sábado, 2 de janeiro de 2010

Ambição, o destino de uma raridade. - 5ª Parte.







Na parte anterior um atentado planejado contra Gustave não atinge o seu alvo, porém, uma vítima inocente é sacrificada. As investigações prosseguem levando Gustave e sua parceira Sthéfhanie à Nice, no litoral Mediterrâneo, onde uma perigosa dupla do crime especializado e de alto nível se apresentam em cena. Olivier Maillard é sequestrado misteriosamente sob o olhar atento do experiente e vigilante investigador.


Gustave não se deixou abater pelo ocorrido, em sua longa travessia profissional como investigador e espião já havia passado por situações extremas. Sabia que estava incomodando, portanto, significava que alguém temia o andamento das investigações. Despediu-se do designer combinando voltar a se encontrarem no dia seguinte para ver os resultados. Sua próxima parada seria o escritório do colecionador no terceiro andar do prédio do Plancent de la Finacière Banque no setor financeiro da Cidade Luz.

Assim que adentrou no escritório fez sua apresentação de praxe, sendo informado pela secretária, de que o banqueiro se encontrava em reunião e que não poderia atender quem quer que fosse naquele momento, devendo então que aguardar. Resolveu ficar por ali mesmo, seria mais apropriado, tornaria improcedente deixar para retornar outra hora já que dispunha de tempo e não poderia perder aquela oportunidade. Enquanto esperava fez alguns telefonemas pelo celular atualizando seus interesses, em seguida pegou uma revista de notícias e pôs-se a ler sem deixar de observar à elegante e sensual secretária. Não tardou começou entabular um diálogo.

- Senhorita???... – Disse forçando uma pausa estratégica para que a interpelada dissesse o seu nome.

- Claire Lenoir! Meu nome é Claire. – Disse a bela e sensual secretária.

Enquanto conversava, Gustave não deixou de reparar a elegância da jovem que vestia um tailler azul turquesa, com um insinuante corte sensual na saia a altura da coxa direita. Inegavelmente a moça era uma tentação, e pelo que se notava tinha consciência do seu poder de sedução. Também não poderia ser diferente, afinal, era secretária de um dos homens de negócios mais poderosos e influentes da França e aparência contava muito.

Sentou-se de forma que podia vê-la sem muito esforço, prosseguiu conversando aleatoriamente com o objetivo de minimizar o cansaço da espera. Contudo, o diálogo não deixou de ser interessante, foi o suficiente para Gustave formalizar algumas conclusões a respeito da moça, observando principalmente seu comportamento ao telefone. Mais uma vez, ecoou o tilintar na sua imaginação, algo que lhe chamou atenção. Notou que a moça detalhava fatos nas suas informações que iam além do necessário. Ou a pessoa do outro lado era muito próxima da administração ou estaria acontecendo excessos comprometedores oxalá propositados. Isto foi o bastante para ele formalizar interrogativas dúvidas. Sua experiência aliada as suas qualidades profissionais, diziam que deveria investigar mais a respeito da maneira de atendimento da moça. Quem sabe estaria ali um nicho de dados que talvez por motivos de descuido favorecesse outrem.

Quando chegou sua vez de ser atendido pelo banqueiro, percebeu que a reunião da qual não poderia ser interrompida acontecia com o curador do Louvre, Sr. Alain Dubreuil, que ao passar um pelo outro se cumprimentaram rápido, em seguida foi tratar de seus interesses com o colecionador, sem muitas perguntas, afinal estava ali para esclarecer aos últimos acontecimentos. Dentre eles o atentado do qual seria o alvo, o interesse do seu amigo Sheik Al-Kalihah de ajudar nas investigações e da parceria confirmada com sua espiã informante Sthéfhanie Marret. Cumprindo com sua obrigação perante o patrão naquele momento, despediu-se e foi cuidar dos seus afazeres imediatos.

Na madrugada ainda no saguão do aeroporto de Nice, Sthéfhanie liga preocupada para o amigo Gustave. Assim que atendeu foi logo disparando uma saraivada de informações importantes e perigosas:

- “Fique atento, tenho novidades perigosas, acredito quase com certeza que me dei de frente com Radulfo Kodrács, um dos ladrões mais audaciosos no setor de artes e jóias raras. É húngaro e está disfarçado como ancião. Só notei por reparar distraidamente na mão que usa para segurar a bengala um anel no dedo mínimo inconfundível. Já nos encontramos em outra ocasião em Ancara, só não sei se me reconheceu, ou teve pelo menos a oportunidade de me ver. O aeroporto está com muita gente pelo horário em detrimento do verão europeu. Mas temo que seja ele mesmo. É provável que os agentes da Interpol estejam por perto ou ainda não tomaram conhecimento. Ele é muito prático nos seus disfarces, muda de um momento para outro sua imagem, quase que num piscar de olhos. Mas não se preocupe não o deixarei fora de alcance, pode ser o nosso peixe.”

