O Bússola Literária tem
a grata satisfação de estar publicando os 30 livros infantis considerados pela revista Crescer, como sendo os melhores de 2014. São dicas dirigidas
principalmente para os pais e educadores. Também são recomendas para os
leitores que preferem uma linguagem menos densa, muito utilizada nos romances e nas edições policiais. Optando assim, pela acessibilidade à
linguagem própria das crianças, rica em conteúdo e fantasia.
A expressão popular
“bater na mesma tecla”, bem conhecida de todos. Remete a um paradigma imutável
e verdadeiro quanto à sua essência. A criança é o elo que une a inocência à
vontade de ser um dia um "ser humano" consciente e responsável. Essa “tecla” já está até
descorada de tanto ser utilizada, porém, poucos conseguem enxergar sua
utilidade como instrumento necessário à construção da boa conduta e sabedoria
vocacional.
Principalmente em
tratando de que é preparando bem as nossas crianças, que o jardim do futuro
dará flores e frutos saudáveis. É perceptível e inalienável, que a boa formação educacional de uma criança
começa na leitura, no aproveitamento do seu talento de criar fantasias,
sonhar ser um dia herói, um personagem de destaque entre os próprios
colegas, seja na escola ou no convívio doméstico.
Então o melhor investimento
que se deve prestar às crianças é a motivação para a leitura. Assim, ela
aprende a raciocinar com clareza e a estimular sua criatividade. Desenvolver com
brilhantismo sua habilidade de articular com segurança as palavras e, a
entender o sentido ortográfico e léxico de cada palavra.
Outro detalhe muito
curioso na literatura infantil é a importância da ilustração como elemento indispensável de propiciar com o seu traço mágico, interatividade para o texto. Além do fator empatia que causa na criança,
por ser uma referência que melhor se identifica com sua própria capacidade
cognitiva.
Só de lembrar que toda
a saga da literatura infantil, começou no século V a.C., com o grego Esopo e
suas historinhas fabulosas é simplesmente extraordinário. Depois La Fontaine,
Charles Perrault, Irmãos Grimm e Hans Christian Andersen, pegaram o mesmo barco
que Esopo deixou ancorado nas praias europeias e remaram com muita propriedade,
criando outras histórias super criativas, que até hoje são contadas de gerações
em gerações, sem perder o brilho e ensinando os mais velhos a meditar sua infância.
Lembrando-as com vitalidade, alimentadas pelo sonho de continuarem sendo
criança, pelo menos para os seus netos. Reproduzindo em si mesmo, o verdadeiro
significado infantil da consciência reprodutora de bons exemplos.
Quem não se lembra de A
Cigarra e a Formiga, O Cão e o Lobo, O Leão e o Rato, A Raposa e as Uvas, A
Lebre e a Tartaruga – Algumas obras de Esopo; A Águia e o Escaravelho, A
Assembleia dos Ratos, A Galinha dos Ovos de Ouro, A Caranguejeira e a Filha, A
Mosca e a Formiga, A Raposa e a Cegonha, O Corvo e a Raposa – Algumas obras de
La Fontaine; Chapeuzinho Vermelho, Cinderela, A Bela Adormecida, A Gata
Borralheira, As Botas de Sete Léguas, O Pequeno Polegar – Algumas obras de
Charles Perrault; Branca de Neve, Rapunzel, João e Maria – Algumas obras dos
Irmãos Grimm; O Patinho Feio, O Rouxinol do Imperador, A Princesa e o Grão de
Ervilha, A Pequena Sereia, O Soldadinho de Chumbo, O Boneco de Neve, Histórias
que o Vento Contou – Algumas obras de Hans Andersen?
Os escritores e
escritoras brasileiros de histórias infantis e infantojuvenil, que mais se
destacaram e merecem todo nosso aplauso e reconhecimento, foram: Monteiro
Lobato, Tatiana Belink, Cecília Meireles, Eva Furnari, Ana Maria Machado,
Vinícius de Moraes, Ruth Rocha, Maurício de Sousa, Pedro Bandeira, Elias José,
Mary França, Jorge Amado, Ziraldo, Maria Clara Machado entre outros.
Bússola Literária teve
a preocupação, mesmo baseando-se no levantamento feito pela revista Crescer,
acrescentar informações consideradas úteis. Por meio de citações autorais nos
comentários de cada livro, para sua melhor identificação com a temática escolhida
por cada autor, sem distanciar do propósito principal, que é o de promover o
desenvolvimento intelectual da sua criança, do seu pequeno leitor. Boa escolha
e boa leitura.
