domingo, 11 de julho de 2010

O fascínio da jade









Quando falamos sobre a pedra jade, logo vem à mente o seu poder de sedução. Depois sua história nos remete há milhares de anos, ao princípio da humanidade, talvez. Portanto, tudo que envolve sua presença deixa os curiosos historiadores e antropólogos fascinados pela sua soberania entre as pedras para os povos orientais, mais intimamente, os chineses. Neste olhar, iremos ver que esta nossa andarilha mística, a partir do momento em que resolveu mostrar os seus encantos para os mortais, muitas histórias e lendas a acompanham.

Orgulhosa e poderosa sobrevive os domínios do tempo sem ser facetaria, embora em algumas circunstâncias pela sua associação com alguns minerais, como o ferro e o cromo, possa mudar o tom de sua cor. Contudo, a forma que mais chama a atenção e se tornou popular, é o verde esmeralda leitoso. 


Evidentemente que sua trajetória pelo mundo, levou consigo toda a resplandecência da sua magia mística. Nem poderia ser diferente. Tantas histórias e mistérios envolvem o seu poder de conquistas, lutas, glórias e tristezas. Nesse seu caminhar pelo universo das ilusões e sua gloriosa aventura no cenário contemplativo, presente no imaginário daqueles que a cultuam, continua mostrando o seu valor de admiração.

Recentemente o mundo maravilhou-se e aplaudiu os Jogos Olímpicos de Beijing em 2008, que aconteceu na China, onde a pedra jade deslumbrou de felicidade no peito e no coração de valorosos atletas, estampando orgulhosos seus feitos de notáveis competidores e preparados vencedores. Foi usada pelos chineses como expressão de amizade com todas as nações, através do selo chinês “Beijing Dançante” e das Medalhas Olímpicas, feitos com o jade Hontan da província de Qinghai.

Tudo começou no outro lado do mundo, na China. Onde é conhecida como “yu” ou como “pedra flecha”, devido sua extraordinária resistência. Estudiosos descobriram que, por volta do ano 3 mil a.C. a pedra jade já era usada em instrumentos de rituais. E no período Neolítico, era utilizada na fabricação de machados, faca e armas de caça. Vários objetos com essas características foram encontrados junto a corpos de supostos guerreiros com a finalidade de protegê-los dos maus espíritos durante o caminho para a eternidade.

Provocante e sedutora que sempre foi, consta por meio de dados históricos lendários, que o bisavô do Imperador Qin Shihuang, trocou 15 cidades por um pequeno pedaço de jade, por acreditar no seu valor místico. O Imperador Qin é o mesmo que no século III a.C., foi o responsável pela unificação da China e também teria sido o soberano que deu início à construção da Muralha da China, uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo.

O influente sábio chinês Confúcio, achava que um homem honrado ou erudito precisava levar consigo uma pedra de jade como demonstração de fidelidade e respeito, além, de comparar sua pureza com a fé firme, paz e inteligência. Chegou a dizer que a jade servia como uma manifestação da integridade da mente e da alma.

Pela sua beleza e capacidade de se transformar em símbolos históricos nas mãos dos artesãos escultores, chegou a ser arrogante, ao se autoproclamar como irresistível. Está aí o motivo mais marcante na sua conquista do povo chinês. 


Embelezava o sentimento humano, ao traduzir que a felicidade é um momento de grande prazer pessoal. Ativa os sentidos da emoção e da alegria, fazendo a imaginação atravessar veredas floridas, em busca da satisfação plena. De posse destes conceitos e sabedoria, foi capaz de enfeitiçar o olhar da cobiça dos mortais, fazendo com que se sentissem extasiados, quando descobriram o seu valor sentimental empírico. 

A fascinação pelos seus poderes imaginários e de sua estrutura ser mais resistente que o aço e mais dura que o vidro, fez com que acreditassem que era símbolo de felicidade, poder e riqueza; era a essência do céu e da terra; e uma forma de se comunicar com os deuses.

Baseado nestas convicções acreditava-se que seu poder estava ligado à imortalidade. Indícios desta crença tornaram-se evidentes a partir de descobertas onde constataram que era comum colocar um amuleto de jade na boca, no rosto ou no peito dos mortos com o objetivo de evitar a decomposição. 


Além, de possuir forte relação com o lamento, atraindo forças que abriam caminhos para as vidas passadas, especialmente às vividas no oriente. Seu poder extrapolava o científico na visão dos antepassados, podendo inclusive, gerar o amor de divindades, por ela estar relacionada com as principais virtudes: coragem, justiça, misericórdia, modéstia e sabedoria.

