quarta-feira, 19 de maio de 2010

Tom Jobim o mestre da Bossa Nova






Trabalho Inista de

Tom Jobim

Assim nasce um astro de primeira grandeza no universo das artes, destilando sua sensibilidade poética musical para a imortalidade. Capaz de perpetuar a nossa extraordinária Bossa Nova, cantando em bom "Tom" para o mundo ouvir e aplaudir.

Esta biografia do Tom Jobim, com linguagem liberta das fórmulas tradicionais, é muito parecida com o seu comportamento irrequieto e inovador de músico, compositor e poeta das praias de Ipanema. Do talento criativo que falou maravilhado e de forma esplêndida as belezas do Rio de Janeiro e do Brasil em versos e canções.

Recomendo sua leitura com prazer. Mais uma contribuição do site Memória Viva, com o acervo do Bússola Literária.


Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim nasceu em 25 de janeiro de 1927, no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro. Em 1931, ano de nascimento de sua única irmã, Helena, a família se muda para Ipanema. Aos 13 anos inicia seus estudos de piano com Hans Joachim Koellreuter, um jovem alemão que fugira do nazismo. Nesse tempo ele preferia certas aventuras e a prática de esportes. 

No alto de uma pirâmide humana na praia de Ipanema, em 1944, Tom tentou se apoiar no ombro de um amigo. Escorregou no corpo suado e despencou na areia o que resultou numa crônica dor no nervo ciático. “Ipanema perdia um jovem atleta que praticava capoeira, peteca e vôlei de praia, além de atravessar a nado a Lagoa Rodrigo de Freitas” sem dificuldades. Para compensar, estava nascendo para o mundo o mais conhecido e um dos mais respeitados compositores brasileiros.

Em 1946, entra para a Faculdade de Arquitetura, que é abandonada naquele mesmo ano. Em 1949, casa-se com Thereza Hermanny, uma paulista pela qual se apaixonara sete anos antes em Ipanema. No ano seguinte nasce Paulo, primeiro filho do casal. Em junho de 1953 acontece a primeira gravação de suas músicas: Pensando em Você, Faz uma semana (também de João Stockler), na voz de Ernani Filho.

Já em 1954, Dick Farney e Lúcio Alves gravam Tereza da Praia, que se tornou o primeiro sucesso de Tom, em parceria com Billy Blanco. Neste mesmo ano seria lançado o LP Sinfonia do Rio de Janeiro, também em parceria com Billy Blanco e, Tom conheceria Vinícius de Moraes, de quem se tornaria parceiro, dois anos mais tarde, ao musicar a peça Orfeu da Conceição. 

Em agosto de 57, nasce Elizabeth, sua segunda filha. Em 1958, compõe a trilha sonora para o filme Pista de Grama, de Haroldo Costa. A música Eu não existo sem você, de Tom e Vinícius, inédita na época, foi cantada no filme por Elizete Cardoso, com acompanhamento de João Gilberto no violão e Tom ao piano. 

Ainda nesse ano, surgiriam o LP Canção do Amor Demais, em parceria com Vinicíus, tendo João Gilberto ao violão e Elizete Cardoso como cantora; e as gravações de Desafinado e Chega de Saudade, por João Gilberto. Era o grande passo para a Bossa Nova consquistar o mundo.

Em 1962, Tom e Vinícius compõem Garota de Ipanema e, em novembro do mesmo ano acontece o show da Bossa Nova no Carnegie Hall, em New York. É a primeira viagem de Tom ao Estados Unidos. Em menos de 5 anos, em janeiro de 1967, começaria a gravação do LP Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim. A América já havia se rendido a Tom Jobim e à Bossa Nova. 

Nos próximos dez anos sua vida seria uma eterna ida e vinda entre Brasil e Estados Unidos. Em maio 1978 Tom viaja com Ana Beatriz Lontra para New York, em lua de mel. O primeiro filho do casal, terceiro de Tom, João Francisco, nasceria em outubro de 1979. Em março de 1987 nasce sua quarta filha, Maria Luíza Helena. Tom já tem 60 anos.