Os 30 melhores livros
infantis de 2014
1
– A bicicleta epiléptica – Edward Gorey – O americano Edward
Gorey (1925 – 2000) foi um homem muito diferente da média das pessoas. Em
primeiro lugar, era um ilustrador genial. Além disso, tinha um estilo
surrealista e nonsense que deixava desconcertados os leitores, embora eles se
encantassem com seus paradoxos. E tem mais: autor de mais de 100 livros,
parecia um criador de histórias infantis, mas suas narrativas, em palavras e
imagens, eram de meter medo. Um medo metafísico, feito mais de angústia que de
sustos. Para completar, foi um homem que viveu sozinho com seus bichos, não se
casou nem teve filhos, usava anéis vistosos, casacos de pele e tênis de cano
alto.
Só agora, 13 anos
depois da morte de Gorey chega ao Brasil um livro do escritor que encantou de
Hermann Hesse a Samuel Beckett (de quem ilustrou livros e com quem tem muitas
afinidades). O pequeno volume lançado pela Cosac Naify é “A bicicleta
epiléptica”, traduzido por Alexandre Barbosa de Souza e Eduardo Verderame. Por
João Paulo – A Cultura
2
– A caraminhola da minhoca – Blandina Franco e José Carlos Lollo
– Não enxergar o próprio rabo pode trazer muitos problemas – principalmente
quando isso acontece com uma minhoca! E foi exatamente o que se passou com a
personagem deste livro, que tentava a qualquer custo puxar assunto com a sua
outra ponta. Irritada com essa postura blasé da “parceira de espécie”, a
minhoca começou a armar o maior “auê” e, apesar das broncas da joaninha, acabou
se dando mal pra chuchu...
Blandina Franco e José
Carlos Lollo, desde 2009 criam livros infantis em parceria. Já são quase 30
títulos publicados e, a parceria bem-sucedida rendeu-lhes duas indicações para
o prêmio Jabuti e uma Menção Honrosa do prêmio Bologna Ragazzi Digital Award,
na Feira de Bolonha, Itália. Por
Companhia das Letras e revista Crescer.
3
– A lição das árvores – Roberto Parmeggiani e Attilio Palumbo
– Se a gente pode “gostar de um livro pela capa”, é o caso deste que tenho em
mãos agora. O quê? Ah, não é exatamente este o ditado? Mas vale a brincadeira
com ele. A lição das Árvores, escrito pelo italiano Roberto Parmeggiani e
ilustrado por seu conterrâneo Attílio Palumbo, conquista na capa, que tem uma
moldura com os nomes dos autores e, no meio, o título e uma ilustração, uma
belíssima mostra dos desenhos que compõem a história.
Desde a primeira
página, o que se vê é um desfile de delicadezas. Os italianos nos contam a
história de Enrico e Paola, dois amigos de escola que têm gostos e hábitos bem
diferentes. Mas não é isso que chama a atenção no menino. Enquanto Enrico é um
perguntador sem freio, Paola não pergunta nada. Paola não fala. O menino desenha
borboletas para a menina e ela retribui com sorrisos. Eles constroem uma linda
relação no silêncio e, claro, nasce no menino um senso de proteção. Os outros
colegas não lidam bem com o jeito dela e é aí que Enrico pede ajuda de um
professor bastante especial. Por Attílio Palumbo.
4
– A noite dos bichos – um livro que amanhece – Julia Wauters
– É difícil olhar para “A noite dos Bichos” – Um Livro que Amanhece e não se
encantar com a capa. Com ilustrações de bicho em vermelho, rosa e verde e fundo
preto, tão lindamente contrastadas e equilibradas, ele promete. No mínimo,
mostra que a autora Julia Wauters tem talento para a ilustração. Seu site não
mente, seu desenho tem força, expressão (ele está escrito em francês, mas as
ilustrações dispensam idioma, não é?). Virei empolgada a capa e cheguei a uma
conclusão rapidamente: o livro é realmente bem produzido. A editora Ática
acertou ao trazer essa obra francesa para o Brasil. É um belo trabalho, com
ilustrações feitas em transparência que se sobrepõem, ora revelando detalhes
das imagens, ora escondendo. Design, projeto gráfico e impressão caprichados. E
as ilustrações, claro, continuam lindas.
Mas a história que aqui
se conta não é necessariamente uma narrativa com começo, meio e fim. Há um
começo igual: de noite em algum lugar. E um prosseguimento parecido: amanhece e
outros personagens aparecem. E o grande propósito é mostrar como é a fauna de
diferentes ecossistemas e regiões do planeta: na savana africana, na taiga
russa, na selva amazônica, nas profundezas do oceano e na floresta europeia. É
curioso. Você sabe, por exemplo, como é um guará ou um sabiá-de-cara-pelada?
