sábado, 2 de julho de 2016

Livro, um passaporte universal


Muito tem se falado e avaliado sobre o índice de leitores no Brasil. Mesmo os indicadores apontar acentuado crescimento para o mercado do livro, o número de leitores com razoável interesse pela leitura não são nada animadores.  

Outro dia lendo um artigo/opinião – revista Meio & Mensagem, 15 de junho – sobre os resultados advindos da má informação e de que forma você pode conduzir com eficácia o seu raciocínio como mente de criação. Constatou-se que somente as pessoas que leem com frequência conseguem produzir conteúdos curiosos e interessantes. Deixando evidente que o hábito pela leitura é tão necessário quanto você se preocupar com o seu crescimento profissional ou concorrer para preencher uma vaga no mercado de trabalho.

É de entristecer saber que, não somente, os jovens não têm a leitura como hábito, mas também, os professores, que deveriam ser os responsáveis pelo incentivo e, sobretudo, ardorosos motivadores para tornar os seus discípulos interessados leitores, o resultado não é diferente.  Ressalta o autor do artigo que, segundo a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, 44% dos brasileiros não leem; 30% nunca compraram um livro, 63% declaram não terem sido incentivados a ler. Conclui sua avaliação com a lamentável constatação de que, metade dos professores entrevistados, dizer não ter lido livro nenhum recentemente, apenas 84% consideram-se leitores.

É sabido que através da leitura o universo se abre, a mente se expande, transcende. Você convive com várias culturas e situações sobre as quais jamais imaginou; cresce como ser humano mais consciente e exclusivo. Além, é claro, de descobrir o quanto é fascinante poder viajar no tempo, e se encantar com a magia envolvente que o livro proporciona.

O livro também tem demonstrado ao longo da sua existência ser um bom companheiro. Mesmo nas situações mais adversas de extrema violência contra o ser humano, o ecossistema e a própria humanidade, ele apresenta soluções esclarecedoras como evita-la, ainda que, muitas vezes por meio de exemplos sutis. Todavia para o bom leitor, são suficientes para entender o magnetismo da sua bússola do conhecimento, no sentido de traduzir com segurança os pontos cardeais na sua travessia em direção às brilhantes conquistas pessoais.

Entretanto, quando você se depara com uma crônica, como esta que irá ler logo abaixo, "Livro: O Melhor Presente de Mim para Mim!" da jornalista Rebeca Bedone, colunista sobre cultura na Revista Bula. Você perceberá o efeito positivo que o livro nos propicia. E, a importância da leitura como passaporte do saber e, fluorescente luz que transmite vida nova e bem estar no consciente do leitor.



Livros: O Melhor Presente de Mim para Mim!
Por: Rebeca Bedone



Outro dia, uma pessoa me disse que adora ler, mas que não tem mais tempo para isso. Lembrei-me do período da minha vida que foi um hiato literário. Sim, infelizmente houve um tempo em que abandonei o mundo imaginário da leitura para me concentrar em outras atividades e estudos.

A verdade é que eu tinha tempo para a literatura, só estava afastada dela por falta de interesse ou organização. Porque a nossa vida é feita de escolhas e prioridades. Você pode escolher passar uma hora na frente da televisão ou gastar parte do seu dia olhando a vida social e as fofocas em seu celular. Mas também pode escolher usar esse tempo para ler ou fazer uma caminhada ao ar livre.
A gente pisca os olhos e se assusta com o tempo que passou tão rápido. Aí eu lhe pergunto: o que você fez até agora por você mesmo? Quanto tempo se dedicou à sua saúde? Quantos livros você já leu? E quantos minutos, horas e dias ficou procrastinando na internet?
O objetivo da leitura não é parecer intelectual. Leia para ser uma pessoa melhor, para pensar com seus próprios argumentos. Leia para preencher seus dias vazios com poesia ou ficção. Leia para aumentar o seu vocabulário e para escrever melhor. Leia para perceber que você não está sozinho no mundo. Leia para tentar entender o que não faz sentido.
A vida é uma página em branco para ser preenchida. É a tela que você mesmo irá pintar. E nesse caminho, algumas perguntas sem respostas costumam atrapalhar o seu percurso, pois elas permanecem lá, no fundo da alma, acompanhando você, dia a dia: Por que um pai tem que segurar a mão do filho doente em seu leito de morte? Por que mães vão-se embora? Por que idosos são abandonados por seus filhos? Por que animais são mal tratados pelo homem? Por que o homem maltrata a si mesmo? Por que é difícil retomar algumas amizades? Por que não conseguimos dizer o que sentimos?
Depois que voltei para o mundo dos livros, salvei-me de dores e medos. Os livros me ajudaram — e continuam ajudando — a preencher vazios e encontrar respostas. A leitura dá vida à minha imaginação. Manoel de Barros disse que não precisamos do fim para chegar. Sim, não preciso saber tudo para entender! Ler floresce a minha inspiração, pois a importância das coisas está no encantamento que elas produzem em nós. É como escutar a cor dos passarinhos.
No livro “Sentimento do Mundo”, Carlos Drummond de Andrade desabafa as nossas dores. Ele revela todos os nossos medos e nos traz à consciência de que fracassamos. A gente procura fazer as coisas de forma correta, mas nem sempre temos sucesso. Sentimos vergonha e culpa. Ao mesmo tempo, somos meninos que choram na noite escura e os ombros cansados que suportam o mundo.
Mario Quintana escreveu diante da janela aberta, sempre em busca de novas descobertas. Foi colorindo suas horas quotidianas que ele nos mostrou qual é a cor do tempo e tornou bela a sua tristeza.
Eduardo Galeano conta história de uma menina que leu um livro. Depois de crescida, ela continuou ouvindo os ecos daquelas vozes distantes que tinha escutado, com seus olhos, na infância. “O livro cresceu tanto dentro dela que agora é outro, agora é dela.”
Os livros nos transformam. Eles mostram que o sentido das coisas está dentro da gente, e que não estamos sós nessa jornada chamada vida. Até nos labirintos mais lúgubres e sombrios há lirismo. É como no coração seco que brota esperança. A sua estrada adquire novos rumos e, aos poucos, é possível esvaziar gavetas de medos e abrir baús de segredos. Assim, você seguirá sorrindo para descobrir a aquarela da sua própria poesia.


Imagens: internet