Tom Jobim morreu no dia 8 dezembro de 1994, no Hospital Mount Sinai, em New York. Já nesta época, eram sete as músicas suas com mais de 1 milhão de execuções nos Estados Unidos (John Lennon e Paul McCartney, os estrangeiros mais tocados no país, tinham 12).



Festival de Cannes só deu Doce Vida, o próximo texto para atender sua expectativa.



Os estigmas da política brasileira não calaram a nossa liberdade de expressão, mas deu de presente os nossos valores como produto de mercado livre. Fez prevalecer à ignorância daqueles que se intitulavam credores de sabedoria e crítica, travestidos sob a pele de um Golias soberbo da literatura mal informada.

Orfeu Negro, brasileiríssimo, não pode representar o Brasil no Festival de Cannes de 1960. Porém, não ficou à margem, sem representatividade. A França abraçou o tabu do racismo hipócrita dos analistas da augusta sabedoria do Itamarati, e aplaudiu o talento dos artistas da nossa Pátria Amada. Pura ironia, não fosse à qualidade da sua trilha sonora, assinada por Tom Jobim e Vinícius de Moraes, que o mundo cantou e cantou e encantou...

Muito interessante artigo assinado por Helder Martins, enviado especial da revista O Cruzeiro em 1960. O jornalista com o seu estilo bem brasileiro não se esqueceu de descrever o comportamento pouco comum dos notáveis do Jet Set do cinema, para a sociedade da época. Trazendo à tona modelos ousados que revolucionaria a moda das criações feitas pelos estilistas, destacando a liberdade nas atitudes do novo segmento inovador das celebridades emergentes que surgiam.


Devo esclarecer que pela data de sua publicação, estão mantidas as regras gramaticais ortográficas da época na sua íntegra.



O Cruzeiro - 4 de junho de 1960
.

Cannes foi só ‘Doce Vida’


Reportagem de HELDER MARTINS(enviado especial de “O Cruzeiro”)
COTE D'AZUR (Via Panair do Brasil)



Chegamos ao fim da primeira semana do XIII Festival Internacional do Cinema, em Cannes. Dos primeiros dias de atividades restaram, no plano das realizações cinematográficas, as discussões em tôrno do filme a Doce Vida , de Frederico Fellini. Êste filme narra, em alguns capítulos sem seqüência e com certo simbolismo, a doce vida da sociedade romana dos nossos dias. 

Trata-se de uma obra magistral, cuja importância pode ser resumida na fórmula que encontrou um crítico: “É ao mesmo tempo o melhor e o pior dos filmes do realizador de La Strada”. As histórias narradas pela câmara de Frederico Fellini, como motivo complementar de debates, junta-se a duração do filme (três horas). Lembrando a projeção de Ben Hur, outra produção demasiado longa, alguém disse: “Êsse XIII Festival de Cinema surgiu sob o signo do gigantismo”. O que é certo é que a obra de Frederico Fellini descongestiona a atmosfera.


Êste ano, os jornalistas brasileiros tiveram uma surprêsa: raros experts e os próprios interessados anunciavam a participação do Brasil no Festival de Cannes. No ano passado, a possibilidade de sermos representados se desfez pouco antes do Festival. Orfeu Negro só pôde ser exibido como produção francesa, segundo deliberação dos velhos críticos do Itamarati que se recusaram a autorizar a sua exibição como filme nacional, conforme se desejava. Mais uma vez prevalecia o tabu do negro. 

Em 1960, não tivemos maiores chances. Já as fotos dos nossos filmes anunciavam um dêsses impertinentes lugares-comuns - um novo Gimba -, com histórias de favelas, a corrupção policial, o sensacionalismo da imprensa, a macumba e quejandos. Salvava-se apenas o interêsse comercial, bem como a boa intenção artística da fita, que os criticos combateram assim mesmo com veemência só igual à falta de inibição dos autores de Cidade Ameaçada.