São dois bichos que estão na nossa fauna e foram retratados no livro. No fim,
os animais que estão espalhados pela floresta são separados e mostrados
separadamente, para que a gente conheça cada um. E, no fundo, acho que essa é a
maior proposta do livro, depois, claro, de mostrar que tudo acontece ao mesmo
tempo, parecido, mas diferente, em toda parte do mundo. Não é um livro para se
empolgar com a leitura. Porém, é curioso e lindo de fazer os olhos sorrirem. Por
Aryane Cararo – Estadão/Estadinho.
5
– A parte que falta – Shel Silverstein – A Parte que Falta,
publicado recentemente pela Cosac Naify e sexto livro de Shel Silverstein (1930
– 1999), lançado no Brasil, narra a história de um ser circular em busca da
completude. Quando o personagem acha a parte que lhe falta, percebe que a
felicidade está além desse encontro. “Esse é um dos livros mais negligenciados
de Silverstein”, afirma Rogak, autora de “A boy Named Shel”.
“Eu poderia ter
finalizado a obra naquele ponto”, disse Silverstein à biógrafa para explicar a
passagem em que o ser com formato de pizza conhece a sua companheira. “Mas a
procura continua e essa é a loucura do livro.” Por
Francisco Quinteiro Pires – Folha de São Paulo.
6
– Abra este pequeno livro – Jesse Klausmeier e Suzy Lee
– Abra este pequeno livro e leia sobre... a grande aventura que é a leitura. O
convite é da jovem e estreante autora Jesse Klausmeier, que, junto da celebrada
ilustradora Suzy Lee, criou uma história que celebra o prazer da leitura e da
amizade. Mas não se trata de qualquer livro. Aliás, vários livros. Pois, uma
vez que o abrimos, o que encontramos é... outro livro! O leitor vai acompanhar
a história da joaninha, que abre um pequeno livro verde para ler a história do
sapo, que por sua vez abre um pequeno livro laranja para ler sobre a coelha, e
por aí vai. Cada vez que um personagem abre um novo livro, o leitor,
literalmente, abre junto com ele. Como não podia deixar de ser, em se tratando
de uma obra de Suzy Lee, Abra este pequeno livro traz um formato inovador,
proporcionando uma experiência interativa e divertida. Dentro de cada pequeno
livro se esconde um livro ainda menor, sempre com uma capa colorida e
minuciosamente ilustrada. Cada livro novo é introduzido por uma cor diferente.
Quando todos estiverem abertos, o leitor terá uma surpresa. Para todos aqueles
que apreciam uma boa leitura e, principalmente, um bom livro. Ou melhor, vários
bons livros. Por Livraria da Folha.
7
– Amarilis – Eva Furnari e Cácamo – Eva Furnari é uma
das mais importantes autoras da literatura infantil do Brasil e uma das minha
preferidas. E isso, claro, não é novidade para ninguém. A notícia aqui é que,
com mais de 30 anos de carreira, Eva não se importa em inovar e vive agora uma
experiência bem diferente para ela: o primeiro livro ilustrado por outro
artista. Falo de Amarilis, lançado pela Editora Moderna (com a qual Eva tem um
contrato de exclusividade) e ilustrado por Cárcamo. Isso já dá aquela vontade
doida de abrir o livro, mas prepare-se para um belíssimo e delicado conteúdo.
Eva narra uma tarde (pelo menos me pareceu esse o tempo da história, quem
sabe?) de leitura compartilhada entre dois irmãos. A brincadeira de sempre era
ele escolher um livro qualquer da estante de casa, ela escolher uma página e
contar ao irmão o que havia lá, se tivesse palavras, lia, se fosse imagem, ela
teria que explicá-la e, se o assunto apresentasse algum desafio a mais, ela
criava histórias para tornar tudo mais interessante. E é assim que, a partir de
uma fotografia a menina narra uma criativa trama e deixa o irmão pedindo mais.
No final, uma surpresa para o leitor que torna tudo ainda mais terno. As
ilustrações de Cárcamo, todas neste tom avermelhado, nos surpreendem para o
sonho, ao mesmo tempo em que são fáceis e desafiantes e, algumas vezes, têm uma
boa dose de bom humor. Uma parceria para compartilhar e ser lida em voz
alta. Por
Cristiane Rogério.
8
– Antologia ilustrada da poesia brasileira para crianças de qualquer idade –
Adriana Calcanhotto – “A ideia é bem simples: abrir janelas
para os poetas de diferentes tempos, estilos e vozes no Brasil, preenchendo
assim a possível ausência de uma compilação dedicada aos leitores de poesia,
menores ou iniciantes, ilustradas pela própria organizadora.” – Adriana
Calcanhotto.
Foi a partir dessa
“ideia simples” que Adriana Calcanhotto se debruçou por mais de um ano na
organização desta antologia. Nela, conseguiu reunir poetas do século XIX ao
XXI, canônicos e nem tão conhecidos. De Gonçalves Dias a Gregório Duvivier,
passando por Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Moraes, Adélia Prado e
Paulo Leminski. Todos aqui reunidos. Nessa convivência, vê-se formar com
sutileza, em uma sucessão de ecos e influências, a poesia tão brasileira, tão
nossa. Uma poesia que convida todos os leitores. Ou aspirantes a leitores. Comentário
da própria Editora Saraiva.
