Brasil é um recanto
de belezas naturais fascinantes. Capazes de provocar a cobiça e interesses de
outros povos e até mesmo do próprio brasileiro pelo seu patrimônio de recursos
naturais de inestimáveis valores. Nossas riquezas nativas vêm ganhando espaço
nos principais fóruns de discussões sobre as mudanças climáticas realizados nos
últimos anos, desde o ambicioso Protocolo de Quioto no Japão em 1997. Reflexo
da ECO-92 realizada no Rio de Janeiro.
Este mesmo tema foi
destaque na irrelevante reunião de Davos na Suíça, envolvendo a participação
dos principais países economicamente superiores, onde abriu-se espaço nos
debates sobre as questões climáticas com destaque para os temas ambientais e,
recentemente em Copenhague na Dinamarca outra tentativa ilusionista foi
analisada sem grandes resultados efetivos.
O certo é que o
planeta pede socorro. Pede clemência, em particular a nação brasileira,
preocupada com a defesa de suas preciosas reservas contra atitudes imbecis,
praticadas em grande parte por interesses de posse. Sendo que, na maioria das
vezes, de maneira escusa. O lamentável desta história, é que, esses visíveis
interesses praticados de forma gritante e covarde, já comprovados são
instaurados pela negligência irracional de uma parte da sociedade gananciosa e
hipócrita em detrimento de fatores meramente financeiros.
Sem o menor pudor,
envolvem pessoas das mais variadas atividades sócio-econômicas, tendo o
agronegócio com suas queimadas despropositadas e criminosas, um fator que exige
punições graves. Eliminam de forma impiedosa e acelerada a fauna e a flora
de forma incompreensiva. Animais de todas as espécies agonizam e morrem sem
nenhum sentimento da parte dos autores; a indústria madeireira derruba de
maneira absurda árvores centenárias, causando um efeito de devastação capaz de
pasmar até o mais otimista pesquisador em assuntos ambientais.
Em determinadas
regiões chegam ao descabido de em apenas um ano promoverem a destruição de
áreas superiores a de alguns países europeus e asiáticos. E a exploração do
solo e dos recursos hídricos segue na mesma toada. São os herdeiros da
destruição e do efeito ambição pelas nossas riquezas minerais, utilizando suas
dragas e outros instrumentos nocivos contribuindo de forma decisiva, com a destruição
irreversível de rios, riachos e córregos.
Este caos já há
tempo instalado e ironicamente praticado principalmente pelas elites, os
maiores responsáveis pela degradação ambiental e o efeito estufa. Contudo, este
olhar de desejo tem sido fonte de estímulos nas campanhas feitas pelos vaidosos
governantes da nossa Pátria Amada no sentido de atrair a atenção de
investidores internacionais, com os slogans de “O País do futuro”, “O País das
oportunidades”.
No entanto, pouco
se tem feito para impedir o câncer da calcificação e mudança gradativa do nosso
solo fértil, para o caos desértico que se aproxima de forma vertiginosa. Em
contrapartida, também pouco se tem feito de maneira visível e realista, ações
inovadoras que contribuíssem de fato, para a preservação do nosso bem mais
precioso e invejado por todos os povos que já viram suas reservas destruídas,
restando apenas uma ou duas fotos no álbum de recordações.
Na velocidade em que
o problema se avança, nossos netos ou bisnetos, provavelmente não verão este
patrimônio vivo de florestas nativas, e o cerrado com sua biodiversidade
exuberante, além é claro, de outros recantos e manancial igualmente importante,
simplesmente porque deixarão de existir. De quem é a culpa? Lógico que o
culpado não quer e não vai aparecer. É inegável que uma minoria abastada e insaciável,
de forma declara não assume a responsabilidade. Vários satélites ao redor da
terra têm fotografado e registrado as áreas mais afetadas, nem assim se
preocupam.
Também é esse contingente
de dissimulados imperialistas do agronegócio os principais contribuintes com os
deploráveis exemplos já constatados, como sendo os vilões que já dilapidaram
suas riquezas naturais, e, hoje uivam como leões, tentando convencer que estão
preocupados com o futuro da humanidade.
Como se fosse o
último suspiro, esses supostos defensores das reservas naturais, utilizam a
tribuna e a mídia, para se passarem por verdadeiros paladinos e, de forma
arrogante e hipócrita, apontam em direção da floresta amazônica, como sendo o
único elo entre a sobrevivência saudável e a perpetuação das espécies.
Várias tentativas
políticas de preservação do ecossistema realizadas nos últimos cinquenta anos
não obtiveram o êxito esperando, despencaram-se todas as tentativa, ainda na
sua implantação, pela ausência do respeito e da moral. Até mesmo, por não
conter no cerne da proposta, critérios de envolvimento sistemático da própria
população, que de braços cruzados assistem o circo pegar fogo, ou seria, a
vegetação nativa condenada ao fogo inferno?
