Púchkin. A dificuldade teria a
ver mais com o poema longo do que com o poema em si? Pode ser. O que a poesia
de Whitman exige é um leitor atento. Harold Bloom o apresenta como “fundador”
da poesia americana. “O” poeta. Há algumas traduções no Brasil. As mais citadas
são as de Bruno Gambarotto (Hedra), Rodrigo Garcia Lopes (Iluminuras) e Geir
Campos (Civilização Brasileira). Há uma da Editora Martin Claret.
A Montanha Mágica, de Thomas Mann
É
o segundo grande romance de formação alemão. O livro conta a história do jovem
Hans Castorp, que, ao visitar uma clínica para tuberculosos na Suíça,
amadurece, participa de debates filosóficos. Enfim, vive e cresce. Mann
escreveu: “E que outra coisa seria de fato o romance de formação alemão, a cujo
tipo pertence tanto o “Wilhelm Meister” como “A Montanha Mágica”, senão uma
sublimação e espiritualização do romance de aventuras?” (Nova Fronteira, tradução
de Herbert Caro.)
A Lebre Com Olhos de Âmbar, de Edmund de Waal
O
romance de Wall parece, à primeira vista, um trabalho de arqueologia literária
escrito por uma sensibilidade do século 19. Há, aqui e ali, uma percepção meio
proustiana da vida. Porém, a obra é de 2010. O belíssimo livro, escrito por
alguém que tem a percepção de que Deus às vezes está nos detalhes, ganhou
elogios de pesos pesados. “De maneira inesperada, combina a micro arte das
miniaturas com a macro história, em um efeito grandioso”, disse Julian Barnes. “Uma
busca, descrita com perfeição de uma família e de um tempo perdido. A partir do
momento em que você abre o livro, já está numa velha Europa inteiramente
recriada”, afirma Colm Tóibín. (Tradução de Alexandre Barbosa de Souza. Editora
Intrínseca.)
Guerra e Paz, de Liev Tolstói
Se
tivesse lido cuidadosamente o romance “Guerra e Paz” – literatura e história -,
Adolf Hitler não teria invadido a União Soviética, em 1941, ou seja, 129 anos
depois, mas com os mesmos resultados funestos das tropas de Napoleão Bonaparte.
Liev Tolstói examinou a história cuidadosamente e escreveu um romance poderoso
a respeito da invasão napoleônica de 1812. Seu trabalho literário rivaliza-se
com as melhores histórias sobre o assunto. Detalhe: além da guerra, ele examina
minuciosamente a vida civil do período. Como complemento, o leitor pode
consultar “1812 – A Marcha Fatal de Napoleão Rumo a Moscou”, de Adam Zamoyski.
(Tradução de Rubens Figueiredo, a única feita a partir do russo. Editora Cosac
Naify.)
Paradiso, de Lezama Lima
Trata-se
do mais importante romance escrito por um cubano. Lezama Lima é o James Joyce
ou o Guimarães Rosa de Cuba. Sua posa barroca é densa, às vezes de difícil apreensão,
mas uma leitura cuidadosa, observando-se seus vieses, leva o leitor ao paraíso.
Julio Cortázar escreveu sobre o livro: “Paradiso é como o mar... Surpreendido
em um começo, compreendo o gesto de minha mão quando toma o grosso volume para
olhá-lo uma vez mais; este não é um livro para ler como se leem os livros, é um
objeto com verso e reverso, peso e densidade, odor e gosto, um centro de
vibração que não se deixa alcançar em seu canto mais entranhado se não se vai a
ele com algo que participe do tato, que busque o ingresso por osmose e magia
simpática”. (Brasiliense, com tradução de Josely Vianna Baptista. A poetisa
refez a tradução, mas um imbróglio jurídico a impede de publicá-la.)
Enquanto Agonizo, de William Faulkner
O
Som e a Fúria, de William Faulkner, é o “Ulisses” norte-americano. Mas o
escritor que resgatou a história do sul profundo dos Estados Unidos por meio da
literatura tem um romance menor (em tamanho) e de alta qualidade – “Enquanto
Agonizo”. Neste livro, todos os personagens têm vozes, apresenta em igualdade
de condições. As vozes parecem um coro e as pessoas estão carregando um caixão,
com o corpo da matriarca da família, mas é como se não saíssem do lugar.
(Tradução de Wladir Dupont, L&PM.)
Aquela Confusão Louca da Via Merulana, de Carlo
Emilio Gadda.
James
Joyce “inventou” clones em alguns países: William Faulkner, nos Estados Unidos
e Guimarães Rosa, no Brasil, são, quem sabe, os mais conhecidos. Chamá-los de
clone contém um certo desrespeito, mas, sem Joyce, Guimarães Rosa certamente
teria sido um José Lins do Rego melhorado. Assim como Faulkner seria um Mark
Twain mais denso. Mas pode-se falar num Joyce italiano? É possível. Carlo
Emilio Gadda, autor de “Aquela Confusão Louca da via Merulana” (Record, tradução
de Aurora Bernardini e Homero de Freitas Andrade), é uma espécie de Joyce que “canibalizou”
Rabelais. É visto como intraduzível. Acima de tudo, é um belíssimo escritor,
autor de histórias fortes contadas de modo inventivo e de uma maneira às vezes
frenética.