9
– Aventura animal – Fernando Vilela – Tudo bem naquela
cidade, até surgir um hipopótamo atrás de um carro. Ao virar a página, ao lado
de uma fonte, surge um rinoceronte... A cada virada de página, mais bicho entra
em cena, vai se acumulando por ali e arma mais confusão. A obra, uma divertida
maneira de apresentar os animais, é do artista plástico e educador Fernando
Vilela, que já ilustrou cerca de 70 títulos, sendo 15 autorias. Ganhou dois
Prêmios Jabuti e vários da FNLIJ, além de receber o Troféu Monteiro Lobato de
Literatura em 2012. Por blog da Editora DCL.
10
– Bárbaro – Renato Moriconi – O bravo cavaleiro cavalga sem
medo, cavalga sem parar. De espada em punho e escudo na outra mão, ele enfrenta
todos os perigos sem se preocupar. Não abre sequer os olhos. Pula por cima de
cobras venenosas, encara as flechas inimigas, salta por cima dos gigantes de um
olho só, não teme nem um pouquinho as plantas carnívoras; dragões, trovões,
monstros marinhos não são páreos para sua bravura. Mas, então, mãos humanas
enormes se lançam em sua direção. E o cavaleiro chora, abre o bocão. O que será
que fez tão bravo guerreiro se esgoelar?
Neste livro de
ilustrações incríveis de Renato Mariconi, chamado Bárbaro, uma história toda é
contada sem nenhuma palavra. Uma história de bravura, de aventuras, de muita
imaginação. E com um final surpreendente e divertido. Renato acertou mais uma
vez! Por
Aryane Cararo – Estadão/Estadinho.
11
– Bichos no lixo – Ferreira Gullar – Escrito e ilustrado
pelo poeta, crítico de arte, tradutor e ensaísta maranhense Ferreira Gullar,
Bicho do Lixo é um livro singular. Isso porque nasceu de seu amor não só pelas
palavras, mas pelas imagens. O processo de confecção já dá pistas da obra: com
restos de envelopes, convites, revistas, catálogos e outros impressos, o poeta
fez recortes e colagens. Da mistura de cores e formas, nasceram as imagens
desse curioso e inteligente livro. A intenção do autor é retratar um
determinado animal, real ou não, através da sua arte. E, para cada um, o autor
criou um ou mais versos. É um convite e tanto para a criatividade. Considerado
um dos nomes mais importantes da poesia brasileira, Gullar já ganhou álbuns prêmios
Jabuti e, em 2010, recebeu o Prêmio Camões pelo seu trabalho criativo. Por
revista Crescer.
12
– Cantiga – Blexbolex – Cantiga é uma narrativa experimental
formada por sete histórias. A primeira mostra uma criança voltando da escola.
Em cada página, um desenho feito com cores fluorescentes e apenas uma palavra.
Nas outras histórias, o menino repete o trajeto, mas novos elementos vão sendo
acrescentados. Um desconhecido, uma bruxa, um grupo de ladrões e outros
personagens transformam o caminho aparentemente rotineiro em uma aventura.
Blexbolex é o
pseudônimo de Bernard Grander, que começou a carreira como tipógrafo, depois de
se especializar em serigrafia. Seu traço, inspirado pelo estilo conhecido como
“linha clara”, popularizado por Hergé, já chamou a atenção de críticos
internacionais. Em 2008, ganhou o prêmio de Livro Mais Bonito do Mundo, na
feira de Leipzig, na Alemanha. A versão americana de Cantiga foi incluída na
lista de 10 livros infanto-juvenis mais bonitos de 2013 do The New York Times
Book Review. Por André Sollitto – UOL, site
Omelete.
13
– Caras animalescas – Ilan Brenman e Renato Moriconi
– Nas fábulas e histórias infantis, os bichos muitas vezes se comportam como
humanos. Eles andam, falam e se vestem como nós. Com os personagens deste livro
acontece exatamente o contrário. O Abelardo se acha a estrela da pista e é
cheio de sardas; parece mais um leopardo. E a dona Ninoca, sempre de bom humor,
adora uma brincadeira e não sai da água. Para completar, tem a maior cara de...
Quem adivinha?! Este é o terceiro livro da Trilogia do Retrato (o primeiro foi
Telefone sem fio e o segundo, Bocejo), um projeto feito a quatro mãos pelo Ilan
Brenman e o Renato Moriconi. Por Ilan Brenman.