No plano mundano, registrou-se a tentiva de suicídio (felizmente contrariada) de Perrete Pradier, vedete de Os Celerados. Pensou-se em golpe publicitário, mas a atriz entrou no Hospital de Nice, em estado de coma. Não houve bilhetes para dizê-lo, mas se soube que o gesto derivou de contrariedades sentimentais.


As grandes vedetes do cinema - as que provocam furor e que incendeiam o ambiente do Festival de Cannes - ainda estão por chegar quando redigimos estas notas. Como sempre, anunciou-se a vinda iminente de nomes famosos: Michèle Morgan, Daniel Gelin, Gina Lollobrigida, Brigitte Bardot, Sofia Loren. Quem quiser vê-los, por enquanto, deve consolar-se com os retratos profusamente distribuídos pelas vitrinas das lojas da cidade. 

Ontem, talvez por falta de matéria, um jornal anunciou, sem convicção, a chegada de Sacha Distel, ex-noivo de Brigitte Bardot e uma espécie de Caubi Peixoto francês. Centenas de jovens acorreram às imediações do Hotel Carlton. Foi o maior agrupamento dêste Festival Internacional.


A falta de inspiração chegou até mesmo ao domínio dos tradicionais escândalos, de que é exemplo típico o caso daquele suicídio. Uma agência de Paris resolveu fabricar assunto para reportagens, promovendo festa à beira de uma piscina. Aguardava-se um acontecimento excepcional, tal o mistério com que a anunciavam. 

A atração da reunião consistiu simplesmente em empurrar-se algumas môças dentro d’água, estando elas vestidas... Mais tarde, os organizadores do Festival promoveram um jantar. A parte de espetáculos foi confiada a uma vedete russa, mas não houve animação...


Aconteceu, ainda, o concurso de “Miss” Festival. Reuniu-se sôbre um rochedo uma dezena de biquínis em disponibilidade. Foi eleita (sem discussões maiores) uma bela crioula norte-americana.


Enfim, a parte mundana, a geralmente mais apreciada pelo público e a que faz o prestígio do Festival de Cannes, passou quase despercebida. Há apenas a lembrá-lo furtivas pin-ups posando para fotógrafos (amadores) e alguns senhores idosos, de ar severo e de gravata-borboleta, que à noite passam com jovens starlets para as soirées do Palácio do Cinema.


TOUREIRO DE SAIA NUMA - tourada que um grupo de cavalheiros idealizou à margem do Festival Internacional de Cannes, o touro negou-se a atacar o toureiro. Criou-se sério embaraço, até que a artista norte-americana Tina Louise se decidiu a salvar a tarde mexicana, enfrentando um touro adhoc, protagonizado por um dos fãs franceses em disponibilidade, que se muniu, inclusive (e necessàriamente), de pontiagudos chifres. 

Na foto, a toureira improvisada em plena ação contra o touro, com capa e tudo. Várias pessoas presentes asseguraram que aquela pode não ter sido a tourada mais violenta, todavia foi, sem dúvida alguma, a mais desejável...


À MARGEM - do concurso do Festival de Cannes, Roberto Rosselini fêz projetar uma de suas películas, sôbre a qual buscara convergir o noticiário. “Era Noite em Roma” explora uma história já abordada por outros cineastas: os problemas do após-guerra. Os críticos, unânimemente, proclamaram que o ex-marido de Ingrid Bergman conseguiu, mais uma vez, produzir uma fita de “lentidão soporífera, fria e sem brilho no relato”. Nem mesmo a presença do ator soviético Sérgio Bondartchouk, pela primeira vez integrando um elenco ocidental, conseguiu alterar a monotonia da última produção de Rosselini.

A Argentina seguiu o exemplo (negativo) de RR, pois a fita que a representou no Festival, La Processión, não conseguiu agradar os comentaristas reunidos em Cannes. Coube ao México, entre os países de menor expressão na arte cinematográfica, apresentar a melhor película. Macário, de Roberto Gavaldon, conta a história terna de um lenhador do interior do México, que, um dia, sob as dificuldades financeiras mais terríveis, resolve roubar um peru. A fita é desenvolvida com bom gôsto, tendo uma fotografia excelente.

