Urgente!
Esta informação já deveria ter sido divulgada em caráter de urgentíssimo!
Uma bela biblioteca digital, desenvolvida em software livre, mas que está prestes a ser desativada por falta de acessos. Imaginem um lugar onde você pode gratuitamente:
a) - Ver as grandes pinturas de Leonardo Da Vinci;
b) - Escutar músicas em MP3 de alta qualidade;
d) - Ter acesso às melhores historinhas infantis e vídeos da TV Escola e muito mais... Este lugar existe!
O Ministério da Educação disponibiliza tudo isto, basta acessar o site:
Só de literatura portuguesa são 732 obras.
Estamos em vias de perder tudo isto, pois vão desativar o projeto por desuso, já que o número de acessos ser muito pequeno. Vamos tentar reverter esta situação, divulgando e incentivando amigos, parentes e conhecidos, a utilizarem essa fantástica ferramenta de disseminação da cultura e do gosto pela leitura.
Texto me enviado por e-mail.
Foto: Fotosearch
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Máquina de escrever
A gaúcha Letícia Wierzchowski faz sucesso com A Casa das Sete Mulheres e lança sua sexta obra em quatro anos de carreira.
A gaúcha Leticia Wierzchowski, de 30 anos, é um fato novo na literatura brasileira. Há muitos anos não se via ficcionista jovem e desconhecida atingir o alto das listas de vendagem. Conseguiu a façanha com o romance A Casa das Sete Mulheres. O livro narra a Revolução Farroupilha (1835 - 1845) pelo ângulo feminino. Representa, também um caso exemplar de construção do sucesso em várias frentes, a começar pela televisão. Estourou por causa da audiência da série homônima da Globo, que estreou em janeiro e atinge, até agora, a média de audiência de 30 pontos do Ibope. Lançado em abril de 2002, o livro já havia esgotado três edições em oito meses. Com a série, foram-se outras três em menos de um mês, num total de 20 mil exemplares.
Leticia aproveita e lança a novela O Pintor Que Escrevia, sexto livro de ficção em quatro anos de carreira, em torno de um caso incestuoso. Finalizou, ainda, um romance, a sair até o fim do ano, sobre um malandro no submundo carioca dos anos 50. Mas há algo além do êxito a partir da telinha. Pela primeira vez no Brasil, um livro foi concebido para virar imagem. É o que os americanos chamam de tie-in, história projetada para se realizar na tela. Antes de a obra ter sido concluída, em nove meses, em junho de 2001, uma sinopse já circulava na Globo.
"Tudo ocorreu como um conto de fadas", comenta a agente literária Lucia Riff. Ela foi responsável pela mudança de editora de Leticia em 2000, da média L&PM para a grande Record, e por a história ter chagado à Globo. A agente levou a edição a Maria Adelaide Amaral, escritora que adapta histórias para as séries da emissora. Ela adorou. "Não me lembro de nada igual", diz a editora Luciana Villas-Boas, da Record. Quando começou a trabalhar nos originais, pensava que o futuro de Leticia seria brilhante, em dez anos. "Ela tem apelo audiovisual e teve sorte de ser lida por gente influente", diz. Luciana acha que a autora indica "mudança no mercado, pois ajuda a aumentar o público e a amadurecer a indústria, capaz de produzir autores vendáveis de ficção, não apenas de auto-ajuda". A editora está feliz por ter forjado o que ela donomina "a Rosa-munde Pilcher brasileira". Explica que o texto romântico de Leticia seduz o público feminino de modo parecido ao da escritora inglesa, especialista em destilar conflitos lacrimejantes em ambientes silvestres. Ambas vendem como feno. Mas há distinções. Se Rosa-munde reciclou o "romance para moças", Leticia prende-se à tradição brasileira. Lembra Rachel de Queiroz em seus anos sentimentais e dá um toque feminino à literatura gauchesca.
A crítica culta, pelo menos a do Sul, se rendeu ao charme da filha da terra, depois de um breve surto de ciumeira. Leticia sofreu ataques e se magoou. Acusaram-na de "modorrenta" e de profanar o túmulo de Erico Verissimo, autor de O Tempo e o Vento. Para fugir do assédio, passou janeiro em Punta del Este. De lá, assistiu, divertida, à série. "As cenas de sexo não têm a ver com o livro, que trata de moças vigiadas de 1830. Mas não posso reclamar, posso?" Ela se descreve como "contadora de histórias com cumpulsão de escrever". E arremata: "Não quero conquistar a crítica, mas arrancar o leitor do cotidiano e levá-lo à aventura". Filha de um incorporador imobiliário, morou numa casa de quatro mulheres (é a mais velha de três irmãs), leu Gabriel Garcia Márquez e não pensava em ser escritora. Trabalhou com o pai, desenhava bem e montou uma confecção. "Cursei arquitetura, mas desisti para escrever." A revelação se confirmou na Oficina de Criação Literária, do escritor Luiz Antonio de Assis Brasil. "Quando Leticia concluiu o curso, em 1997, tinha quatro romances prontos", entusiasma-se o professor. "Nunca vi alguém com tamanha produtividade. É um Balzac de saias."