14
– Da guerra dos mares e das areias – Pedro Veludo e Murilo Silva
– Em “Da Guerra dos Mares e das Areias”, Pedro Veludo conta uma fábula encantadora
sobre o mecanismo das marés nos primórdios da Terra. O eterno ir e vir das
ondas sobre as areias aparece como um conflito, uma batalha entre os
personagens. Mas o búzio rosado propõe uma conciliação entre os barulhentos
mares e as silenciosas areias. A pequena concha também sugere a Lua como
mediadora do acordo de paz, ficando responsável pela regulação das marés.
Murilo Silva, para ilustrar o poético texto de Veludo, embarcou nos movimentos
espirais dos búzios e criou “patterns” para os personagens. As linhas cores da
natureza, expressas nestas espirais que se multiplicam, criam uma deliciosa
sensação de movimento e tridimensionalidade. Da Guerra dos Mares e das Areias
foi especialmente criado para encantar os pequenos, mas os adultos sairão igualmente
maravilhados pela obra depois de leitura compartilhada. Por
Editora Quatro Cantos.
15
– Eloísa e os bichos – Jairo Buitrago e Rafael Yockteng
– “Eu não sou daqui. Chegamos numa tarde quando eu era bem pequena. Enquanto
papai procurava trabalho, eu ia para a escola e me sentia um bicho estranho (...)”
Assim começa a incrível Eloísa e os Bichos, textos do colombiano Jairo Buitrago
e ilustrações de Rafael Yockteng, peruano, mas que também mora na Colômbia,
celeiro de grandes artistas na literatura infantil. Por este trecho já dá para
notar que se trata de uma história dos desafios de estar em um novo lugar.
Eloísa é a protagonista e o que vemos desde a capa é ela e o pai na companhia
de insetos. Dezenas deles. Dos mais feiões mesmo. Eu, como tenho uma certa
fobia, fui tomada de cara pelo livro. E ela conta como se sente na nova vida
diante destes companheiros, o que faz do livro um exemplo definitivo do bom
casamento entre texto e imagem. Não há quem não tenha se sentido como Eloísa
alguma vez na vida e, sabemos, as crianças podem sentir-se assim todos os dias.
Afinal, quem está imune a novidades? E quem não quer ajuda para
superá-las? Fan Page Esconderijos do Tempo.
16
– Em cima daquela serra – Eucanaã Ferraz e Yara Kono
– “Por detrás daquele morro,/passa boi, passa boiada/ também passa moreninha/
de cabelo cacheado”, diz a parlenda tão conhecida pelas crianças, que lembra
bastante a história deste livro. Mas no morro criado por Eucanaã Ferraz e
ilustrado por Yara Kono, além de passar boi e passar boiada, muitos outros
bichos e outras coisas andam ali por cima: uma égua pintada, goiaba e goiabada,
carro e caminhão, balão colorido e avião... E às vezes até não passa nada! Por
Companhia das Letras.
17
– Jerônimo Totes e suas estranhas mascotes – MP Robertson
– Jerônimo Totes e suas estranhas mascotes, livro de M. P. Robertson, o mais novo
lançamento da Editora Biruta. Conhecemos Jerônimo, um menino comum. A não ser,
é claro, pelas estranhíssimas mascotes que ele tem em seu jardim. Alguém já
ouviu falar de Glube, o Babopótamo, uma lesma enorme que baba sem parar? De
Chiante, o pássaro gigante que é o bicho mais barulhento que já viu? E de Dragonento,
o rinocerossapo com dentes de sabre, que é muito, muito guloso?
Com certeza não. Mas
Jerônimo não só os conhece e cuida muito bem de todos, como ainda diz conhecer
alguém que baba mais que Glube, é mais barulhento que Chiante e mais guloso que
Dragonento.
Essa história que traz
misturas bem estranhas de animais, despertando a imaginação dos pequenos
leitores. De maneira bem-humorada e com ilustrações coloridas e inventivas, o
livro convida as crianças a criarem suas próprias mascotes. Por
Alice Aguiar, site Seguindo o Coelho Branco.
18
– Listas fabulosas – Eva Furnari – Vivo agora, um
momento histórico da minha própria vida. Acho que acabo de ler o Melhor Livro
da Eva Furnari. Mas será que isso é possível? Falo de Listas Fabulosas, lançado
pela Editora Moderna.
Primeiro eu ri, ri
muito, gargalhei de tudo. Depois, me emocionei. Porque é tão maravilhoso o que
ela consegue fazer, esta autora de mais de 30 anos de carreira, a criadora da
Bruxinha e de tantos outros personagens que nos viram a vida. Neste, ela
apresenta Grômio, um fanático por listas que funda o Clube das Listas. Ele
coloca o anúncio em um jornal e, claro, encontra outros sócios, que vêm com
suas listas mais do que incríveis. Exemplo: na lista de tarefinhas complicadas,
tem que “ir ao cinema com elefante” ou “passar na Lua antes de ir para a
escola”, na lista de nomes preferidos de duplas caipiras, tem “amulet e omelet”
e “palito e piloto”. E por aí vai, com ilustrações cheias de deliciosos
detalhes.