Macário transformou-se, destarte, numa agradável surprêsa do Festival Internacional de Cannes, projetando de forma marcante a cinematografia mexicana. A fita não alcançou, é óbvio, a repercussão de Doce Vida, tema central dos comentários de Cannes, mas também não recebeu as críticas amargas com que essa película foi contemplada - em meio aos elogios de alguns - por certos cronistas.

Por último, poderíamos destacar, na categoria das pequenas metragens, “Le journal d’un certain David”, de Pierre e Sylviane Jalud, que narra a história de um menino de Copenhague. Fita de grande teor de lirismo, poderá ela, ao final, ser incluída entre as menções honrosas do Festival.


Não obstante, à margem dos espetáculos cinematográficos, Cannes conseguiu manter intatas as suas tradições neste XIII Festival Cinematográfico. As fitas exibidas só em pequeno número terão logrado êxito; muitos dos cartazes anunciados não compareceram; houve a desorganização de sempre; espetáculos marginais foram pobres de técnica ou de imaginação - mas as praias se encheram das belas mulheres de sempre, de pin-ups sensacionais, que podem não entender rigorosamente da Arte Cinematográfica, mas entendem perfeitamente da arte (às vêzes mais difícil) de aprisionar novos e velhos corações.


Fonte: Site Memória Viva
Fotoinipoesia (Poema Imagem) - Da série: Cartão Postal IniBrasil 2010, criação da poeta, artista plástica e fotógrafa Neli Vieira.
Imagens: O Cruzeiro e Google Imagens.



A propósito, você já acessou a fan page do meu livro infantil Juju Descobrindo Outro Mundo? Não imagina o que está perdendo. Acesse: www.fecebook.com/jujudescobrindooutromundo.

E o site da Juju Descobrindo Outro Mundo, já o acessou? Se eu fosse você iria conferir imediatamente. Acesse: www.admiraveljuju.com.br 



4 comentários:

Anônimo disse...

Dilson parabéns! como sempre você se supera em qualidade e bom gosto na escolha das matérias e como sempre contribui para resgatar a memória e a cultura deste país.Obrigada pela oportunidade de mostrar meus trabalhos. Um grande abraço e sucesso sempre. Sou sua fã.

BUSSOLA LITERÁRIA disse...

Também gostei minha amiga. Além de interessantes são um belo acervo de pesquisa e memória. Obrigado mais uma vez pela visita. Espero contar sempre com sua atenciosa presença.

juraci disse...

Dilson, isso é gratificante aos olhos de quem le, sem duvidas é uma excelente leitura recheado de coisas boas, realmente, Tom Jobim foi de fato um astro no nosso universo das artes um poeta musical que encantou o mundo com seu talento. Tom, Vinicius de Moraes Elizete Cardoso, foram pessoas que deixaram sua história para sempre em memória. Sem falar também de Tina Louise que se decidiu a salvar a tarde mexicana, com sua apresentação, magnífica prendendo assim a atenção do publico alvo. Cada tempo é um tempo cada historia é uma historia e nos agradecemos por alguém nos dar o privilegio de poder ter de graça ao no alcance e desfrutar de excelente leitura, onde a nossa imaginação vai alem. Parabéns pelo bom trabalho, que Deus continue te abençoando sempre.

BUSSOLA LITERÁRIA disse...

Oh, minha amiga! Que bacana que tenha gostado. Tenho procurado de fato proporcionar não só ao Bússola Literária, mas a todos os leitores, algo diferenciado neste caminho mágico das artes. É certo, com maior destaque para as vertentes literárias. Como para a arte não existem fronteiras, achamos justo mesclar os seus vários segmentos, tornando este universo uma enciclopédia de dados. Lógico, sem grandes pretensões. Porém, esta coluna Vasculhando a Estante, permite-nos diversificar através destas vantagens opcionais, nossos objetivos.
Obrigado pela visita, na expectativa de poder contar sempre com sua amável presença.