Três Tristes Tigres, de Guillermo Cabrera
Infante
O
livro é uma orgia linguística e, por isso, às vezes assusta o leitor
desavisado. Mas, se passar da página 50, o leitor não vai mais parar a leitura
deste livro de arquitetura perfeita, que não se revela assim, dada sua fragmentação.
Cabrera Infante diverte o leitor, em cada página ao resgatar com precisão a
oralidade, a vida comum e a vida cultural de Cuba. Logo no início, no qual há
mistura de línguas, Carmen Miranda e Joe Carioca são citados. Oswald de Andrade
veria, neste belíssimo romance, a antropofagia trabalhada com mestria. (Luís
Carlos Cabral traduziu o romance com rigor, decifrando ao máximo suas muitas
dificuldades linguísticas e culturais. José Olympio Editora.)
A Branca Voz da Solidão, Emily Dickinson
Esclareça-se:
a poetisa norte-americana Emily Dickinson não publicou nenhum livro. Seus quase
2 mil poemas foram publicados depois de sua morte, em 1886. Ela tem sido bem
traduzida no Brasil, desde Manuel Bandeira até Augusto de Campos e Aíla de
Oliveira Gomes. Mas ninguém fez tanto pela poesia de Emily Dickinson no Brasil
quanto José Lira, tradutor desta coletânea. Lira não introduziu sua poesia no
país, mas pode-se dizer que a consolidou – tanto com as traduções inventivas,
quanto com a crítica refinada. Outro livro traduzido por ele: “Emily Dickinson:
Alguns Poemas”. (Editora Iluminuras.)
Vida Querida, de Alice Munro
Alice
Munro é uma das maiores escritoras canadenses. É considera como a Tchekhov da
América, embora seja menos ousada do que o russo. Seus contos são romances em
miniatura, amplamente desenvolvidos e, às vezes, sutis. Neste livro, além dos
contos, há narrativas autobiográficas – um artifício inteligente no qual se usa
a ficção para iluminar pedaços sempre escuros da vida dos indivíduos. (Tradução
de Caetano W. Galindo. Companhia das Letras.)
Sagarana, de Guimarães Rosa
Todos
sabem: a obra-prima de Guimarães Rosa é “Grande Sertão: Veredas”, o romance
brasileiro que mais dialoga com a literatura internacional – e sem submissão.
Nos contos não há a mesma invenção, aquela linguagem rodopiante, que às vezes
deixa o leitor tonto. Ainda assim, os contos de “Sagarana” merecem uma leitura
atenta, alguns são “Pequenos Sertões: Veredas”. Alguém é capaz de ler e
esquecer, por exemplo, “A hora e a vez de Augusto Matraga” e “Corpo Fechado”?
(Editora Nova Fronteira.)
Memorial de Aires, de Machado de Assis
Se
der ouvidos a certa crítica, o leitor “patropi” passará a acreditar que Machado
de Assis só escreveu três romances: Dom Casmurro, Quincas Borba e Memórias
Póstumas de Brás Cubas. O mago dos contos raramente é citado, exceto por alguns
especialistas, como o inglês John Gledson. Mas há um “romancinho” de Machado de
Assis que é maravilhoso. “Memorial de Aires” é muito bem escrito. É de uma
sutileza rara no panorama cultural brasileiro. E, claro, é divertido, talvez
porque menos pretensioso (a grande arte é sempre pretensiosa) do que as
obras-primas “Dom Casmurro” e “Memórias Póstumas de Brás Cubas”.
Reparação, de Ian McEwan
Pense
em Ian McEwan como uma espécie de Henry James modernizado, pós-jazz e pós-rock.
O autor, talvez o mais refinado escritor inglês vivo – acima de pares como
Martin Amis e Julian Barnes (este, às vezes subestimado, ao menos no Brasil) -,
aparentemente mistura, aqui e ali, tanto Virginia Woolf quanto Henry James em
suas histórias. Mas sua dicção para mostrar a ambivalência dos indivíduos é
moderna, não é do século 19, quando James, o Henry, se formou. McEwan conta, em
“Reparação”, uma história extraordinária, mas o modo como a relata, com
personagens “manipulados” pelo meio e pelas próprias personagens, ou por uma
delas, é que torna o romance interessante. Fica-se com a impressão de que há
duas histórias – uma dominante e uma alternativa. O que é e o que poderia ter
sido.
