Recebi há algum tempo o segundo livro da escritora e poeta Arlete Meggiolaro, Orvalho D'Alma - Gotas de Emoções -, que reservei para um momento como este em que estamos deparando, tão oportuno, onde o Planeta se encontra numa profusão de acontecimentos considerados insólitos causados por acidentes naturais de toda natureza (Japão) e no outro extremo das intolerâncias, a ambição desenfreada do homem pelo poder e para o poder, nos países de descendência árabe do continente africano.
Segundo dados garimpados do livro em destaque "O título Orvalho D'Alma - Gostas de Emoções é muito mais apropriado do que poderíamos imaginar a primeira vista. Os poemas de Arlete Meggiolaro brotam de sua alma como o orvalho de todas as manhãs."
Em dezembro do ano passado Bússola Literária teve a felicidade de publicar dois Contos e uma Crônica do seu primeiro livro "Silhuetas do Âmago", textos muito bem recebidos e reverenciados pelos leitores, o que não era de se admirar pelo seu talento de brincar elegantemente com as palavras na construção de sua linguagem poética.
De maneira curiosa e nada agradável, o seu despertar para o exercício de escrever se deu em decorrência de uma síndrome do pânico, fator que a fez considerar-se uma analista de si mesma, através de sua essência intuitiva e literária. Diante deste problema existencial, aproximou-se dos professores: Gilson Rampazzo (Museu Lasar Segall) e Airo Zamoner que a fizeram descobrir o manancial efervescente que as palavras podiam exercer sob o rejuvenescimento da alma, contribuindo sobremaneira para que buscasse novos caminhos. Com esta orientação providencial conseguiu afugentar o mal do medo, fazendo renascer dele, outro estágio mais avançado, trocar a insensatez das contradições psicológicas e, manter acesa a chama do poema da vida; e nas veias poéticas do coração descobriu o elixir do amor.
Eis a seguir três poemas extraídos desta preciosa obra poética de Arlete no seu Orvalho D'Alma - Gostas de Emoções.
Arte Maior
Cortinas poderão se cerrar.
O sol poderá se esconder.
As estrelas poderão apagar.
O oceano poderá secar.
As árvores poderão ficar nuas.
O mundo poderá virar deserto.
Nada mudará o que eu em meu coração
está incrustado, arraigado, cinzelado...
O Amor Arte Maior,
o substancial do meu existencial,
obra divina da criação.
O Amor arquitetura edificada
no Éden do meu órgão relicário,
no existir em mim pérolas do rosário...
Esquenta meu ser de tanto querer.
Ilumina minhas noites insones,
sonhos do ter seu cognome.
Suas ondas me envolvem nas emoções,
êxtase do envolvimento
que florescem com plenitude,
de alvorada à alvorada
no oásis dos meus sentimentos.
Amor cântico magistral que ecoa
por todo universo do meu ser.
Você o patrimônio maior do meu reino-existir.
Você é a Arte Maior.
Você o meu Amor.
Perfume do poema
Teu poema, teu lume
tua prosa
enaltecem o ser do meu ser,
invadem-me de querer.
Faz-me querer em ser,
do frasco presente, a eterna rosa
espalhando perfume
pelo cume da tua alma,
entorpecendo-te com a franca calma
do querer permanecer
sem o negrume do perder.
Manifesto, num simples gesto,
o adeus ao ausente,
passageiro do banco reminiscência
do trem passado.
Certamente será lembrado,
em nova era,
pela eminente consciência.
Invade-me de querer
o ser do meu ser
tua prosa, teu lume
teu poema
exalando o perfume
do querer permanecer.
Angelino Figurino
Siga meus passos
neste crepúsculo na praia...
Céu cambraia, aquarelado,
pincelado com a cor sobretarde.
Sobre o lençol azul
a noite espreguiçava.
Por trás da nuvem negra,
do corpo a lua exibia pedaços
avermelhados quase rosados.
Dali, ela me espreitava
fascinava-me,
segurava meus passos no espaço,
à caminhada,
lentas passadas.
Aquarela, pincel...
Feito do Criador.
Transmutação! Imagine o esplendor...
Um mover preguiçoso...
Sobre a mão da desregrada nuvem anegrada
a lua surgiu em angelino figurino
exibindo seu glorioso aurino
ao lusco-fusco apaixonado.
...
Meu amor
ajoelhou diante desse primor,
louvou ao Pai dos sentimentos
o abençoamento,
nesta platéia terrestre
poder assistir a superdose
da magnificente apoteose.
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