quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Ambição, o destino de uma raridade - 2ª Parte.


Na parte anterior o valioso vaso chinês de propriedade do milionário colecionador e banqueiro Pierre François é roubado e substituído por uma imitação durante uma exposição no destacado e fascinante Museu do Louvre. A peça é uma raridade histórico-cultural remanescente do período de ouro da porcelana chinesa e da Dinastia Ming do século XIV.


Depois de acertados os detalhes iniciais, o tarimbado investigador se dirigiu para o museu com o objetivo de iniciar os seus trabalhos. Discretamente fotografou os presentes e conversou com alguns, temendo a possibilidade de vazar informações sob a integridade da exposição. Uma vez cumprido as primeiras horas nas suas avaliações, seguiu em direção ao Aeroporto Charles De Gaulle, onde pretendia se encontrar com um velho amigo e Chefe do Departamento de Expedição do Aeroporto.

Gustave Berthelot era um respeitado profissional. Já havia feito parte do Serviço de Inteligência Frances até o final de Guerra Fria. Aposentado do sistema resolveu dar prosseguimento às suas atividades como investigador particular, responsável pela elucidação de casos considerados insolúveis. Sua aparência o definia como uma pessoa portadora de detalhes diferenciados, como apresentar-se enquanto trabalhava caso necessário, disfarçado em multifaces para dificultar sua identificação.
Com sua estatura de um metro e oitenta de altura, pesando aproximadamente cem quilos, cabelos grisalhos, que não caracterizavam com exatidão sua imagem, visto que, dificilmente mantinha-os de uma mesma maneira por longo tempo: digamos, podia-se dizer que era um camaleão assumido. Só o peso e a altura se mantinham. Também era considerado por muitos um cavalheiro, pela elegância dos seus gestos e extremada competência. Sob esse visual nem tanto incomum o irreverente Gustave Berthelot sobrevivia enfrentando tarefas difíceis, só permitidas àqueles que possuíam competência e experiência igualmente diferenciadas.

O próximo passo seria levantar todas às evidências dos últimos dias, fatos inequívocos e indispensáveis inicialmente coletados durante a recente reunião na residência da vítima. Inclusive suas considerações de que necessitaria de tempo, para isto se isentava de prestações de contas diárias do seu trabalho.

A partir do momento em que aceitou a missão, não parou um instante sequer. Na segunda-feira às 7:30h já se encontrava no Banco para acompanhar todos os procedimentos habituais, e verificar todo o sistema de segurança, principalmente o eletrônico. Assim que foi recebido por Pierre François e o pessoal da segurança, interessou-se em saber de forma pormenorizada de cada detalhe, evitando assim, qualquer possibilidade de omissão nas informações. Satisfeito despediu-se e partiu em direção do Departamento do qual Jean-Mari administrava e que ficava instalado no quarto andar do mesmo prédio onde funciona o banco.

Como a tarefa era correr contra o tempo, Gustave Berthelot, assim que se apresentou diante de Jean-Mari, dispensou formalidades e foi logo tratando-se do que realmente lhe interessava: averiguar detalhes, de preferência os mínimos.

- Sr. Jean-Mari, sei que deve está preocupado com a segurança das peças em exposição, algumas delas também pertencem ao seu sogro, agora só um detalhe: notou algo incomum no transporte durante o translado? – Perguntou displicentemente o minucioso investigador para não demonstrar excessiva curiosidade.

- Não, tudo aconteceu como previsto. Mas porque esta pergunta? Alguma dúvida, ou está acontecendo algo que não estou sabendo? – Retrucou o arrogante Jean-Mari.

- Não, claro que não! Apenas curiosidade. Fui designado pelo Museu do Louvre para montar uma força tarefa que será encarregada de transportar a preciosa Mona Lisa até o Museu Britânico (British Museun) na Inglaterra, onde permanecerá exposta durante um mês. A princípio pensei que os seus serviços seriam ideais. Depois levando-se em conta a minha amizade com o senhor Pierre François, acredito que não me recusará a um pedido meu nesse sentido. - Dissimulou estrategicamente Gustave.

- Acredita que essas mesmas pessoas envolvidas nesse recente transporte estarão disponíveis para essa outra possível empreitada? – Questionou em seguida, Gustave, sem nem mesmo dar chance de resposta à observação anterior.