Como existiu a mitologia grega, egípcia e romana a China também tinha sua mitologia, tendo o Imperador de Jade, como um dos deuses mais poderosos do panteão da religião tradicional chinesa. Diz-se que ele é o próprio príncipe real do reino da Pura Felicidade e das Majestosas Luzes e Ornamentos Celestes. Elemento principal de várias fábulas populares no oriente.

Conta uma lenda que o Imperador de jade tinha uma filha chamada Chih’nü. Todos os dias ela descia a terra com a ajuda de um robe mágico para se banhar. Certo dia enquanto se banhava num lago, um vaqueiro solitário chamado Niu Lang, quando a viu apaixonou-se imediatamente, foi instantâneo. 


Instintivamente roubou o seu robe mágico que se encontrava sobre uma pedra. Sem os seus poderes, tornou-se refém do jovem apaixonado que a levou para sua casa. Quando o Imperador de Jade descobriu o ocorrido ficou furioso, porém, incapaz de interceder. Mesmo com todo o poder disponível, teve que admitir e ceder, acontece que sua filha na convivência com o jovem vaqueiro, também se apaixonara por ele. 

Um dia ao acaso Chih’nü, encontra a caixa contendo o robe que o seu então marido havia escondido. De posse novamente dos poderes, resolve ir visitar o pai para amenizar a situação e matar a saudade. Quando decidiu retornar para junto do marido, seu pai o Imperador de Jade, para castigá-la cria um rio que passaria pelos céus, que conhecemos como Via Láctea. 

Com esta atitude do pai, não conseguiu retornar para o seu marido Niu Lang. Então o Imperador de Jade, com pena pelo sofrimento dos jovens amantes, resolveu que, uma vez por ano, no sétimo mês do calendário lunar, ele permitiria que eles se encontrassem numa ponte sobre o rio.

Assim ficou estabelecido: O sétimo dia do Sétimo mês do calendário lunar é um feriado na China chamado Qi Xi, que é o dia para os jovens amantes, dia dos namorados nos países ocidentais. No Japão, é chamado Tanabata (Dia da Estrela) e na Coréia é chamado Chilseok. Se chover no dia, é dito que Chih’nü está chorando por se reunir com seu marido.

Já em outra situação, a mais famosa escultura asteca é sem dúvida a Pedra do Sol, também conhecida como Calendário de Pedra Asteca. Mede 3,7m de diâmetro, tem no centro a imagem do deus sol, mostrando os dias da semana asteca e suas versões da história do mundo, mitos e profecias. 


Contudo, é provável que O Homem de Jade, seja uma das mais misteriosas relíquias desse povo indígena que habitou o México e foi dominado por Hernán Cortés, com a ajuda de seus milhares de soldados, arma de fogo, cavalos e outras tribos inimigas dos astecas, que se uniram em favor do espanhol, contra Montezuma em 1521. Os astecas eram artesãos hábeis, tingiam algodão, faziam cerâmicas e ornamentos de ouro e prata e esculpiam muitas jóias finas em jade.

A história da preciosa andarilha jade, continua fascinando o mundo. Chegou há quinze anos ao sertão goiano, às margens do rio Vermelho, no antigo Arraial de Sant’Anna, atual Cidade de Goiás, majestoso lugar onde se encontra a preciosa Jade goiana. Garota sonhadora que encanta pela sua beleza e a sonoridade do seu Sax, que um dia há de brilhar feita a lendária pedra que originou seu nome. Doando seu talento e profissionalismo como designo de moda ou psicóloga, principal motivo de alegria da família de condecorados militares.

Curiosamente, esta preciosa joia humana, veio ajudar a ilustrar as terras que um dia Bartolomeu Bueno da Silva, esteve no ano de 1682 e ficou conhecido como O Anhanguera ou Diabo Velho, pelos indígenas goya ou goiazes, que habitavam a região. 


E com a sagacidade de um experiente homem de muitas andanças, conseguiu enganar esses silvícolas, através da proeza de colocar fogo numa tigela contendo aguardente, simulando ser água. Com esta atitude inegavelmente admirável e desconhecida por aqueles habitantes primitivos, ameaçou lançar fogo em todos os rios e nascentes. Esta sua astúcia, não só possibilitou descobrir de onde retiravam o ouro que ornavam as mulheres da aldeia, com também, o respeito e o temor, pelo feito inusitado. Anhanguera foi um importante Bandeirante que desbravou o Centro-Oeste brasileiro durante o período colonial.


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