Resultado: As
frustradas tentativas vieram a falecer ainda na infância simplesmente porque
não viriam privilegiar interesses pessoais de alguns políticos travestidos de
bons cidadãos e empresários ambiciosos em busca de resultados imediatos.
A natureza tem provado que tanto é
bondosa, quanto é perversa. Detesta ser desafiada e vem mostrando sua fúria de
advertências. Mesmo assim, parece que o que ela tem ocasionado com os exemplos
de terremotos, tsunamis, enchentes, falta de abastecimento de água e alimentos,
não passa de um simples fenômeno da natureza. A verdade é inquestionável, aqueles
que realmente poderiam agir criando leis práticas, eficientes e gerir ações de
preservação, ofuscam suas atitudes em benefício corporativistas.
Não faz muito
tempo, um exemplo de persistência e amor à vida, foi divulgado inicialmente
através de uma publicação gaúcha, depois ganhou o mundo por intermédio da
internet. Trata-se do ipê-amarelo que desafiou a impiedosa motosserra, ou quem
sabe o próprio machado, sabe-se la, para ser transformado num poste de
sustentação da rede elétrica na cidade de Porto Velho-RO.
Como foi incrível
sua manifestação e exemplo de soberania e humildade! Mesmo sendo vilipendiado,
arrastado, escalpelado, desnudado de sua casca e de sua nobreza, ainda assim,
além de colaborar com o benefício da iluminação pública conseguiu fazer
acontecer o que parecia impossível. Criou raízes no chão bruto no qual fora
plantado para atender as necessidades da comunidade, reviveu e floriu
magnificamente diante do espanto e admiração de todos.
Eis a pergunta:
Como poderia um pedaço de pau, ressuscitar da serraria e ainda responder aos
seus verdugos e algozes com o sorriso de vitória demonstrado por meio de suas
flores amarelas como o ouro? Como pode suportar a atrocidade recebida com
tamanha nobreza, deixando pasmos aqueles que o sacrificou? A verdade é que isto
aconteceu e foi registrado pelas imagens do fotógrafo Leandro Barcelos, cidadão
gaúcho, atualmente morador da região. Este é só um exemplo dentre tantos
mostrados diariamente nos rincões a fora, mas que nem todos veem.
A questão sobre o
desmatamento criminoso e o tráfego de espécies nativas acontece deste o
descobrimento pelos portugueses. E o pau-brasil na época, não foi o único a
passar por este interesse e exemplo amplamente divulgado. Várias outras plantas
sentiram esse dramático casuísmo, utilizadas para fins medicinais ou mesmo ornamentais
foram roubadas e disponibilizadas em negócios rentáveis pelos descobridores.
O ipê não fossem
suas próprias características de habitat, preferindo áreas descampadas e mais
expostas ao sol. Teria sido alvo fácil pela sua beleza notável e resistência da
sua madeira, muito apreciada e empregada nas estruturas dos telhados das
igrejas e mansões coloniais nos séculos XVII e XVIII.
Sua beleza também justifica o fascínio que causa entre as demais árvores. É inegável que se trata de uma planta privilegiada e abençoada pelo Criador. Fatos curiosos envolvem sua existência. Quando se aproxima o final do inverno, enquanto suas folhas começam a cair já se inicia sua florada, atraindo abelhas e beija-flores, importantes responsáveis pela polinização. E, quando está concluindo o seu ciclo floral, outra esplêndida maravilha se estampa na sua copada para a alegria dos seus admiradores.
Assim que começa o
nascimento de suas folhas, pelo seu matiz esbranquiçado bem próximo do
prateado, causa outro verdadeiro deslumbre de encanto de beleza, provando mais
uma vez ser a planta dos sonhos e das inspirações. Não é à toa que o seu
encanto e importância à flora brasileira também ganhou reconhecimento dos
legisladores através da Lei Federal nº 6.607 de 07/12/1978, considerando-o como
Flor Nacional Símbolo do Brasil e o pau-brasil declarado Árvore Nacional.
Na década de 60, uma das espécies do ipê-roxo foi seriamente ameaçada pelo comentário infeliz e irresponsável de um cientista ao afirmar que a ingestão do chá extraído da sua casca, ser um excelente remédio contra o câncer. Parece pura ironia, mas os ipês continuam desafiando seus inimigos oferecendo em troca sua sombra e a beleza de suas flores, mesmo sendo apenas entre os meses de agosto e setembro, sem mágoas presenteiam a humanidade com suas fantásticas cores nos tons de amarelo, rosa, lilás/roxo e branco.
Na década de 60, uma das espécies do ipê-roxo foi seriamente ameaçada pelo comentário infeliz e irresponsável de um cientista ao afirmar que a ingestão do chá extraído da sua casca, ser um excelente remédio contra o câncer. Parece pura ironia, mas os ipês continuam desafiando seus inimigos oferecendo em troca sua sombra e a beleza de suas flores, mesmo sendo apenas entre os meses de agosto e setembro, sem mágoas presenteiam a humanidade com suas fantásticas cores nos tons de amarelo, rosa, lilás/roxo e branco.
