Na primeira parte o valioso vaso de porcelana, uma raridade histórico-cultural do período de ouro da porcelana chinesa e da Dinastia Ming do século XIV é roubado durante a exposição do milionário Pierre François no Museu do Louvre; na segunda parte o experiente Gustave Berthelot contratado para descobrir o paradeiro da obra inicia suas investigações; na terceira parte Gustave começa a alinhavar suas suspeitas.
Naquele mesmo dia, no seu escritório doméstico novamente, com as fotos em mãos mais as anotações, tentava montar o seu dominó de informações, quando uma luz imaginária ascendeu do alto dos seus pensamentos, instigando-o a retornar ao Louvre. Já havia estado por lá pela manhã, mas agora o que o atraía tanto a fazer aquela nova visita? Seu instinto e faro de bom lobo caçador lhe diziam que algo novo iria o surpreender. Vestiu-se no seu costumeiro sobretudo preto que lhe cobria boa parte do terno cinza e se dirigiu ao local da exposição. Entre os visitantes eis que surgiu sua instintiva surpresa: Sthéfhanie Marret transitava elegante reparando as peças. Imediatamente passou a se interessar pela moça, acompanhando-a discretamente por onde passava. Quando a bela morena aproximou-se do suposto vaso, que não passava de uma réplica, Gustave Berthelot se achegou dela, levando nas mãos um folheto explicativo das peças expostas como qualquer curioso numa área do conhecimento de artes de rara beleza e histórica. Esperto como rato de hotel, provocou o diálogo com a charmosa dama sobre o valioso vaso.
- Aqui neste folheto diz que este vaso foi presente de um rei chinês à sua amada rainha. É considerado uma raridade expressiva do século XIV. Deve valer uma fortuna. – Conversou demonstrando curiosidade com a espiã Sthéfhanie.
- Deve sim! Estou reparando na quantidade de pedras preciosas e o cuidado com o acabamento da peça envolvendo os desenhos em ouro. – Disse a moça despretensiosamente, não se sabe por desconhecimento da originalidade da peça, ou intencionalmente com o objetivo de evitar alguma polêmica.
- Realmente, é muito bonito. – Completou Gustave.
- Não sou entendida de artes, mas para quem entende ou coleciona, deve ser prazeroso admirar uma peça tão antiga e valiosa. – Observou novamente a moça.
- Pelo seu sotaque percebe-se que não é francesa. É alguma turista interessada em cultura de artes?
- Na verdade, não sou francesa, mas moro nesta cidade de luz e encanto há pelo menos dez anos. Trabalho na Embaixada Árabe que é do meu país de origem. Inclusive tem na minha terra um importante colecionador que em conversa pelo telefone me recomendou não perder a oportunidade de visitar esta exposição e aqui estou. Certamente muito feliz com o que vejo – Explicou Sthéfhanie.
- Eu tenho vindo aqui pelo menos duas vezes ao dia para observar os visitantes e conversar com alguns. Sou jornalista e pretendo escrever um artigo divulgando os resultados da mostra. – Concluiu sua conversa com um largo sorriso o versátil Gustave.
A moça correspondeu ao sorriso e continuou sua cuidadosa visita. Gustave também fez o mesmo, só que em outro sentido, foi direto para sua casa.
No dia seguinte logo pela manhã vestiu-se como um importante homem de negócios e se dirigiu ao aeroporto. Acompanhado do amigo e chefe da expedição, fez um longo trajeto pelas áreas privadas dos estacionamentos de aeronaves, até chagar ao hangar do milionário Pierre François. Passando-se por um curioso em aviação procurou se informar de cada item das aeronaves que pudessem facilitar suas investigações.
Gustave já havia feito uma somatória dos possíveis autores. Como experiente que era e também perfeccionista nas suas avaliações e condutas, resolveu dar um tempo para fazer uma revisão nos dados observados. Depois de ter participado da abertura do cofre forte, visto todo o circuito integrado de vídeo e a própria sala de segurança máxima, não tinha mais dúvidas de que era ali o princípio e o meio da ação dos bandidos, mas ainda restava o fim. Tinha certeza de que não seria apenas uma pessoa envolvida na trama, mas sim de várias. Sustentado neste foco de entendimento partiu então para uma análise mais detalhada. Reiniciou todo o processo de análise das fitas de vídeos em busca de vestígios. Invocou sua longa experiência, concatenando ideias, de repente veio-lhe à mente algumas coisas inusitadas, só vistas na ficção através dos filmes de espionagens policiais. E questionou uma vaga possibilidade. Pensou: “E como não? Tudo é possível nesta altura dos acontecimentos. O autor poderia muito bem ter forjado um ambiente de tranqüilidade refletindo nas lentes das câmeras várias fotos a partir de diferentes ângulos equivalentes ao alcance do monitoramento. Como a ação seria rápida, a equipe responsável pela vigilância monitorizada nem perceberia algo estranho.” Concluiu: “Quem tem um plano deste pensa em inúmeras variáveis.” Retornou ao banco e fez novas vistorias, agora com mais critérios. Ficou um bom tempo diante dos sensores de controles de acessos dos cofres, em meditação semelhante a um monge em sua contemplação espiritual. Digamos em Alfa, seria assim? Em seguida imaginou uma pessoa usando óculos com uma minúscula câmera de filmagem monitorada por computador acoplada à idêntica armação ao dos óculos de Pierre François sendo inclusive usada por ele no momento da digitação da senha, pensou: “Este monitoramente seria feito a partir de outro lugar fora do banco, de um automóvel, por exemplo, estacionado nas proximidades. Seria um excelente recurso para passar as informações; esta pessoa se encarregaria de registrar todos os dados, depois, repassaria para alguém de confiança da instituição que tem liberdade de ir e vir dentro do cofre máster que se encarregaria de efetuar o roubo; faria a troca das embalagens e sem que ninguém percebesse colocaria em outro lugar seguro e quando estivesse confiante de que nada o impediria, a obra seria colocada para fora dos domínios do banco e imediatamente transferida para outra pessoa que se encarregaria do restante do plano.” Mais uma vez sua mente excitada em busca de respostas induziu-o a novo questionamento: “Estaria a peça ainda em território frances? É possível, não arriscariam colocar tudo a perder por precipitações ou ansiedades. Experientes, estudaram todas as variáveis para uma perfeita isenção de falhas, garantindo-lhes um plano perfeito, arquitetado de forma precisa.” Gustave foi acumulando um sem números de cogitações que o deixou em via única de colisão. Teria agora que encontrar uma saída e evitar o desastre. Nesta trama há muito dinheiro envolvido. Concluiu: “Não foi uma ação isolada. Haveria outra pessoa, ou outras de influência econômica financiando o plano, muito interessada na preciosidade. Mas vamos descobrir!”
Sem abandonar o curso das suas pesquisas investigativas, abriu uma nova vertente encima das suas cogitações. O passo seguinte seria descobrir os artesãos ourives que pudesse confeccionar um par de óculos semelhante ao de Pierre François, pois, só poderia ser este o instrumento utilizado para passar as informações. Como dispunha de pouco tempo para atender todas as necessidades que se apresentavam a cada momento, nomeou como seu assistente Philippi Boulet, que além de amigo confiável, também era espião aposentado da Inteligência Francesa e que já vinha auxiliando-o anteriormente no caso da identificação de Sthéfhanie Marret.
Não deixe de continuar acompanhando esta história que a cada momento pode ser uma surpresa emocionante.
Imagens: Internet.
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