- Não sei, mas posso verificar. Receio que o piloto terá que ser outro, mas, se assim for, terá como é costume deste Departamento a mesma credibilidade e qualidade de Olivier Maillard. – Esclareceu Jean-Mari.

- Acontece que pelo que fui informado Olivier o piloto deste último trabalho está com viagem acertada para Nice onde permanecerá por um mês, em férias. - Afirmou de maneira espontânea o genro do milionário colecionador.

- Mas não se preocupa, como já disse, temos outros com a mesma qualidade e confiabilidade. – Voltou a dizer Jean-Mari.

- Oquei, veremos o que podemos fazer. Te informo qualquer decisão. – Respondeu Gustave Berthelot sem mais perguntas, despedindo-se sem deixar qualquer interrogação pendente.

Novamente de posse das informações, seguiu o curso do seu trabalho. Não fazia parte de o seu estilo infiltrar muito nos questionamentos, para não criar um sintoma de maior interesse em determinado tema, e assim, formular ele mesmo suas conclusões e tocar o seu barco no destino pré-estabelecido: identificar o responsável ou responsáveis pelo roubo. Na medida em que ia colhendo as informações era seu costume criar um tipo de universo paralelo nas suas investigações, destrinchando de maneira criteriosa o seu novelo de dados armazenado no arquivo de suas memórias.

Gustave Berthelot destacou como motivo de interesse, acompanhar de perto Olivier Maillard, e assim passou a segui-lo. No dia seguinte logo pela manhã o encontrou no Café Sort, em pleno horário de trabalho conversando com uma linda mulher de características árabe. Embora se vestindo como uma européia, o seu sotaque a condenava. Curioso para saber de que assuntos se tratavam, gratificou o garçom solicitando-lhe maior atenção ao casal. A conversa não demorou muito, porém, o que parecia um encontro casual amistoso, sem maiores preocupações, estava ali estabelecido uma suposta implicação que merecia esclarecimentos. Através de sua inseparável mine câmera fotográfica tirou algumas fotos interessantes. Antes de sair agradeceu ao jovem atendente entregando-lhe seu cartão com o número do seu telefone, prometendo retornar a qualquer momento para maiores informações suplementares.

Com as fotos em mãos, procurou o amigo e companheiro dos tempos do Serviço Secreto Frances Philippi Boulet, para fazer um levantamento nos arquivos da instituição a procedência daquela atraente mulher. Não foi difícil descobrir que se tratava de uma agente espiã saudita chamada Yasirah Saleh, que atuava na Europa com o nome de Sthéfhanie Marret de 38 anos. Não muito satisfeito com as primeiras informações, encarregou o amigo de obter mais detalhes e seguiu com o seu trabalho, preocupado com o acaso do piloto e uma agente conversando em plena manhã num café da região central de Paris. O que estariam discutindo? Nesse ínterim lhe veio um lampejo, com a somatória dos dados contabilizados, já tinha suporte suficiente para montar o seu glossário de informações ainda sem respostas. Se auto-exigindo: "esses acontecimentos recentes precisam o quanto antes mostrar com eficiência as primeiras pistas. E o vaso, ainda continuaria em território frances? E que fim o teria levado?" Sem hesitar telefonou para o amigo do Serviço de Expedição do Charles De Gaulle mantendo uma rápida conversa. Era seu costume utilizar-se de bordões pessoais para expressar sua ansiedade: “para uma boa resposta basta um telegrama, com poucas palavras bem empregadas é o suficiente para contar uma história. Tempo é precioso para se gastar com futilidades”.

Não deixe de continuar acompanhando esta história que a cada momento pode ser uma surpresa emocionante.

Imagens: Internet.

2 comentários:

Neli Vieira disse...

Dilson muito interessante a história, está prendendo minha atenção, e tb adorei as ilustrações, ...o resto do comentário só quando chegar ao final do conto. rss bjosss

BUSSOLA LITERÁRIA disse...

Oi Neli, desculpe-me não ter respondido e até mesmo publicado o seu gentil comentário em tempo hábil. Estive viajando o que me impediu tal procedimento. Continue acompanhando esta história, pois, ela irá realmente surpreender possíveis previsões.
Abraço sincero.