Só vendo para crer. E é
tudo junto: nonsense e poesia, sentido e criatividade, liberdade e forma,
conteúdo e maluquice. Melhor livro da Eva? Puxa, mas eu tenho uma lista deles.
E assim é Eva. Sempre uma nova escritora e ilustradora. Quando você acha que já
viu tudo dela, ela te manda uma “Listas Fabulosas...” Por Cristiane Rogerio, site
Esconderijos do Tempo.
19
– Menina amarrotada – Aline Abreu – A Menina Amarrotada
nasceu num dia cinza. Dos sentimentos brotaram as imagens e as palavras. Quem
conta é a escritora e ilustradora Aline Abreu, que deu vida à garota usando
papéis amassados, carvão e muita criatividade. É um livro delicado sobre afetos
e desafetos, encontros e desencontros.
Aline conta a história
de uma menina que morava do lado de lá, num lugar com atmosfera cinzenta, mas
alegre. Tinha coisas comuns, como chuva, sol e folhas que caem com o vento e
outras mais raras, como balanço pendurado na árvore. Um dia, o pai da menina,
tão acostumado a viajar, se vai. E se ele nunca mais voltar? Pergunta a garota.
Como resposta, ela ouve o vento sibilar: nunca, nunca... Então, a menina
amarrotada pela primeira vez tem de decifrar seus sentimentos. O que é isso que
ela sente? Tristeza, braveza, raiva? Cada vez que o vento surge, ela amarrota
um pouco mais. Até que tem uma ideia: engolir o vento antes de ele virar
pensamento.
No início, Aline brinca
com ilustrações em preto e branco e as nuances do cinza. Depois, quando a
menina amarrota, vem o marrom da folha de papel. Ao fim, extrai um amarelo para
aquecer o corpo e alma. “Para Menina Amarrotada, queria imagens bem táteis. O
papel amassado nasceu com essa personagem, e logo pensei também no carvão,
porque queria algum material que sujasse e desse a impressão de que o desenho
poderia até sair voando se batesse uma ventania muito forte”, diz Aline. Por
Bia Reis – Estadão.
20
– Minhocas comem amendoins – Élisa Géhin – Tradução de André
Telles. Parece brincadeira, mas no livro Minhocas Comem Amendoins a ilustradora
francesa Élisa Géhin introduz os leitores iniciantes em um assunto para lá de
complexo: a cadeia alimentar. Os textos são bem curtos e atrativos e o foco,
para o pequeno leitor, recai mesmo nos desenhos que contam a história de uma
minhoca responsável por atrapalhar o ritmo da natureza. Muito brava, ela
resolve comer um gato em vez de amendoim. É aí que tem início a confusão. Por
Veja.
21
– O incrível menino devorador de livros – Oliver Jeffers – Henrique é nosso querido devorador-degustador-comedor de livros. Começou sem
querer, mas o sabor era tão bom, que o que iniciou com uma simples página, em
pouco tempo eram livros e livros em seu estômago todos os dias. O engraçado da
história é que o ato de comer faz Henrique adquirir conhecimento e ele ganha
gosto por isso.
Comer é muito bom e
traz prazer, e para ele comer conhecimento também. A relação do paladar com o
prazer é o ponto de partida para fazer do pequeno menino um apaixonado pelos
livros. Mas bem sabemos que esta relação não é a mais saudável, nem celulose
nem excesso são palavras boas para o estômago. E Henrique aprende isso na
prática. Neste processo aprende que a relação dele com os livros pode ser
diferente. Devorar livros com a boca pode ser bom, mas com os olhos é muito
melhor (e não dá indigestão). O texto é divertido e trabalha com questões
importantes como gosto pelo conhecimento e o tanto que isso pode ser viciante.
Do mesmo modo que trabalha, como pano de fundo, com um problema bem atual:
hábitos alimentares.
E a ilustração? Ah, a
ilustração... Suspeita para dizer, adoro o trabalho de Oliver Jeffers. Ele cria
personagens simples em formas, porém bem expressivos. Faz da página um
território de exploração e descobertas para o leitor. São tantos pequenos
detalhes, cores, formas e texturas que escondem pequenos detalhes a apreender
do texto. A diagramação é sempre dinâmica e nunca previsível. O texto dança e
passeia pelas páginas. Ora nos quatro cantos da folha respeitando uma área
própria, ora interagindo e fazendo parte da ilustração. É preciso prestar
atenção e ser curioso, procurar não só os sentidos como o próprio texto. Por
Blog o Espanador.