Diz uma lenda sobre os ipês que o vento depois de viajar dias e noites avistou uma simpática árvore que se chamava ipê. Suas belas flores exibiam um amarelo intenso que mais pareciam flocos de ouro brilhando no horizonte. Com o seu exuberante fascínio reinava solene numa área de inesgotável beleza, onde outras espécies de cores diferentes também esnobavam beleza.
Encantado
com tamanha maravilha resolveu parar e contemplar aquele presente da natureza.
De repente a chuva que também passava por ali achou que seria interessante dar
sua contribuição e suavemente banhou suas flores tornando-as mais alegres. O
sol por sua vez, presenciando aquele ato espontâneo, achou que também deveria
fazer à sua parte e com os seus raios reflexos da vida, completou aquele
cenário deslumbrante. A combinação das pequenas gotículas de água que permaneciam
sobre as pétalas das flores com os efeitos dos seus raios e o balanço suave dos
galhos embalados pelo vento, criou-se uma cintilante visão que resplandecia na
copa da bela árvore.
Então os
três amigos: vento, chuva e sol sentaram-se nas proximidades daquele resplendor
e não deixaram de exaltar aquele acontecimento único e maravilhoso. Conversando
concluíram que havia regiões onde o ambiente era de pura solidão e abandono e
que, deveriam fazer algo para alegrar esses lugares carentes de felicidade.
Entenderam que
mesmo com todo o poder que possuíam precisariam de ajuda para levar as
sementinhas dos ipês em cores diferentes até onde deveriam embelezar. Uma
abelha ouvindo a conversa dos amigos, percebendo o quanto seria difícil para
eles realizarem os seus desejos, se prontificou em ajudá-los, para isto,
convidou outras companheiras da espécie e juntas transportariam os pequenos
grãos do pólen que iriam dar vida aqueles lugares esquecidos na tristeza a que
submetiam.
Enquanto as
bondosas e atenciosas abelhinhas operárias faziam o trajeto o vento soprava de
mansinho ajudando-as a não se cansarem. A chuva prestativa as acompanhava para
regar a nova esperança de vida que viria nascer e o sol cuidadoso iluminava o
caminho para que não se perdessem.
Depois de
alguns anos, os amigos novamente juntos, mais as abelhinhas se reuniram para
verificar o resultado das suas iniciativas. Ao chegarem às regiões escolhidas
encontraram orgulhosos todos os ipês floridos cada um com sua beleza própria
nas cores, amarelo, branco, roxo/lilás e rosa. Como se não bastasse, para
completar aquela maravilhosa imagem, uma grande quantidade de pássaros canoros
de diferentes espécies entoava belíssimas canções compondo aquela cena de esplêndida
alegria e bem-estar. E assim a natureza num ato de amor e união levou a beleza
do ipê a outros recantos onde precisavam de cor e brilho.
A
preservação ambiental e o bem-estar da humanidade dependem de ações conscientes
de cada habitante global.
A artista
plástica e poetisa Neli Vieira, presta sua homenagem à vida, através do exemplo
Ipê-amarelo da cidade
de Porto Velho-RO.
Milagre da vida
O ipê amarelo
Agoniza na serra
elétrica
Depois... Enterram-no
Feito poste de uma
rua
Vestem-no de fios
E transformadores
Não há anjos
Nem pássaros que o
salve
Porém a terra
Mãe sábia
Alimenta seu filho
mutilado
Com a seiva de seu
santo seio
E no milagre da
vida
A Fênix renasce no
coração da árvore
Agora...
Não é só um poste
da rua
É uma obra de arte
Que resplandece em
flores lindas
Volta a ser a
inspiração
Dos poetas que
creem na vida
E passeiam desnudos
sobre
As flores do chão
Poetas que renascem
entre
Mentiras e verdades
cruas
Quando o olhar
alcança o céu
E a alma tenta
beijar a lua.
Nota: Esta crônica Insólito Ipê-amarelo já esteve
disponível aqui mesmo no Bússola Literária, desde 31 de janeiro de 2010. Agora
resolvemos dar uma repaginada e, revivê-la com várias modificações no seu texto
original. Quem sabe também, seja o momento ideal para servir como objeto de
discussão num fórum de debates, abrangendo não só o seu conteúdo sob forma de
pesquisa, mas literário e ortográfico.
A propósito, você já acessou a fan page do meu livro infantil Juju Descobrindo Outro Mundo? Não imagina o que está perdendo. Acesse: www.fecebook.com/jujudescobrindooutromundo.
E o site da Juju Descobrindo Outro Mundo, já o acessou? Se eu fosse você iria conferir imediatamente. Acesse: www.admiraveljuju.com.br
Imagens: Internet.
Foto do poste ipê: Leandro Barcelos