- “Não se descuide, é provável que não esteja sozinho. Vou me preparar agora mesmo e parto imediatamente em avião fretado.” – Disse Gustave preocupado.

- “Fique tranquilo, sei como me comportar.” – Acalmou por sua vez Sthéfhanie.

- “Claro que não agirá sozinha, logo estaremos juntos. Estarei vestido de árabe marroquino, você me identificará facilmente.” – Concluiu Gustave encerrando a ligação.

Sem perder tempo, ligou para Philippi Boulet encarregando-o de completar suas obrigações imediatas e ainda substituí-lo no prosseguimento das investigações em Paris, por motivos de viagem urgente. Também o encarregou de conferir o trabalho do designer gráfico, informando-lhe cada detalhe para novas instruções.

A partir daquele momento Sthéfhanie não desgrudou do húngaro. Como estava se passando por um idoso teria que impor movimentos mais lentos. Aproveitando desta peculiaridade correu até o guarda-volumes e armazenou sua bagagem, com isto teria mais mobilidade de ação. Sua outra preocupação era não deixar-se identificar. Esses profissionais do crime sabem como ninguém quando estão sendo seguidos ou observados. Em pouco tempo que o seguia, notou que Radulfo Kodrács parecia um pouco apreensivo, comportamento incomum para uma pessoa como ele, tão seguro nos seus atos. Dificilmente permanecia mais que dez minutos num mesmo lugar. Sthéfhanie concluiu, ou ele está sendo vigiado ou vigiando. Tudo indica que vigiando. Seus movimentos mesmo limitados pelo disfarce se assemelham ao de um leopardo na tocaia. Sem hesitar, com a câmera fotográfica do seu celular, procurou fotografar a partir dos ângulos possíveis da visão do ilustre bandido, para depois com tempo tentar identificar algum detalhe interessante.

Sem que pudesse evitar, Sthéfhanie teve que procurar o toilette, para resolver um assunto pessoal inadiável, mas que seria resolvido com a rapidez devida. Quando retornou não o encontrou mais. Procurou por todos os lugares possíveis sem resultado. Considerou o ocorrido como um tremendo azar de percurso, mas tudo indicava que Radulfo Kodrács estava na verdade esperando um vacilo seu para sair de cena. Porém, Sthéfhanie concluiu confiante de que o seu alvo continuava por ali na espreita. Senão, por que estaria àquela hora correndo todo tipo de riscos em um dos aeroportos mais vigiados da Europa? O mínimo que aconteceu, é que ele foi renovar o seu disfarce. Não era marinheiro de primeira viagem e sabia muito bem se comportar em ocasiões extremas. Enquanto isto ela resolveu aproveitar o tempo para esperar na lan house do próprio aeroporto o amigo Gustave que não tardaria a chegar. Aí poderia conectar sua câmera do celular ao computador, transferir as fotos tiradas recentemente pra seu pendrive e verificar o que observava o imprevisível Radulfo. Em poucas passadas de fotos notou a presença de Morgana Bismarck também disfarçada. Uma ítalo-alemã com uma ficha de causar inveja a qualquer profissional conceituado do crime. Seu talento para a falsificação e escapulidas homéricas eram espantosas. Realmente um nome e uma personalidade digna de aplausos. Desta vez a própria Sthéfhanie chegou a se arrepiar. O que estava deparando era para nenhum investigador experiente ficar tranquilo. Os acontecimentos diziam por si só, que algo grande, muito grande estava pairando sob aquelas áreas, e todo cuidado seria pouco. Consciente dos perigos tratou-se logo de se prevenir.

Já era dia quando o avião trazendo Gustave aterrissou em Nice. Sthéfhanie o aguardava ansiosa. Em poucas conversas chegaram a conclusão de que o melhor a se fazer seria participar à Interpol das duas personagens do crime milionário na cidade, planejando algo grande. Foi o que fez Gustave, imediatamente telefonou para o escritório do serviço internacional da Interpol em Paris esclarecendo o essencial. Evidências estariam disponíveis e registradas através de fotos tiradas ainda na madrugada no próprio aeroporto. Agora só restavam-lhes esperar e continuar com suas investigações em relação ao piloto Olivier Maillard.