22
– O lenço – Patrícia Auerbach – O livro-imagem “O
lenço” explora um tema muito presente no universo infantil: o “faz-de-conta” a
partir de objetos. Para dar asas à imaginação das crianças, qualquer coisa
serve. Nesse caso, um lenço retirado sorrateiramente de uma gaveta, transforma-se
em tudo o que uma menina quer.
Inicialmente, as
ilustrações retratam as sensações da criança em uma primeira aproximação ao
lenço. Interessa-lhe tocá-lo, cheirá-lo, envolver-se nele. Em seguida, uma
ideia – sugerida pela imagem da menina com o indicador levantado (como quem
pede a palavra) – anuncia que aquele objeto pode ser mais do que algo que evoca
sensações. A partir desse momento, o lenço torna-se também personagem/cenário
para todas as experiências imaginadas pela menina, até que um simples detalhe
no canto da página – um pé em movimento – evoca a presença de um terceiro
personagem. Esse adulto, até então ausente do jogo, é convidado a colocar-se do
outro lado do lenço/cortina e, assim como o leitor, passa a ser plateia nesse
delicioso espetáculo de “faz-de-conta”.
Por Denise
Guilherme – Leitura em Rede.
23
– Os invisíveis – Tino Freitas e Renato Moriconi
– Com muita sensibilidade, Tino Freitas e Renato Moriconi, tratam sobre um tema
bastante complexo na sociedade brasileira – a invisibilidade social. Contam a
história de um menino que enxergava pessoas que seus familiares não viam. Até
que o tempo passou.
Segundo Alexandra, em
Os Invisíveis “Escritor e ilustrador alcançaram perfeita harmonia entre texto e
imagem nesta história de um menino que tem o “super poder” de ver pessoas
invisíveis aos seus parentes. As inabilidades sociais sugeridas pelas palavras
e expressas nas ilustrações convidam o leitor a refletir sobre situações
similares vivenciadas em grandes cidades. Preto, branco, cinza e, especialmente,
laranja guiam nosso olhar atento enquanto acompanhamos o tempo, que faz com que
o menino se esqueça de que um dia foi especial”. Por
Blog Literatino.
24
– Os pássaros – Germano Zullo e Albertine – “Os Pássaros”
é, antes de qualquer coisa, uma sucessão de imagens lindas, carregadas de força
poética e lirismo. Ainda que, juntos, não contassem à história que contam cada
desenho de cada página já seria uma narrativa visual intensa, completa e
hipnotizante. É difícil deixar de olhar o livro e igualmente difícil é resistir
à tentação de arrancar suas páginas, enquadrá-las todas e colocá-las na parede.
Sou fascinada por
imagens bonitas. E penso que, para um bebê ou uma criança que ainda não lê, a
força artística de um livro é a ilustração, é nas ilustrações que eles travam o
primeiro contato com a arte, tanto a literatura, a narrativa em si, quanto às
artes visuais propriamente. A qualidade visual é, hoje, meu primeiro critério
para escolher uma obra e oferecê-la ao meu filho. E Albertine, a artista plástica
suíça que desenhou lindamente “Os Pássaros”, facilitou enormemente minha
escolha.
Além disso, o escritor
germano Zullo - igualmente suíço -, que
assina o poético texto da obra e que é responsável pela história que as imagens
de Albertine contam, desenvolveu uma narrativa singela, simples, mas carregada
de múltiplas nuances e diversos significados. É lírica, é forte, é profunda,
mas, ao mesmo tempo, é simples e acessível às crianças de qualquer idade. Tenho
a impressão de que “Os Pássaros”, por isso mesmo, é aquele tipo de livro que
pode ser lido e relido muitas vezes ao longo da vida, pois vai amadurecendo
junto com o leitor. A cada releitura, novas perspectivas e novos sentidos. Por
Blog Mãederna.
25
– Ralf & Demi: uma história de duas metades – Felipe Schuery e Clara
Gavilan – Em Ralf & Demi: uma história de duas metades,
Felipe Schuery constrói uma deliciosa interação entre o menino Ralf, que só é
capaz de fazer metade das coisas, e Demi, uma garota que só consegue fazer a
outra metade. O que pode acontecer se essas duas “caras-metades” encontrarem?
Será que juntos poderiam ficar completos? Afinal, somos mesmo todos assim,
ninguém é bom em tudo. E será que se fôssemos, a vida seria assim tão
interessante?E isso que os pequenos leitores poderão descobrir nessa deliciosa
e bem-humorada obra, delicadamente ilustrada com as lindas aquarelas de Clara
Gavilan. Ótima leitura para crianças em início de alfabetização e
pré-escolares, em leitura compartilhada com os adultos, que certamente também
vão se identificar e se apaixonar por essa simpática duplinha de almas
gêmeas. Por
Lilian Farias – Skoob.