A gaúcha Leticia Wierzchowski, de 30 anos, é um fato novo na literatura brasileira. Há muitos anos não se via ficcionista jovem e desconhecida atingir o alto das listas de vendagem. Conseguiu a façanha com o romance A Casa das Sete Mulheres. O livro narra a Revolução Farroupilha (1835 - 1845) pelo ângulo feminino. Representa, também um caso exemplar de construção do sucesso em várias frentes, a começar pela televisão. Estourou por causa da audiência da série homônima da Globo, que estreou em janeiro e atinge, até agora, a média de audiência de 30 pontos do Ibope. Lançado em abril de 2002, o livro já havia esgotado três edições em oito meses. Com a série, foram-se outras três em menos de um mês, num total de 20 mil exemplares.
Leticia aproveita e lança a novela O Pintor Que Escrevia, sexto livro de ficção em quatro anos de carreira, em torno de um caso incestuoso. Finalizou, ainda, um romance, a sair até o fim do ano, sobre um malandro no submundo carioca dos anos 50. Mas há algo além do êxito a partir da telinha. Pela primeira vez no Brasil, um livro foi concebido para virar imagem. É o que os americanos chamam de tie-in, história projetada para se realizar na tela. Antes de a obra ter sido concluída, em nove meses, em junho de 2001, uma sinopse já circulava na Globo.
"Tudo ocorreu como um conto de fadas", comenta a agente literária Lucia Riff. Ela foi responsável pela mudança de editora de Leticia em 2000, da média L&PM para a grande Record, e por a história ter chagado à Globo. A agente levou a edição a Maria Adelaide Amaral, escritora que adapta histórias para as séries da emissora. Ela adorou. "Não me lembro de nada igual", diz a editora Luciana Villas-Boas, da Record. Quando começou a trabalhar nos originais, pensava que o futuro de Leticia seria brilhante, em dez anos. "Ela tem apelo audiovisual e teve sorte de ser lida por gente influente", diz. Luciana acha que a autora indica "mudança no mercado, pois ajuda a aumentar o público e a amadurecer a indústria, capaz de produzir autores vendáveis de ficção, não apenas de auto-ajuda". A editora está feliz por ter forjado o que ela donomina "a Rosa-munde Pilcher brasileira". Explica que o texto romântico de Leticia seduz o público feminino de modo parecido ao da escritora inglesa, especialista em destilar conflitos lacrimejantes em ambientes silvestres. Ambas vendem como feno. Mas há distinções. Se Rosa-munde reciclou o "romance para moças", Leticia prende-se à tradição brasileira. Lembra Rachel de Queiroz em seus anos sentimentais e dá um toque feminino à literatura gauchesca.
A crítica culta, pelo menos a do Sul, se rendeu ao charme da filha da terra, depois de um breve surto de ciumeira. Leticia sofreu ataques e se magoou. Acusaram-na de "modorrenta" e de profanar o túmulo de Erico Verissimo, autor de O Tempo e o Vento. Para fugir do assédio, passou janeiro em Punta del Este. De lá, assistiu, divertida, à série. "As cenas de sexo não têm a ver com o livro, que trata de moças vigiadas de 1830. Mas não posso reclamar, posso?" Ela se descreve como "contadora de histórias com cumpulsão de escrever". E arremata: "Não quero conquistar a crítica, mas arrancar o leitor do cotidiano e levá-lo à aventura". Filha de um incorporador imobiliário, morou numa casa de quatro mulheres (é a mais velha de três irmãs), leu Gabriel Garcia Márquez e não pensava em ser escritora. Trabalhou com o pai, desenhava bem e montou uma confecção. "Cursei arquitetura, mas desisti para escrever." A revelação se confirmou na Oficina de Criação Literária, do escritor Luiz Antonio de Assis Brasil. "Quando Leticia concluiu o curso, em 1997, tinha quatro romances prontos", entusiasma-se o professor. "Nunca vi alguém com tamanha produtividade. É um Balzac de saias."