Ulysses, de James Joyce
É
o romance dos romances. Não é à toa que o idiossincrático Harold Bloom – que avalia
que Shakespeare é Deus, e não apenas da literatura, pois teria inventado o
homem que se tem hoje nas ruas – considere James Joyce como um par do autor de “Hamlet”
e “Rei Lear”. Ulysses reinventa o romance moderno, tomando os posteriores
espécies de sombras, não raro pálidas. Mesmo quem não o segue, rumando para
outra estética, acaba se tornando tributário. As três traduções são de Antônio
Houaiss (Civilização Brasileira). Bernardina Pinheiro (Objetiva) e Caetano W
Galindo (Companhia das Letras.)
São Bernardo, de Graciliano Ramos
O
romance mais importante de Graciliano Ramos é “Vidas Secas? Sem dúvida. Mas,
num tempo de hegemonia dos estudos de gênero – que matam a literatura em nome
de uma ideologia primária -, nada mais significante do que indicar “São
Bernardo”. Este livro, se as feministas atuais lessem – as que leem são
exceções -, se tornaria uma bíblia. Mas uma bíblia sem concessões moralistas.
Poucos autores “patropis”, mesmo entre as mulheres, construíram tão bem um
homem autoritário, até totalitário, quanto o Velho Graça (Editora Record.)
Retrato de uma Senhora, de Henry James
Mestre
da ambiguidade, Henry James construiu romances de alta voltagem sobre grandes
mulheres, americanas ou inglesas. Pode-se dizer até, que suas mulheres, sempre
mais sutis, são mais bem construídas do que as personagens masculinas. Neste
romance, há uma grande personagem, Isabel Archer. O leitor poderá sugerir: “Mas
ela é enganada por um homem”. Por certo, é. Mas permanece como uma grande
personagem. Este livro – ao lado de “As Asas da Pomba! – deveria ser lido por
todos os leitores, sobretudo, pelas mulheres. Os homens deveriam amarrá-las
para que lessem esta obra-prima? Nem tanto. É crime. A Lei Maria da Penha é um
perigo. (Companhia das Letras, tradução de Gilda Stuart.)
Conversa no Catedral, de Mario Vargas Llosa
O
percurso literário de Vargas Llosa é curioso. Começou como um autor inventivo,
na linhagem de Faulkner, e se tornou, nos romances mais recentes, um escritor
mais tradicional, tão límpido quanto, digamos, Flaubert. Tornou-se um grande
narrad0or clássico, mais acessível. Seu romance mais experimental é “Conversa
no Catedral”, no qual diálogos de personagens diferentes são misturados, numa
bela orgia linguística. É como se o Nobel de Literatura nos dissesse que a
Linguagem é uma personagem tão ou mais importante do que Santiago e Ambrosio.
(Alfaguara, tradução de Ari Roitman e Paulina Wacht.)
Poesia 1930-1962, de Carlos Drummond de Andrade
O
poeta Carlos Drummond de Andrade talvez tenha apenas dois rivais em língua
portuguesa – Camões e Fernando Pessoa. No Brasil, quem mais se aproximou a uma
distância de 10 mil quilômetros, foi João Cabral de Melo Neto. Ninguém mais. “Poesia
1930-1962 – Edição Crítica contém o que há de melhor do escritor mineiro. É,
digamos, sua bíblia. Aí está o Drummond, modernista total, de corpo e alma.
Como presente de Natal, o preço é salgado, R$179 reais, mas a edição,
caprichada, vale à pena. O preço será esquecido, mas o presenteador e o livro
decerto jamais serão olvidados. (Editora Cosac Naify.)
O Deserto dos Tártaros, de Dino Buzatti
O
maior crítico brasileiro Antonio Cândido, aponta o romance do escritor italiano
como um dos mais importantes da história da literatura. Fica-se com a impressão
de que a história não anda, ou que anda para trás, ou melhor, que a personagem
central, o tenente Giovanni Drogo, espera tanto que insinua-se paralisado, como
se a história estivesse estancada. De permeio, a linguagem refinada de Dino
Buzatti. (Editora Nova Fronteira, tradução de Aurora Fornoni Bernardini e
Homero de Freitas Andrade.)
Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust
Harold
Bloom percebe Marcel Proust como o maior escritor francês, acima de Flaubert, o
“santo” de devoção de Mario Vargas Llosa. Proust não sabia avaliar se “Em Busca
do Tempo Perdido” era um romance, ou algo mais. Talvez seja muito mais do que
um romance. Quiçá uma bíblia da civilização humana, mais do que da francesa.
Ciúme, memória-tempo, amizade, sexualidade – eis alguns dos temas candentes do
escritor. Duas editoras se encarregaram de traduzir a obra-prima, a Globo e a
Ediouro. No time de tradutores da Globo, estão Mario Quintana, Manuel Bandeira,
Calos Drummond de Andrade, entre outros. Fernando Py enfrentou solitariamente
as centenas de páginas de um autor de prosa densa (quem só defende literatura
concisa não sabe a delícia que é Proust). Mario Sergio Conti prepara a terceira
tradução para a Companhia das Letras.
Imagens: Google image e Revista Bula