26
– Se você quiser ver uma baleia – Julie Fogliano e Erin E. Stead
– “Se você quiser ver uma baleia vai precisar manter os olhos no mar e esperar...
esperar... esperar...” É isso que faz o garotinho retratado no livro da
escritora norte-americana Julie Fogliano. Ele espera, pacientemente, a baleia
chegar. Não há rosas, pelicanos ou piratas que tirem seus olhos da mira do
horizonte.
As delicadas
ilustrações de Erin E. Stead deixam a leitura ainda mais especial e
apaixonante. A primeira obra de Julie Fogliano, And then it’s spring (Então, é
primavera), tornou-se Best-seller pelo The New York Times e ganhou o prêmio
Livro de Honra do Boston Globe-Horn Book.
Por Ne 10.Uol.
27
– Tem lugar para todos – Massimo Caccia – Moscas, abelhas,
mariposas, sapos, todos enfileirados atrás de um tatu, de um coala, de um
tucano... Todos em ordem, muito comportados, seguindo uns aos outros. Mas para
onde vão? Uma das histórias mais famosas do mundo – a da Arca de Noé – agora
recontada por meio de ilustrações modernas, que, com um traço simples e claro,
criam uma narrativa capaz de despertar a curiosidade e a imaginação do
leitor. Por Livraria Cultura.
28
– Ter um patinho é útil – Isol – Um menino encontra
um patinho e o agarra. Balança-se nele, coloca-o no nariz, usa como chapéu,
como apito, como cachimbo e até como cotonete para enxugar as orelhas depois do
banho... Quando se pensa ter chegado ao final da leitura, ao virar a última
página, vem a gostosa surpresa: um outro livro – ou o mesmo livro, sob outra
perspectiva. Em Ter um menino é útil, Isol nos apresenta – literalmente – o
outro lado da história. A partir de um jogo visual simples e muito divertido, a
autora utiliza as mesmas ilustrações para mostrar que qualquer situação pode
ter diferentes pontos de vista.
Tanto o texto quanto as imagens são da escritora
e ilustradora argentina Marisol Misenta, que assina como Isol. Já são mais de
dez títulos infanto-juvenis criados por ela. Em 2013, recebeu o prêmio sueco
Astrid Lindgren pela qualidade do seu trabalho. Por Livraria da Folha.
29
– Vagalumice – Laurent Cardon – Parte da coleção Que
Bicho sou eu? Composta pelos livros Aranha por um fio e o Sapo a passo,
Vagalumice é o mais recente livro do francês Laurent Cardon.
A obra conta a história
de um filhote vaga-lume que vai pela primeira vez à escola. Lá ele terá que
aprender a se comunicar corretamente com a sua espécie, por meio de sua luz
pisca-pisca. No entanto, alguma coisa sai errada para o pequeno vaga-lume – sua
luz brilha muito mais do que a dos seus companheiros de classe. Com a ajuda de
sua amiga e do médico vaga-lume, ele soluciona o seu problema de maneira bem
diferente.
Utilizando-se somente
de imagens, Laurent permite ao leitor imaginar uma infinidade de possíveis
histórias e diálogos para essa turma de vaga-lumes.
O livro – O sonho do
vagaluminho era brilhar. Porém, primeiro ele precisava crescer para poder ter a
sua própria luz. Quando finalmente chega o momento, algo explosivo acontece.
Como será que o vaga-lume vai lidar com essa mudança? O terceiro livro da série
“Que Bicho sou eu?” Apresenta as metamorfoses vividas por dois vaga-lumes: um
que brilhava de menos e outro que brilhava de mais. Acompanhe essas
transformações da vida dos animais de pertinho, nesse adorável livro-imagem de
Laurent Cardon. Por Laurent Cardon.
30
–
Veludo – história de um ladrão – Silvana
D’Angelo e Antonio Mariconi – Veludo é o seu nome, entre os ladrões, é
bastante famoso. Ele invade as moradias com um toque suave, desliza como uma
onda na areia, e as casas o recebem de maneira aberta, generosa, amiga. Com seu
olfato capaz de captar histórias presentes e passadas, não busca jóias nem dinheiro,
mas outra riqueza. C uma atmosfera de suspense e ao mesmo tempo poética. Veludo
– História de um Ladrão marcou a estreia da autora italiana Silvana D’Angelo no
mercado infantojuvenil, em 2007. As ilustrações, que fazem referência a
diversas obras de arte, são do arquiteto italiano especializado em design de
interiores Antônio Marinoni. Uma narrativa elaborada, apoiada em um personagem
bem construído e marcante, Por revista Crescer.
E o site da Juju Descobrindo Outro Mundo, já o acessou? Se eu fosse você iria conferir imediatamente. Acesse: www.admiraveljuju.com.br
Imagens: Google