Não tendo o que fazer no momento, resolveram procurar o hotel onde Sthéfhanie havia feito reserva, na expectativa de encontrar vaga pra ele no mesmo local. Com sorte pelo fato de ser uma cidade sempre muito agitada de turistas e os hotéis na maioria das vezes lotados, hospedou-se e procurou descansar, pois o dia prometia ser bem movimentado. Aproximadamente duas horas depois de se instalar, recebeu o telefonema de Philippi Boulet lhe avisando de que Olivier Maillard acabara de embarcar sem a companhia da família como era previsto, no voo da Air France com aquele destino e que logo estaria chegando, levando consigo pouca bagagem e uma mochila às costas.

Gustave avisou à amiga e seguiram às pressas ao aeroporto para acompanhar toda a trajetória do piloto. Assim que o avião pousou Gustave acompanhou através de binóculos o desembarque dos passageiros, destacando Olivier e sua inseparável mochila. Em seguida juntamente com Sthéfhanie procuraram um local onde pudessem acompanhar suas atividades sem serem notados e o aguardaram. Permaneceram assim, por mais de meia-hora e nada do seu alvo. Instalou-se uma preocupação incomum. Presenciaram o desembarque e agora por onde passou e onde estará? Cada um seguiu um caminho diferente no sentido de localizá-lo. Depois de muitas buscas, constataram que Olivier já não se encontrava mais na área do aeroporto. Surgiram novamente as dúvidas: - "Como isto pode ter acontecido se nem mesmo a bagagem fora recolhida na esteira de desembarque?" Olharam-se incrédulos expressando de forma uníssona: “Será que fugiu, ou foi seqüestrado? Se isto realmente aconteceu, nosso descuido será imperdoável. Estamos procurando nos apoiar nos mínimos detalhes e ainda assim, deixamos escapar toda uma noite crucial de trabalho por entre os dedos da mão.” – Observou Gustave totalmente confuso e desapontado. Foram novamente à lan house do aeroporto, selecionou a melhor imagem de Olivier arquivada no seu arquivo eletrônico (pendrive) , ampliou, salvou e enviou para o escritório da Interpol de Paris se identificando e especificando detalhadamente os motivos da fotografia e a possível implicação da dupla criminosa Radulfo Kodrács e Morgana Bismarck. As mesmas pessoas de que foram avisados recentemente zanzando disfarçados pelo aeroporto, agora coincidência ou não, fortes candidatos no desaparecimento do piloto, a princípio o provável e maior suspeito de envovimento no caso do “vaso” roubado. Não pormenorizou as informações, visto que, eram assuntos que só diziam respeito a ele e Sthéfhanie, não admitindo a participação de outro organismo de investigação no caso.

Imaginaram uma possibilidade e dirigiram-se a toda pressa ao apartamento do qual Olivier iria passar suas férias na companhia da família, cedido por Jean-Mari. Identificaram-se na portaria como policiais de Paris, sendo informados de que outros dois companheiros policiais estiveram a algum tempo procurando pelo senhor Olivier. Olharam-se com expressão de espanto e disseram novamente em uníssono:

- Radulfo e Morgana!!!

Subiram apressados até o apartamento e chamaram insistentemente pela campainha, como não foram atendidos, Gustave utilizando-se de sua chave-mestre conseguiu abrir a porta e fizeram uma criteriosa varredura, descobrindo na gaveta superior da estante um mini-álbum com fotos de várias peças da coleção de Pierre François, inclusive do “vaso” roubado. Na secretária eletrônica do telefone duas ligações: uma da esposa e outra de Jean-Mari solicitando retorno com urgência.

Em seguida resolveram assuntos imediatos, inclusive uma passada pelo Departamento de Polícia local, e retornaram ao aeroporto onde constataram que a bagagem de Olivier continuava na alfândega e nenhuma novidade a se considerar. A princípio não havia nada a se fazer só lhes restavam esperar. Alguma notícia não tardaria a aparecer.

Não deixe de continuar acompanhando esta história que a cada momento pode ser uma surpresa emocionante. A próxima parte será a última e a conclusão desta história, mostrando as habilidades e a artúcia de um profissional emprenhado em desvendar mais um intrigante caso de difícil elucidação.

Imagens: Internet.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito interesante este conto mas eu quero saber onde encontro o final dessa investigação policial.
Quero ler o final dessa história.
Um grande abraço.