Um dos livros saídos do curso foi o romance fantástico O Anjo e o Resto de Nós, com o qual estreou em 1998. Desde então, produz uma média de duas obras anuais. A fecundidade levou-a a ultrapassar seu padrinho literário, Tabajara Ruas, cunhado de sua tia, autor de seis livros. Ela se inspirou no romance Os Varões Assinalados (1985), de Ruas, para contar sua versão da Guerra dos Farrapos. "Ela tem talento e só lhe falta cinzelar o estilo", diz Ruas. Para o crítico Luis Augusto Fischer, Leticia é um fenômeno. "É capaz de criar um épico pré-colombiano em mais de 1 000 páginas durante uma viagem de apenas uma hora!", garante. O poeta Fabrício Carpinejar pensa que A Casa das Sete Mulheres consiste na "súmula de uma narrativa palavrosa sem densidade narrativa". Sugere, porém, que "vele ler sua obra porque ela supera com doçura os dilemas bélicos da literatura gaúcha, além do que a ler é melhor do que sentir inveja de sua personalidade literária".
Dona de uma beleza digna das heroínas que descreve, Leticia leva uma vida ao avesso das fantasias que põe no computador. Casada com o publicitário Marcelo Pires, tem um filho de 1 ano, João, e mora em Porto Alegre. "Minha vida é comum e quase destituída de histórias. Por isso, gosto de inventá-las."
Texto extraído da revista Época de 3 de fevereiro de 2003, escrito por Luís Antônio Giron.
Fotos: revista Época e Veja
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Adiós, Neruda
Poeta chileno não serve mais nem para arranjar namorada.
Sabe aquele Neruda que você me tomou - e nunca leu? Pode ficar com ele. O tempo mostrou que o chileno Pablo Neruda foi um poeta interessante, mas não um dos maiores da língua espanhola. Atingiu cedo o auge, com Residência na Terra (1925 - 1931), mas nas outras 7 000 páginas que se gabava e ter escrito mais diluiu do que refinou esse êxito. Tratava-se também de uma personalidade notável, só que pelo narcisismo e pelo dogmatismo político. Escreveu que Stalin era "mais sábio que todos os homens juntos". Jamais aceitou que o assassinato de milhões pela ditadura soviética pudesse ter algo de criminoso. Assim, os 25 anos da morte de Neruda, celebrados neste dia 23 de setembro de 1998, não são motivo para entusiasmo excessivo nem para que se perca muito tempo com os Cadernos de Temuco que a Bertrand Brasil lança agora (tradução de Thiago de Mello; 266 páginas; 30 reais). Os cadernos foram preenchidos por um Neruda "teen", entre os anos de 1919 a 1920. Ficaram na gaveta por décadas e só há dois anos foram redescobertos e publicados. Há no livro versos que antecipam temas desenvolvidos mais tarde na lírica do poeta, como o erotismo e o fascínio pela natureza. Mas é só. Talvez pesquisadores chilenos - que têm mesmo a obrigação de investigar uma de suas figuras literárias centrais - encontrem valores outros na obra. Para os demais, esses Cadernos de Temuco não servem nem para arranjar namorada. Os versos de Neruda, que faziam suspirar as estagiárias de pernas peludas do anos 70, não comovem mais as moças de hoje.
Sabe aquele Neruda que você me tomou - e nunca leu? Pode ficar com ele. O tempo mostrou que o chileno Pablo Neruda foi um poeta interessante, mas não um dos maiores da língua espanhola. Atingiu cedo o auge, com Residência na Terra (1925 - 1931), mas nas outras 7 000 páginas que se gabava e ter escrito mais diluiu do que refinou esse êxito. Tratava-se também de uma personalidade notável, só que pelo narcisismo e pelo dogmatismo político. Escreveu que Stalin era "mais sábio que todos os homens juntos". Jamais aceitou que o assassinato de milhões pela ditadura soviética pudesse ter algo de criminoso. Assim, os 25 anos da morte de Neruda, celebrados neste dia 23 de setembro de 1998, não são motivo para entusiasmo excessivo nem para que se perca muito tempo com os Cadernos de Temuco que a Bertrand Brasil lança agora (tradução de Thiago de Mello; 266 páginas; 30 reais). Os cadernos foram preenchidos por um Neruda "teen", entre os anos de 1919 a 1920. Ficaram na gaveta por décadas e só há dois anos foram redescobertos e publicados. Há no livro versos que antecipam temas desenvolvidos mais tarde na lírica do poeta, como o erotismo e o fascínio pela natureza. Mas é só. Talvez pesquisadores chilenos - que têm mesmo a obrigação de investigar uma de suas figuras literárias centrais - encontrem valores outros na obra. Para os demais, esses Cadernos de Temuco não servem nem para arranjar namorada. Os versos de Neruda, que faziam suspirar as estagiárias de pernas peludas do anos 70, não comovem mais as moças de hoje.
Texto extraído da revista Veja de 23 de setembro de 1998, escrito por Carlos Graieb.
Fotos: Internet.